quinta-feira, 8 de outubro de 2009

rosebud



ontem, "cat on a hot tin roof", hoje, "citizen kane".

hoje foi dia de tarde curiosa, de tratar burocracia jurídica. acabei por, na espera, ficar que tempos à conversa com a minha advogada, que, diga-se, é um doce de cachopa. melhor, é amiga de confidências, ela junta o aconselhamento jurídico ao apoio pessoal. melhor ainda, permite reciprocidade, adoro pessoas que sabem dar e receber.

nas conversas com ela calha quase sempre, algures, falar do meu puto e dos 3 catraios dela.

estávamos a falar do que os garotos precisam dos pais, acabei a repetir noutros termos o que deixei no post de ontem, que eles não se importam com roupas de marca, com tralhas vistosas, com festas de amigos, mais do que momentos.

quem tem filhos (tem, aqui, é no sentido rico, não apenas biológico da palavra) sabe que o que eles mais apreciam, o que mais os estrutura, o que mais os alegra, é sentir dedicação dos crescidos, que estão presentes, partilhar a infindável disponibilidade deles com a nossa. não é um direito nosso, é um dever enorme e um prazer maior ainda. em complemento à estrutura, asas para voar, ou seja, mostrar-lhes múltiplos horizontes para que escolham os seus, e sejam capazes de os alcançar, estruturados.

no inverso, o que mais os desequilibra é viver rodeados de discussões, medos infligidos ou inseguranças desnecessárias. ou que lhes impinjam desejos pessoais, de outras pessoas.

acontece que o que recebem em criança fica para sempre. na minha opinião, mais indelével que heranças genéticas (por mais que adoptem a mesma posição que nós, ao dormir, ou outras delícias que tais). claro que podem perder-se (imperdoável, mas acontece), corromper-se como acontece no filme, mas o que o filme também afirma é que nunca se perdem por inteiro, que fica sempre uma alegria de criança, algures, no mais desgastado dos homens (independente do género, vale para as mulheres, igual. desejo).

p. s.- por falar em crianças, tenho saudades do doutor ferreira, de sermos putos juntos.

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