terça-feira, 22 de junho de 2010

allez, les blues, chez vous



long time, no writing. o mundial começou há semana e picos e algumas histórias merecem palavras, a começar pela frança.

a frança, como sabe quem me lê, apurou-se para o mundial com um golo falso como thierry, empurrado com a mão, e deixou a irlanda apeada, no playoff. estava eu no café, a ver o jogo em que estão a ensopar 2-0 (ao intervalo) da áfrica do sul, e diz um funcionário de lá, o delicado, que "deus escreve direito por linhas tortas". não me parece que seja deus, que já chupou as culpas da mão do maradona, mas é uma questão de mérito: quem não tem, devia ter ficado em paris.

ora a frança, mais que castigo divino, espia penas próprias: vários jogadores acusados de sexo com uma prostituta menor (menina linda, e amiga dos seus amigos, porque garantiu nas investigações que garantiu aos jogadores que era maior, apesar da suavidade da pele); um treinador vergonhoso, que foi confrontado e insultado por um jogador, caso que acabou com todos os jogadores aborrecidos e a cancelar treino; patrocinadores a retirar patrocínios (e esta deve ser a dor maior, porque o mundo gira por euros); e um futebol miserável, que os vai mandar para a civilização num instante.

eu estou pelos africanos (porque é o mundial deles) e por portugal, mas a maior goleada do mundial é da irlanda (estive para titular o post "a irlanda no mundial de áfrica").

outra história curiosa é a de duas holandesas (não é esta, mas que importa?) que foram presas (iap) por vestirem camisolas com publicidade a uma cerveja (bavaria), quando a budweiser tem o exclusivo para o mundial. não é áfrica, é a fifa, no seu esplêndido esplendor.

já os nossos rapazes passaram do zero ao sete, e vamos ver em que número ficam. tenho para mim que mais valia terem ganho por poucos, porque a coreia do norte é um membro do eixo do mal e tem arsenal nuclear. mas antes à coreia que à china, porque isso podia realmente afectar a nossa economia (macro e familiar).

sexta-feira, 11 de junho de 2010

jukebox



uma das coisas que mais prazer me dá é mostrar coisas novas ao gustavo.

hoje fomos a um café de que já escrevi aqui, e onde tenho de levar outra criança, assim que possível. o café chama-se "fifties", é um espaço revivalista onde há imagens iconográficas da betty boop, do elvis, do james dean, da marilyn com a saia a esvoaçar.

e uma jukebox!

gustavo quis ver o que era, experimentar, escolher música, observar o disco (cd) a cair no prato, solto pelo braço mecânico. escolheu "lollipop", pelas the chordettes. provavelmente por razão nenhuma, calhando porque a música é especial e os putos sentem estas coisas a milhas.

lisboa profunda



eu vivi 23 ou 24 anos em lisboa (e arredores), saturei-me dela, das pessoas e dos prédios novos, e mudei-me. viver em
lisboa penso que nunca mais, mas é o que penso agora. por esta altura, vivendo em coimbra, tenho vontade de viver no porto (já faltou mais....), causa do romantismo.

mas hoje estou em lisboa, dia brutalmente feliz (por aquelas coisas que me deixam imbecilmente feliz), andei a passear pela cidade em trabalho, parte com o meu filhote.

a cidade tem uma energia tremenda, é como saltar para dentro de rápidos, somos envolvidos e solicitados por todos os flancos, estamos vivos, ágeis, perspicazes. o mundo cabe cá inteiro, muçulmanos observadores, asiáticos recatados, pedintes cegos, nórdicas carnudas, africanas de capulanas e atitudes exuberantes, yuppis compenetrados, mães de família a falar para os petizes por telemóvel, funcionárias idosas vestidas de adolescentes, que nos chamam "sr arquitecto", gente que tem tudo para transaccionar, fluxos intermináveis de pessoas que se cruzam connosco e parece que tocamos em quase todas, uma enorme sensação de que tudo pode acontecer no segundo que aí vem.

não suportaria viver nela, mas ela faz-me falta, agudiza-me os sentidos e as emoções. sex would be great, tonight, kind of a threesome.

depilação



há algum tempo atrás, li acerca do real motivo pelo qual as mulheres se arranjam, algo acerca de não ser para os (seus) homens (que pouco reparam ou valorizam o esforço), mas de se arranjarem por competição/comparação com outras fêmeas.

eu sou muito fêmea nisto, porque reparo e valorizo (principalmente depois de assistir ao processo, quando o processo é teso). fica aqui que é obrigação masculina apreciar, usar e agradecer, uma depilação bem feita.

sugestão do chefe: quando a vossa menina aparecer suave e delicada, é favor "gracias, cariño". ela merece.....

quinta-feira, 10 de junho de 2010

luís vaz, de portugal



um dos orgulhos que ainda mantenho em ser português tem a ver com o dia nacional estar associado a um poeta, em lugar de uma batalha, conquista ou marco democrático.

