segunda-feira, 30 de novembro de 2009

descriminação leonina



estava-me a correr tão bem o dia, trabalho feito com resultado que agrada, rescaldo de boa disposição do fim de semana, a académica a subir, coisas particulares a particularizar-se, e zing boom.

eu sei que custa ter coração verde, um maduro habitua-se a não ganhar, que raio, até se habitua a jogar miseravelmente, a ver as sequentes direcções vender o clube pelo preço mais baixo, a ver os amigos de outrora substituir-se nos cargos do futebol e galanar a animosidade de agora, mas isto já é demais.

o marketing do clube anda uma fona, a atrair adeptos (talvez seja a trair adeptos). esta promoção visa levar casais, e dar desconto por isso. (género entre dois, pague um e meio) o mal é que os casais têm de ser de sexos opostos (barbaridade) e o desconto é para o elemento feminino (descriminação),

afirma o clube ser descriminação positiva, para atrair mulheres. balelas, querem atrair mulheres, tornem o futebol atraente para elas (género, entrem dois, saiam satisfeitos com o futebol do clube, e vão para casa comemorar em intimidade). eu, aqui, já gabei, as adeptas leoninas, suponho que se for feito a escala maior resulte maior, sem necessidade de descriminação nenhuma.

mesmo sem a questão do timing (e, muitas vezes, o timing é tudo), é contraproducente. mais do que o futebol fraquito da equipa.....

casamentos



nunca tive grande vontade de me casar, mas se algum dia o fizesse, gostava que fosse de determinada maneira: casava por procuração, sendo que quem nos iria representar no registo seria um casal homossexual, que se quisesse casar e não lho fosse permitido por lei. os convidados seriam os do outro casal, nós estaríamos a fazer algo diverso em diverso sítio. deste modo, era a própria lei, ao permitir o casamento por procuração, a emendar o seu erro, de não permitir o casamento homossexual.

nestes parâmetros, pode dizer-se que desperdicei o meu casamento (a afirmação é hilariante, por motivos diversos). seja como for, já o fiz, vejo isso como serviço militar, é ir uma vez, em caso de necessidade, e só voltar por voluntariado, coisa que.......

outra coisa que me vem moendo é o número de casamentos a que fui que terminou. recuso fazer contabilidade, mas é uma maioria esmagadora, e eu não sou assim tão velho. e sei, por conhecimento próximo, que aqueles a que fui convidado tinham noivos convictos e confiantes, sem enganos e mentiras. a mim entristece o facto, mesmo sabendo que as pessoas, ao separar-se, ficaram melhor do que casadas nos casamentos que vi celebrar. moi-me ver sonhos acordar, acho.

uma das poucas coisas que me agrada nos casamentos é ver amigas felizes da vida. é uma coisa fascinante, mulheres a casar-se ficam tão hermosas que dá inveja do noivo, e não é só dos vestidos (porque há cada um que parecem dois. eu tenho uma amiga que fazia, infelizmente não fez do meu, mas fazia-os que eram deliciosos, dava vontade de casar só para os despir, depois de passar o dia a pensar nisso).

por escrever da alegria das meninas, é coisa de macho deprimir, de maneira machista, no dia. suponho que fazem os tais vestidos para uma alma se aguentar as 24 horas (e há uns que duram mais), como uma cenoura à frente de um burrito, para ele andar.

tenham a perspectiva que tiverem, de delicados a acelerados, há sempre um divórcio no final, (excepção dos que não deixam de sonhar, por mérito, ou dos que não são capazes de ser livres, por demérito) ou seja, duas festas pelo motivo de uma.

patinar no gelo



hoje não calcei os patins, foi só o meu filhote. ele adora, até tem jeito, mas gosta de fazer sozinho, à maneira dele, e demora mais (a teimosia é genética).

eu também me safo benzito, não envergonho (como um maduro, hoje, que começou a ganhar velocidade com a confiança e de repente viu as duas pernas fugir-lhe para a frente, antes de aterrar de ombros. acho que ficou paraplégico, só seguiu patinando para não dar parte de fraco.......).

