segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

natureza moderna



acerca do conceito de arte e dos seus objectivos, do conceito de natureza natural e natureza subjugada.

durante muito tempo, e ainda hoje, ainda que não abrangentemente, o conceito de belo esteve relacionado próximo com a natureza. a natureza era entendida como fonte de belo e puro, e como tal de inspiração para as obras humanas, artísticas e/ou úteis. a natureza era a manifestação da criação divina (em quase todas as religiões) e como tal digna de cópia, ampliação, representação, almejo.

entretanto, bem ou mal, o mundo mudou. darwin proclamou uma teoria mais credível (e menos erótica) que a de adão e eva, e, em evolução em paralelo, a arte foi tendo mais que representar que apenas a beleza da natureza.

assim, continuando-se a pintar naturezas mortas, a fotografar campos de flores belos, a filmar gotas de chuva e a admirar a gravação do som das baleias, porque a arte é evolução, muitos criadores utilizam elementos naturais no que criam: estudam a evolução de uma teia de aranha e a sua resistência; reutilizam a estrutura das conchas ou carapaças de insectos na edificação; estudam e maximizam o efeito de ventos e outros impactos naturais na concepção de automóveis ou outros móveis; reintroduzem o som das baleias em músicas de discoteca ou de protesto.

um destes recriadores, theo jansen, tem um projecto que descobri por acaso, numa pesquisa por outra coisa, e me fascinou.

o homem antigo seguia um movimento global, um estilo. o homem actual produz em muitas direcções, foca em muitos problemas, de muitas perspectivas. e se muito do que o homem produz é anti-natura, o resto do que o homem faz é um regresso ao útero natural. é-me razoável que se construa (não só edifícios, mas tudo que se faz) de uma forma humana, que deixe marcas humanas, aqui entendidas como não naturais (porque o homem já não é muito natural, pois não? chega a ser uma aberração da natureza em certos casos, em certos espécimes ou em certas circunstâncias). mas é adorável que haja homens (e mulheres) naturais, que tentem perceber a natureza, adapta-la, e deixar marcas humanamente naturais.

são pessoas que naturalmente passam por idiotas (e o são) e pensadores inúteis (que não são), gente alucinada que tem uma visão de mundo (também muito representada na animação) onde gestos simples são sublimes. mesmo que seja necessário e excitante evoluir de uma forma anti-natura (porque também o é), tal movimento seria catastrófico se não houvesse idiotas como theo.

life's sweet



já não escrevo há uns tempos e hoje deu-me ganas, por causa do domingos névoa, que voltou a safar-se de uma de corrupção, desta vez em coimbra, por motivo de prescrição.

mas já aqui, em frente ao monitor, dei por mim: "mas tu és parvo ou quê? escrever desse quando o sol está frio e luminoso, lá fora, quando há trabalho para fazer, quando estás bem alimentado, e vem aí o natal, quando os knicks ganham 13 em 14 e amar'e is a beast, e até vais estar uma semana com o teu puto (ando optimista)?".

acontece por vezes darmos coisas importantes por adquiridas e reagirmos a coisas mui menos valiosas, apenas por novidade ou excentricidade. e acontece, a alguns, nem chegar lá sozinhos.

bueno, me voy a la cafetería, sigan degustando-la.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

a pázadas



dia de independência em época de dependências: já não mandam cá os castelhanos, manda quem paga.

vou escrever de (in)dependências, não da de 1640, nem da entrada do fmi, nem da importância de dinheiro na independência das pessoas.

ser independente significa valorizar a capacidade que se tem de decidir por si o que se quer. consequência, implica também valorizar nos outros a capacidade que têm de decidir por si o que querem. impingir aos outros decisões que queremos eles tenham é vestir armaduras castelhanas, colocar-se no papel de invasores, e acabar corrido a pázadas.