luís vaz foi homem de armas, amores e versos, e (d)escreveu nos lusíadas o portugal mais nobre que se pode ler. apesar dos séculos de distância, é mais fácil encantar-me pelo que escreveu um homem assim do que pela maioria dos heróis de hoje, que vencem dentro dos sistemas instituídos.


amor um mal que falta quando cresce

aquela fera humana que enriquece
a sua presunçosa tirania
destas minhas entranhas, onde cria
amor um mal que falta quando cresce;

se nela o céu mostrou (como parece)
quanto mostrar ao mundo pretendia,
porque de minha vida se injuria?
porque de minha morte se enobrece?

ora, enfim, sublimai vossa vitória,
senhora, com vencer-me e cativar-me;
fazei dela no mundo larga história.

pois por mais que vos veja atormentar-me,
já me fico logrando desta glória
de ver que tendes tanta de matar-me.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

surreal(ismo)



pode-se viver num mundo surreal. acho mesmo que é impossível viver na realidade dura e crua, sem lhe (tentar) acrescentar uma quantidade generosa de fantasia.

certo que utilizamos a lógica para perceber o mundo, que racionalizamos as sensações que sentimos, mas é a componente de fantasia que adoptamos que qualifica o mundo em que cada um escolhe mover-se.

exemplo rico é o imaginário infantil: puro, sem deturpações próprias das dores de crescimento, sem limitações racionais por elas impostas, apenas se cinge a absorver o mundo e a pessoaliza-lo, pela imaginação.

há adultos que, por dificuldades de crescimento, capacidade de crescer sem limites bacocos, asco tal à realidade que necessitam de a deturpar para a suportar, patologia, ou outro qualquer motivo, vivem de modo surrealista. uns são felizes, outros nada. mas costumam ser pessoas mais atraentes, que despertam mais curiosidade que o comum dos mortais.

está em coimbra, na casa bissaya barreto e no convento de sant'ana (quartel ao lado, espaço muito atraente, ainda mais por ser um espaço militar com utilização civil (mais que civil, artística)) uma exposição de surrealistas do século XXI, coisa a valer bem a pena.

p. s.- só não levem os putos, porque há peças mesmo muito impressionantes..... eles percebem, se lhes explicarem.......

quarta-feira, 2 de junho de 2010

trabalhar ou não trabalhar, eis a questão



eu estou desempregado há uma pipa de anos.

na realidade, não posso afirmar que tenha alguma vez tido um emprego que não tivesse carácter ocasional, e na juventude, final da juventude. claro que trabalho, sustento-me, ganho dinheiro, exerço profissão, mas não me recordo de alguma vez ter assinado contracto de trabalho (talvez com excepção de uma avença que tive, mas mesmo aí acho que nem cheguei a assinar um).
habituei-me a saber que nada é seguro, mas tenho a convicção, por experiência, que um trabalho vem depois do outro (o que não impede as dificuldades de receber honorários, o que não importa para isto), e vivo bem assim.

mas houve um período na minha vida em que me senti realmente desempregado. logo após acabar o curso, dei-me uns dois meses de férias (acabei em outubro, e decidi serenar até ao final do ano), após o qual comecei a enviar curriculuns a torto e a direito, sem ter resposta nenhuma. para ser franco, eu tinha sido sondado para ir trabalhar numa extensão do gabinete onde trabalhava enquanto estudava (fazia umas horas e aprendi lá muita coisa), que ia iniciar actividade num concelho vizinho de coimbra (porque eu vinha para coimbra), o que não me agradava (incompatibilidades com o colega que ia gerir aquilo) e recusei.

fiquei mais de dois meses a enviar cartas (não havia email's, na altura), e comecei a desesperar, até ser chamado por um colega para um gabinete, de onde segui até onde estou hoje. mas esses mais de dois meses deixaram-me uma das sensações mais desagradáveis que guardo ainda, a de não saber o que fazer, de não ter o destino nas mãos (porque o temos nas mãos, para ser mais preciso, nos sonhos), não poder organizar a vida, não poder sonhar nada de sonhável.

eu sei que é teso, muito teso, estar sem trabalho. sei que há cada vez mais pessoas sem trabalho, e sei também que é cada vez mais difícil arranjar pessoas para trabalhar (paradigma ridículo, mas real). e mais que saber isto tudo, sei que as pessoas, sem trabalhar, não se valorizam correctamente, perdem capacidades. nalguns casos, chega a ser criminoso o que uma alma perde, nalguns outros, irrecuperável.

para mim, não devia haver subsídio de desemprego, deveria haver subsídio de formação activa, de reinserção profissional, de experimentação de funções. ninguém deveria lamentar a "sorte" de quem está desempregado, deveria sim fazer notar à pessoa que não perdeu capacidades humanas e profissionais, apenas porque não está a exercê-las (o mesmo vale para capacidades emocionais, aliás). ninguém deveria vangloriar-se de estar pendurado no estado ou desfazer-se por estar pendurado no estado.