em adolescente, tive (não fui só eu, era uma musa geracional) uma paixão pela katarina witt, menina alemã de leste (decorriam os oitentas, acho que ela, mais tarde e menos admirada, ainda patinou pela alemanha unificada).

ultimamente acho menos piada, é raro ver os campeonatos. mas agora que sei o que custa cair de cu e sentir a dor no orgulho, talvez volte a interessar-me.

sábado, 28 de novembro de 2009

romãs e desejos concretizados



prometido, devido.

andava para postar isto há uns dias, mas estive à espera que viesse o fotógrafo. calhou juntar o excelente ao delicioso, porque a fruta da sobremesa foi, tcham, tcham, tcham, tcham, romãs.

chamas art deco



gustavo's chez nous.

mostrei-lhe duas coisas especiais, uma o desenho da instalação que vai emoldurar a porta da despensa, esse aí em cima. fui-lho explicar no local, as voltas que os traços dão, o que cada parte do desenho representava. acho que foi a primeira vez que ele usufruiu, in loco, um desenho de trabalho meu e imaginou o resultado final.

um dos meus prazeres predilectos é fazer sonhar clientes, quando lhes provoco sonhos genuínos. foi a primeira vez que o fiz ao meu cliente predilecto.

a outra coisa especial vai ser ele a fotografar, mas carece de luz de dia, publico amanhã.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

(in)segurança social



tudo no mundo tem aspectos bons e maus, em simultâneo. por vezes, a diferença depende apenas da perspectiva (la perspective, mademoiselle, la perspective).

a juventude é um paradigma disto, do qual hoje falo na versão técnico do instituto de segurança social.

tive hoje reunião com um engenheiro novito, rapaz para menos de 30 anos, que só conhecia de telefone. fiquei muito bem impressionado, inteligente, perspicaz, não se deixa enrolar nas curvas, sabe fazê-las e trabalha com o objectivo puro de resolver problemas. o inconveniente é a insegurança, natural na falta de experiência, que o leva a agarrar-se ao texto da lei, sem grande amplitude para senso e sensibilidade (rapaz de valor, deu trabalho mas chegou lá, e conseguiu com isso que eu chegasse a alguns sítios que ele pretendia. adoro discussões produtivas).

por contraposição ao técnico que o antecedeu (e se reformou há pouco, deixando como herdança a análise do meu projecto), homem experiente de muitos anos a analisar projectos e vistoriar obras, desde o tempo em que os problemas, por graves que fossem, se resolviam (ou começavam a resolver) com uma boa almoçarada (and so on, and so on......). ora, eu não me importo de pagar almoços, mas sou esquisito nos motivos que me motivam a paga-los, e resolver problemas burocráticos não se enquadra, pelo que tínhamos uma relação de lascar. a agravar,a pouca inteligência do maduro, que se via sempre encravado no que dizia, dez minutos depois de o ter dito (porque há gente que fala sem pensar, o que por vezes é pior do que pensar e não falar), que não largava as convicções bacocas sem um cabrito e uma garrafita (and so on, and so on....) de tinto.

apetece-me escrever que prefiro as minhas mulheres com vícios (experientes) e os técnicos que analisam os meus projectos sem (puros). não é apenas consequência da idade, mas reflecte-se frequente.

castanhas depiladas



há pouco, eram 11 e um quarto, estava a organizar umas fotografias e vibrou o telefone: era o vizinho de baixo, "olha, não queres vir comer umas castanhas?". o meu vizinho é parecido comigo nalgumas coisitas, uma delas é na bizarria, outra na idiotice.

maravilha de castanhas (over cooked, who cares?), com moscatel e porto. o que esta casa tem de melhor são os vizinhos (incluindo a catraiada), a proximidade. porra, adoro proximidades.

meia noite e meia, durante as castanhas, recebi um sms: uma amiga a contar tinha feito a depilação. é disto que escrevi no post anterior, há alturas em que nada se passa e de repente, zing boom, a vida acontece bem.

amanhã tem manhã manhosa, reunião na segurança social, cliente complicado de controlar (e a doutora não vem, sniff), os técnicos deles são uns burocratas de gritar, mas ao fim do dia começa fds bom.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

pontos de pós café



p(re) scriptum- dois ou três pontos (moi, jáime un point, c'est tout. peut être un point de trop....), fruto de conversa pós café, porque o pós café de hoje foi com uma amiga com quem a alma se solta mais do que a língua, e esta já....

