quarta-feira, 21 de outubro de 2009

prenda ideal



imaginem que vão receber uma prenda de alguém. que prenda gostariam que fosse, imaginando não haver limites nenhuns (isto é um blogue de ideias e ideais)?

uma prenda material, palpável? carro descapotável com capota, casa com piscina e solário (faz um efeito de fugir, o solário, mas isto é só o que eu acho), umas botas fenomenais da romeu, um sofá com chaise longue, um saca rolhas e uma garrafa para experimentar?

uma prenda material, apalpável? loiro, morena, ruiva, careca, doce e perfumada, alto e espadaudo, valorizável pelo sorriso, mãos, pés, pescoço, lábios?

uma prenda intelectual? livro, disco, bilhete de concerto, caixa de lápis, máquina fotográfica, papel de impressão fotográfica, líquido de revelação, link para site de downloads gratuitos?

talvez uma prenda emocional? amor, vingança, amizade, capacidade de desprezar os desprezáveis (na realidade, não há desprezáveis, apenas pessoas que mais vale desprezar que aturar)?

ou uma prenda de valorização pessoal? capacidade de amar, de odiar (esta quase todos têm, mas há umas pessoas que amo que seriam bem servidas se a adquirissem), de entender, de acreditar, de chorar, de se dar, de receber, de ir, de voltar, de ir e não voltar, de voltar a ir?

uma prenda que caducasse, para ser apreciada intensamente (nada como o pouco tempo de durabilidade das coisas para as intensificar, dá que pensar, isto)? uma tarde de pêra, uma noite suada de amor, um olhar e sorriso de desconhecido(a), no autocarro, uma brisa numa tarde tórrida, uma lareira numa noite gelada, uma garrafa de vinho chambreada, dois copos e uma companhia passageira, um cheque de vários milhares de euros (com provisão), uma viagem às hihglands, um salto de para-quedas, uma ascensão à torre de hércules, uma promessa proferida por lábios de cereja?

quem sabe, uma prenda necessária? uma noite de sono sem pesadelos, uma consciência desculpabilizada, a atribuição de um subsídio (ou mesada, para o(a)s menores), uma corda para os que se afogam, uma direcção e sentido para os que se perdem, uma saída para os aprisionados, uma entrada para os excluídos, um ecoponto à porta de casa?

bom, bom, bom é não necessitar de nada importante e ter quem nos dê o que queremos, por saber que o queremos e o quererem dar.

p. s.- algures, acima, devia ter mencionado flores. e massagens. e anéis e gargantilhas. e abraços e beijos. diabo, não haverá limite para os desejos e necessidades humanas?

p. p. s.- isto, relido, soa a uma letra de uma música do abrunhosa.

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