terça-feira, 13 de julho de 2010

espelhos



been a awhile, sorry, i'm making up to it, scroll down.

espelhos são objectos curiosos, onde nos olhamos e vemos como somos.

ou como queremos ser. porque será que queremos mesmo ver como somos, de rugas e cãs, obesos e deformados, fechados e frios, medrosos e cobardes?

mirror mirror, on the wall, i'm i the fairest of them all? e se não somos, mudamos de espelho ou mudamos a imagem a reflectir? trocamos a mobília de lugar, o penteado ou o verniz das unhas, ou mudamos?

e se o espelho não permitir cosmética, se, em lugar de vidro sobre prata ou a opinião de amigos também eles similarmente deformados, nos olharmos com os olhos de quem nos olha recto? e se tivermos putos ou outro alguém que nos ame, não somos obrigados a mirar-nos pelos olhos deles, pelas consciências deles?

objectos curiosos, os espelhos, gentilmente cruéis.

tenderly



algum tempo atrás fiquei a matutar num aspecto do meu carácter, quando uma amiga reparou/reclamou que eu estava menos prolifero de patetices, vulgo loucuras teorizadas. a moça tinha razão, ainda me saem de jorro, por vezes, mas noto menos fluência, menos verbo, menor frequência idiota.

há pessoas que se protegem com uma beleza intocável, outras com palhaçadas hilariantes, outras com formalismos engomados, ainda outras com conversas elaboradamente intelectuais, e eu fiquei temente de que a minha idiotice livre fosse um modo de criar e manter distâncias, mesmo que fossem de aproximação.

penso que talvez tenha um pouco disso, da aproximação (aliás, sei que tem), mas o fundamento dessas diatribes é apenas expressão, comunicação, vida a ser degustada. e dei-me conta de que a menor ocorrência delas foi (e é) culpa de falta de energia, porque a gasto d'outro modo.

algumas pessoas disparam de paixão, zing boom, outras há que serenam, tenderly.

olhos no horizonte



o que faz uma pessoa ficar, e o que a faz mudar-se?

tive vários debates, com várias pessoas, que afirmavam que o mal que tinham na vida era, grande parte, fruto do local onde viviam. a mim nunca pareceu que fosse, mas a verdade é que ando há que tempos com vontade de mudar, não porque a vida minha precise disso, mas porque já fiz tudo que tinha para fazer onde estou.

perceber que algo acabou é uma arte, não o estragar (se foi bom) com prolongamentos menores, não o lastimar porque se percebeu o final, não procurar refazer o que se fez antes. é uma arte olhar para algo (ou alguém) que se amou e perceber que o sentimento é outro (se for para com uma pessoa, carece luto, sempre; para com outras coisas, não necessariamente).

gente que escreve melhor do que eu escreveu-o melhor, há frases e citações acerca de novos começos em lugar de fins. eu vejo a coisa em fases, temporadas, períodos (picassianos, por exemplo). been there, done that, gone out.

nunca se sabe se o que vamos ser ou fazer a seguir é melhor ou pior do que o que fizemos antes, mas para sermos tudo que podemos ser, é suposto fazermos tudo que podemos fazer. inclusive em todos os locais onde podemos fazer o que temos de fazer para sermos inteiros.