ponto um: moi sem ninguém por quem esperar, de sólido(a), e vai a conversa encaixar no assunto sentimental, por causa de uma mensagem que recebi, assunto profissional mas encanto pessoal. estava a descrever o tipo de relação, nada de relevante, ou a fase dela, e usei a expressão "dancing with ourselves", por ser um upgrade de dancing with myself, popularizado pelo billy idol, que é uma música de conotação particular (esclareço dúvidas via email).

segundo ponto: vegetarianos liberais têm sexo oral, evidente, mas vegetarianos fundamentalistas, terão? é o mal de todos os fundamentalismos, a exclusão do que não consideram fundamento.

troisième, preconceitos que se passam aos filhos: o que lhes damos e mostramos e ensinamos tem de ser o que acreditamos estar certo (só isso, já seria muito bom). para quem não se contenta com bom e ambiciona (dar o) excelente, há que ter em conta o modo como eles recebem a informação, porque o que lhes dizemos, para nós tão claro e linear, pode para eles, que não tem uma amplitude das relações que cada coisa implica tão abrangente como a nossa, ser edificador de conceitos (pré-conceitos, bons ou maus, nessas implicações) que não esperamos, e os quais não queremos de todo passar-lhes. porque o mundo dos putos, por mais que os pais os observem, perscrutem, entendam, bem, o mundo deles é muito maior que a parte dele que nós somos capazes de atingir, mesmo sendo bons pais. pais excelentes atingem que eles são mais do que nós poderíamos querer, desejar ou sonhar, a menos que sonhemos que eles são eles, livres.

e em quarto lugar..... outra expressão nova (porque com ela, expressões novas saltam como bicas, em quiosque da buondi, em estação de metropolitano, em lisboa, em hora de ponta): sexo alimentar. ligação fonética a banco alimentar (ligação paródica, sem nenhum desprestígio para o banco, para não ferir susceptibilidade a ninguém), onde as refeições, por mais carinho que tenham, não são como as cozinhadas em casa, por (e para) nós (e os nossos). porque estas, as caseiras, têm um tempero de base, chamam-lhe amor, paixão, carinho, whatever, é aquilo de que são feitos os sonhos.

last and never least, uma hipótese teórica imbecil e gritante, em simultâneo (apenas para pais (inclui mães)): que é menos doloroso imaginar, um filho viver longa e tristemente, junto de nós, ou morrer jovem (mesmo antes de nós, e mesmo com responsabilidade nossa) e distante e realizado e feliz? o modo como amamos uma mulher (ou homem, fica a gosto), a família, os amigos, grita muito de nós; o modo como amamos os filhos fala mais alto.

p(ós). scriptum- combinamos começar a gravar estas conversas, fazer um programa e ficar ricos.

time and tide wait for no man



é um ditado britânico. a primeira vez que o ouvi foi tão mediocremente pronunciado que não percebi pêva, à primeira. fiquei eu de pouco jeitoso a línguas (oh heresia, oh inveja, oh ignomínia), porque tive de pedir para mo repetirem, e acharam que tinham de mo traduzir (na verdade, tiveram mesmo).

parênteses (foi uma noite memorável, de inauguração de obra, casa cheia. eu ia voltar para lisboa, após os bebes, e o ditador (que disse o ditado, bom rapaz) ofereceu-se para me levar, de moto. acabei por ir com o senhor azevedo e a mulher, moravam em queluz, duas jóias de pessoas, que não voltei a ver: ele, de obesidade enorme, falador; ela pequeníssima, acanhada, quase invisível).

pois agora lembrei-me do dizer britânico, por ser verdadeiro, e por causa da julieta e do romeu, do shakspeare.

verdade maior é que ambos, tempo e marés, comigo, os três juntos, esperamos a qual valha a pena estarmos à espera por.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

get a bath



um dos problemas com os riscos, para além dos inerentes, é estar um fulano a apreciar a vidita que arranjou, e corre ainda o risco de aparecer um porco invejoso a estraga-la.

