quarta-feira, 29 de maio de 2019

bom dia



















(ou boa tarde, ou boa noite, dependendo da hora de leitura)

hoje estava a tentar entrar num prédio de que tenho chave da rua, mas fico sempre minutos a tentar que a dita chave abra a porta.

estava a debater com a fechadura, e estava um grupo de quatro pessoas de uma obra em frente, coisa grande, de ocupar todo o passeio com estaleiro, polícia a controlar entradas de pesados, múltiplos engenheiros.

a pessoa que mais falava, um operário, estava a desbastar num dos engenheiros da obra (que não estava presente, as outras três pessoas, uma mulher e dois homens, seriam técnicos, pela atitude): "não vale nada (ou algo de semelhante teor), entra pela obra e nem dá os bons dias!".

há alguns anos, numa outra obra (que eu fiscalizava) um pedreiro falava, de forma macia mas sentida, acerca do empreiteiro: "nem uma sanita põe aqui, para o pessoal, como se fossemos animais (algo do teor)".

obras e empreitadas serão temas excelentes de estudos sociológicos e comportamentais. eu tenho um valente fascínio pelas relações humanas, pelo que está subjacente aos comportamentos de cada indivíduo, o que o/a leva a agir de determinado modo, valorizar algo com determinado valor.

dar os bons dias é de graça.

colocar uma sanita de obra em obra, não sendo de graça, é poupança, porque evita pessoal a sair para ir mijar e cagar fora.

o que leva pessoas "de mais elevada importância" a agir como escrevi, é necessitarem dessa "mais elevada importância".

lá consegui abrir a porta, e o dia melhorou.

sábado, 11 de maio de 2019

o cliente benfiquista













algumas (bastas) pessoas com quem nos cruzamos são especiais, particulares, e algumas são também clientes.

tenho um que é benfiquista, homem de idade, patriarca de família (5 filhos e 13 netos).

(gosto ainda mais da mulher, um doce de senhora, mas um doce teso, mulher de luta, que sabe e gosta de ser generosa. pessoas que sabem o que custa ter e por isso gostam de dar são o meu calcanhar de aquiles).

ele vê-se que é um fulano difícil, hábitos enraizados. tem a benfica tv em casa e não falha um jogo importante. fica impaciente na hora das refeições, se atrasam, e vai "dar uma ajuda". (comem bem, comida regional, tradicional, a lembrar outros tempos). ele, em geral, fica impaciente quando as coisas que quer lhe demoram,

mas também é generoso, aprecia companhia, e quando o benfica perde aceita com graciosidade.

as pessoas têm características, defeitos e qualidades. para mim, são mais os defeitos que as tornam especiais.

neste caso, outra característica que torna este cliente especial é o vinho verde que gosta de partilhar. há algo muito especial em beber vinho verde com outras pessoas, e acompanhar com pão saloio, e salpicão, e queijo de cabra.

algumas pessoas são especiais e fazem-nos o dia.


lhasa











há sítios, pessoas, ideias, músicas, (e medos, remorsos, dúvias) a que voltamos ciclicamente.

um dos meus, seguramente o mais seguro, é lhasa de sela.

em alturas em que faz falta lembrar porquê, e se vale a pena, é como mergulhar num mar de vida e sair a escorrer e a sorrir, com a certeza de que sim, que vale a pena, e porque é que vale a pena.

quando meu miúdo era bebé, eu adormecia-o com histórias que inventava, ou cantava-lhe los peces. uma tarde ouviu o disco, e ficou com uma cara tão divertida, a pensar quem era aquela fulana que cantava a música dele, de maneira diferente do que o pai cantava.

tive a alegria de a ouvir ao vivo, em coimbra, porque alguém que me ama me comprou um bilhete à última hora. tudo que vem dela tem amor, nas várias formas (incluindo as dolorosas).

há seres mesmo humanos, e só deus tem os que mais gosta.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

enduring, enjoying



















tough, tough days, been missing out on a lot.

actually, it´s been weeks, now, i think maybe even months.

some huge bright spots, thou. someone smiled, someone hugged, someone reached, some dreams i´ve dreamed.

and this in he picture: i´ve seen the river a lot, drove beside it a lot, the cranes, the ships, those deceiving promises of happiness. this picture is form rua washington, when one is driving in town, turn right and down, and boom! zing boom!

enduring, enjoying.