quarta-feira, 4 de julho de 2012

dois lisboetas em lisboa, 3












...estiveram encarregues de trazer o caixote do lixo à rua, no mês de junho.....

ora, nós, em coimbra, estávamos habituados a trazer o lixo para um dos contentores grandes que havia na rua, assim como as reciclagens para um dos dois ou três ecopontos próximos. a coisa resultava bem, ruas limpas, bom aspecto, dava para satisfazer a ecofobia de que sofro ligeiramente.

na zona de lisboa onde moramos, as ruas são estreitas, pejadas de carros estacionados em má fila, e já não cabem os contentores de lixo no passeio público (ainda vou escrever do original passeio público, uma destas tardes).

como para cada problema há sempre solução inteligente, é obrigação de cada prédio manter um (menor) caixote de lixo na caixa de escadas (para não ocupar o passeio público), e é obrigação de um dos condóminos o colocar fora de portas para os (e as) almeidas despejarem, na ronda da noite.

junho foi o nosso mês, e no final do mês foi (muito) necessário limpar o caixote (ver foto, a comprovar que fui eu que o lavou).

mas isto não é acerca da mecânica lixeira da capital nem propriamente das suas repercussões no âmbito do nosso nº 13, 2º esq.

isto é sobre o facto de haver em lisboa muita gente muito porca, e de isso me fazer alguma dose de impressão, mal habituado que vinha da província.

elaboro: os vizinhos cá do prédio vão deixar o seu lixo (em sacos mal fechados, recordo uma conversa com um amigo, de e em coimbra, que exacerbava a necessidade de doble bag o lixo, para não haver fugas de odores e flúidos, e que "não custa nada, é civismo") logo pela manhã no contentor, que fica a olfactar todo o dia, dentro do prédio. no 2º andar não se sofre disso, mas temos de passar na entrada para entrar, e os vizinhos do r/c esq são os piores, mesmo à porta de casa, e deve ser gente que estava habituada a viver com cheiros, e temos de respeitar a cultura dos outros, e talvez antes cheiro a pêssego muito maduro e a osso de costeleta nem seja pior que chanel, e o mundo é de todos e parece que estão todos representados cá na capital.

por outro lado, aqui na zona, devido à densidade habitacional, produzem-se quantidades admiráveis de detritos, a modos de uma greve de garis, seguida de feriado municipal, levar ao acumular de verdadeiras pilhas odoríficas (tempo de verão, carago), a deixar imaginário de cenário de bombardeamentos aéreos. e nem os ecopontos raquíticos que cá temos se livraram, e as pessoas deixam o lixo nos ecopontos quando já não há cantos onde o empilhar mais, e foram as ruas a olfactar também, e cheirou-se que a cidade tem vida, e muita.

lisboa é uma cidade de sensações abundantes, algumas delas chegam via olfacto (de outros olfactos escreverei outra altura, que está na hora da labuta).