remédio? não é santo, mas costuma resultar: tomar um banho, banheira cheia, espuma a transbordar, velas acesas em redor, bebidas a gosto (para gulosos, juntar mão cheia de bombons), e, sendo possível, na companhia certa. é certo e seguro que não só o porco deixa de o ser, como não se rala mais com a alegria alheia....

do you feel lucky, punk?



hey, i gots to know.....

há alturas em que correr riscos é o único modo de ser livre.

a mim dizem que me porte bem, que sou doido, but i'm the one still standing.

e hoje, por causa de ontem, estou a considerar novo risco, feeling lucky, i guess, cause luck gots nothing to do whit it.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

outra forma de tocar-te



todos temos sítios que visitamos com propósitos diversos: conhecimento, descanso, animação, acção, carinho, ritmo, humor e por diante.

há um sítio que visito amiúde, um canal de vídeos do youtube. por vezes, encontro algumas coisas que ponho aqui, outras encontro lá coisas que tinha posto aqui.

é uma definição de toque, uma das minhas favoritas. no caso, é a possível, porque os anjos, tendo sexo, não são tangíveis.

sem segundas intenções, porque as minhas são todas primárias, are you gonna be my girl

p. s.- tangível está mal aplicado, a expressão correcta é tocável, mas a sonoridade de tangível aplica-se melhor. é uma incorrecção como os muitos decibéis de luz.....

balada para un loco



las tardecitas de buenos aires tienen ese que se yo, viste?
salgo de casa por arenales, lo de siempre en la calle y en mi...

cuándo, de repente, detras de un árbol, se aparece el.

mezcla rara de penultimo linyera

y de primer polizonte en el viaje a venus.

medio melón en la cabeza,

las rayas de la camisa pintadas en la piel,

dos medias suelas clavadas en los pies

y una banderita de taxi libre levantada en cada mano.

parece que solo yo lo veo,

porque él pasa entre la gente y los maniquíes le guiñan,

los semáforos le dan tres luces celestes
y las naranjas del frutero de la esquina

le tiran azahares.

y así, medio bailando y medio volando,

se saca el melón, me saluda,

me regalo una banderita y me dice:


(cantado)


ya sé que estoy piantao, piantao, piantao...
no ves que va la luna rodando por callao,

que un corso de astronautas y niños, con un vals,

me baila alrededor... ¡bailá! ¡vení! ¡volá!

ya sé que estoy piantao, piantao, piantao...
yo miro a buenos aires del nido de un gorrión

y a vos te vi tan triste... ¡vení! ¡volá! ¡sentí!...

el loco berretín que tengo para vos.


¡loco! ¡loco! ¡loco!

cuando anochezca en tu porteña soledad,

por la ribera de tu sábana vendré

con un poema y un trombón

a desvelarte el corazón.


¡loco! ¡loco! ¡loco!

como un acróbata demente saltaré,

sobre el abismo de tu escote hasta sentir

que enloquecí tu corazón de libertad...

¡ya vas a ver!


(recitado)


y asi diziendo, el loco me convida
a andar en su ilusión super-sport

y vamos a correr por las cornisas

¡con una golondrina en el motor!


de vieytes nos aplauden: "¡viva! ¡viva!",

los locos que inventaron el amor,

y un ángel y un soldado y una niña

nos dan un valsecito bailador.


nos sale a saludar la gente linda...

y loco, pero tuyo, ¡qué sé yo!:

provoca campanarios con su risa,

y al fin, me mira, y canta a media voz:

(cantado)

quereme así, piantao, piantao, piantao...
trepate a esta ternura de locos que hay en mí,

ponete esta peluca de alondras, ¡y volá!

¡volá conmigo ya!
¡vení! ¡volá! ¡sentí!

quereme así, piantao, piantao, piantao...
abrite los amores que vamos a intentar
la mágica locura total de revivir...

¡vení! ¡volá! ¡sentí! ¡trai-lai-la-larará!