diacho, já estou meio divagante, ver se faço algo melhor que isto.....

definição de arte



há uns dias esteve cá em casa um amigo de muitos anos. fomos colegas no liceu, altura em que eu não tinha sorte (arte) nenhuma com raparigas (o que não importa para o que vem a seguir, fica de desabafo).

fomos colegas no 10º e 11º anos, na vertente de belas artes (penso que se chamava área E), e foi por essa altura que começamos a iniciar-nos nas teorias da arte, que se davam à data muito standartizadas (talvez ainda seja assim, talvez nunca tenha sido e eu é que as percebi assim, ou hoje percebo que as percebi assim).

recordo que uma definição que davam para diferenciar arquitectura de escultura era o facto de esta não ter função, enquanto aquela, para além da vertente escultural, tinha de satisfazer uma necessidade funcional (mais tarde, na faculdade, ouvi a um arquitecto famoso uma excelente expressão da importância da funcionalidade na arquitectura: é o grau zero, sem a qual esta não existe, sendo que tudo o mais
, para além da funcionalidade, é que torna a arquitectura realmente admirável e usufruível (boa palavra)).

voltando ao assunto, desde os nossos tempos em queluz, o conceito de arte evoluiu exponencialmente (na realidade, já era muito mais evoluído do que eu aprendi na escola, por isso, para mim, exponencialmente). hoje arte manifesta-se de mil maneiras diferentes, com diferentes suportes, durabilidades, culturas, tudo que se possa imaginar diferente e mais diferenças ainda.

foi depois de jantarmos, damos os dois por estar a discutir o que se pode classificar, ou não, arte, sem chegar a consenso nenhum.

para mim, arte é algo que é produzido com intenção objectiva e propositada de provocar emoção, sentimento, pensamento, dúvida, conforto ou desconforto, independentemente de durabilidade, eficácia, abrangência (sendo todos estes (e outros) factores características da peça artística, mas não a incluindo ou excluindo como peça artística), podendo estar ou não associado a uma função extra-arte, mas, se estiver, tendo uma componente de acrescento a essa função, acrescento que existe apenas com as intenções que definem uma peça de arte.

chego a um ponto em que arte se me assemelha
um conceito muito próximo de comunicar, provocando. ando a pensar nisto.

uma outra perspectiva



como escrevi no post anterior (que vais ler depois deste, provavelmente), andamos em mudanças cá por casa, a modos que fomos invadidos por coisas novas (não meteu cerco, foi só a invasão), e temos finalmente a sala à la salle.

mas deu trabalho.....

o estirador, uma arca, o sofá, a tenda igloo, um cadeirão, a mesa da televisão (com os pés sempre a cair, raisparta a carpinteira), o puff azul e uma cama de visitas/sofá de encosto andaram numa fona, até chegarmos à conclusão de que não cabiam em meia sala. como para males sem solução é necessário arranjar soluções novas, aqui vai o que fizemos: novos pés para a mesa da televisão, altos, e ela fica num canto, em nível elevado, em cima do sofá de encosto/cama de visitas, e de repente, cabe tudo, encaixado a modos de peças de puzzle.

por vezes, não adianta andar a tentar encontrar um buraco numa parede, porque a parede é dura e a cabeça é sensível (não tanto como a alma, mas é). nessas vezes, é melhor solução procurar ver o problema de outra perspectiva (neste caso calhou ser uma tridimensional, mas é questão de se ir experimentando) encontrar um modo de ir em volta, escavar um túnel por baixo ou, simplesmente, passar por cima.

p. s.- amanhã posto fotografia, a máquina está sem bateria.....

p. p. s.- iá tá

as roupas das meninas



a coisa mais complexa de resolver, numa mudança feminina, é a arrumação das roupitas. é um facto que cada mulher tem receio de passar frio no futuro, e para prevenir tal, acumula roupa, pilhas de roupa.

a verdade é que depois de subir os móveis e os electrodomésticos (três andarzitos sem elevador, pés-direitos dos antigos), depois de arrumar isso tudo (já faço post da sala nova), ficam caixotes com roupa, andarilhos com roupa, armários com roupa, e ainda roupa em cima de sofás e em cima de cadeirões, uma espécie de pássaros de hitchcock, na versão tecido e botões (e menos esvoaçante).

vai daí, é preciso escolher roupa, que é mais ou menos o mesmo que ir com a menina às compras, sem as vendedoras e sem gastar dinheiro: mete passagem de modelos, mete comparações e decisões, mete "isto visto para isto e aquilo visto para aqueloutro", mas mete também história e emoções, porque as peças têm passado, foram vestidas em determinadas alturas, ofertadas ou escolhidas com, usadas anteriormente por.

eu tenho um jeitão para ir às compras com mulheres, escolher roupa, acessórios, calçado com mulheres. mais que jeito, tenho-o como dom e retiro prazer dele. retiro prazer de montes de coisas, ultimamente, e ainda fico com o quarto arrumado, deste.