(gritado)

¡viva! ¡viva!
los locos que inventaron el amor,
loca el y loca yo locos todos

sábado, 21 de novembro de 2009

pêra e chocolate



ontem, recebi a minha última prenda de anos (até agora, pelo menos.......): um frasco (mui pequenito.....) de compota de pêra e chocolate.

há aquele dizer "compensa o mal que faz com o bem que sabe", conhecem? pois a boa da compota compensa largamente a pouca que é com o delicioso que sabe!

mais doce que ela só a menina que a fez. pessoas assim salvam-me, quando o meu filhote não está.

big brother watching



estava a beber café no meu café favorito, por estas semanas, e aproveitei para ler o "calino", conhecido pelos mais recentes na cidade como "diário de coimbra". ganhou a alcunha para os leitores mais antigos graças à generosa quantidade de calinadas que escrevia (penso que ainda escreve, menos, eu também leio menos), a ponto de num desfile de latada ou queima haver escrito num cartaz (daqueles que se utilizavam durante a velha senhora para passar contestações políticas e ficaram como suporte para contestações várias ou dizeres humorísticos) "calino, peça emprestado, leia e corrija".

depois de contar esta história, o que me agradou sobremaneira porque a acho muito engraçada e me foi contada por uma pessoa bastante mais velha, logo em risco de se perder, avante para o assunto do post, que escrevo por causa de um artigo no "calino", acerca da instalação de câmaras de vídeo-vigilância nas ruas do centro histórico.

é um assunto já antigo, com prós (aumento da segurança nos locais públicos) e contras (diminuição de privacidade das pessoas).

é verdade que as zonas históricas (não só a de coimbra) são propícias a questões de insegurança, consequência de ruas estreitas, escuras e pouco frequentadas, durante a noite. a mim, parece que instalar câmaras é a solução mais simples, logo, potencialmente a pior.

a certa altura, escrevia o "calino" que estavam já instaladas as 17 câmaras, aguardando apenas o terminar da formação dos polícias para entrar em funcionamento. até aqui, certo. mas depois escrevia que 16 delas estão instaladas na baixa e 1 na alta. esta é a parte que mais relevante me parece, sigam abaixo:

para quem não sabe, a alta de coimbra anda em programa de reabilitação há coisa de dois mandatos camarários, porque é vontade da autarquia candidata-la a património da humanidade. ora veio delegação da unesco fazer uma análise prévia, há dois mandatos atrás, e mandou a câmara ter vergonha, por evidente falta de condições de utilização comum, quanto mais de património. honra aos autarcas, em lugar de desistirem por manifesta dificuldade de atingir o objectivo, tomaram o problema em mãos e inventaram soluções.

dois mandatos após, a alta precisa de 1 câmara de vigilância e a baixa precisa de 16, porque não foi alvo de programa nenhum, está à espera de ser reabilitada no âmbito da implementação do eléctrico de superfície, coisa demorada por questões, quem adivinha.....?, políticas, claro.

tendo em conta que as ruas e potencial da alta e baixa de coimbra são em tudo semelhantes (estão apenas em estágios de desenvolvimento desse potencial desfasados no tempo), será justo colocar, pelo menos como hipótese viva, o facto de a tão grande diferença de número de câmaras instaladas (a área é sensivelmente a mesma, para ambas as zonas históricas, contíguas) ter a ver com os factores de desfasamento de potenciação no tempo?

elaborando: terá a ver a diferente necessidade de segurança, consequência do sentimento de insegurança existente, a ver com o facto de a alta, que apenas precisa de 1 câmara, estar a atrair população, ganhar vida, privada e pública; ao invés da baixa, tremendamente abandonada e desertificada (fluxos naturais de gente que procura melhores condições, ausentes na baixa actual, agravada por expropriações do metro, que depois de expropriar deixou os imóveis em stand by), que tem instaladas 16?

gosto de imaginar um mundo em que a segurança das pessoas é atingida pelas próprias pessoas, pela sua atitude de solidariedade comunitária. para isso, têm de viver em comunidade.

se este post fosse para verberar nas câmaras instaladas, seria para verberar a instalada na alta, porque o problema da insegurança na baixa é de ausência de vida. mas o post verbera é na ausência de vida da baixa, porque espaços vivos não necessitam de câmaras de vigilância. pode ser uma afirmação arriscada, é minha e assino em baixo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

the beautiful people



pode-se olhar para as pessoas de duas maneiras: como estigmas, encaixados no grupo em que se inserem (ou as inserem), perceptíveis pela imagem que mostram, a que se reage sempre da mesma maneira em forma de estereótipo; ou como pessoas, perceptíveis apenas depois de as penetrarmos, conhecermos, entendermos, com quem entre-agimos.

hoje tive uma discussão acerca de opções que se fazem fundamentadas em parâmetros estéticos, exclusivo, ou que se fazem porque há fundamentos pessoais, que têm de ser expressos de um modo qualquer, acerca do qual nada há contra cuidar da imagem com que são expressos.

transpondo para o trabalho, de que vale um edifício muito atraente esteticamente se não for viável economicamente, intelectualmente, culturalmente, funcionalmente, ambientalmente, construtivamente, urbanisticamente, enfim, todas as coisas que preenchem a mente.

transportando para as pessoas, de que vale uma mulher linda (ou homem) e ornada de belos ornamentos, se for burra como uma galinha, má como as cobras, gananciosa como um judeu (estigma, cá está), mentirosa como pinóquio (que era mais jovem que mal intencionado, e aprendeu)?

uma pessoa, para ser realmente bela, tem de ser muito mais pessoa que bela.

they can't take that away from me



desde alguns anos a esta data que esta data é algo especial para mim: conheço três pessoas, de quem gosto muito, que fazem anos hoje,
sem que sejam gémeas. mais, fazem os mesmos anos, as três, hoje. mas, por serem meninas, não vou contar quantos anos contam.

por voltas que o mundo dá, a data passou a ser ainda mais especial, motivos muito particulares. coisa que andava para acontecer ao tempo, aconteceu hoje, e só depois de acontecer reparei que tinha acontecido hoje.

uma música que canto muitas vezes, solo, é "they can´t take that away from me". pela mesma exacta volta do mundo, adquiriu um novo e mui maior significado, hoje.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

passar cartão



mais uma variação sobre aparências, desta vez, em vez da beleza aparente, a aparente força.

quando dei formação, o primeiro trabalho que dei às turmas de 3º ano foi desenharem uma peça de mobiliário (relativo a um módulo de design industrial), materiais à escolha (penso que tinham de ser dois). muitos deles tinham o descaramento de pedir "ideias", quer acerca da peça a desenhar, quer acerca do material em que a executariam, alguns mesmo sobre o desenho dela.

a certa altura, ao falar de exemplos genéricos, mencionei mobiliário em cartão. descrédito geral foi o resultado. ao invés, tive uma aluna que desenhou uma cama em betão (coisa para o pesadote, mas engraçada. talvez útil para casais mais apaixonados.....).

acontece que cada material tem as suas características: se o cartão é frágil, tem a vantagem de ser leve, maleável, facilmente trabalhável, e com excelente racio resistência/peso (ver imagem que ilustra o post); em contrapartida, a cama de betão, se bem que resistente, poderia ser algo avessa a mudanças de cenário (you know what i mean).

agora menos acerca das aparências e mais acerca da compreensão dos materiais (extrapolar, a gosto, para compreensão de pessoas): a madeira é muito mais fácil de ser serrada no sentido dos veios e mais dura se o for na perpendicular a eles. tem dois conjuntos de características, consoante se vai no sentido certo ou errado.

extrapolando, com as pessoas passa-se algo semelhante, mais amplamente: para cada uma, é mais fácil chegar até de determinado modo do que de outro, onde pode mesmo ser impossível toca-la.

put your lights on



(...) there is a darkness living deep in my soul / i still got a purpose to serve / so let your light shine deep in to my home (...)

"vive um monstro, debaixo da minha cama, sussurra-me ao ouvido / está um anjo, com a mão na minha cabeça, ela diz que não tenho nada a temer".

suponho que a única mentira que pudemos dizer aos filhos é que não têm monstros a temer. let their light shine and let them grow before they face it.

boogie street



(...) it's in love that we are made / in love we disappear (...)

o que fazemos entre ambos é o que nos define como seres humanos, ou não.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

como dormir no sofá em três tempos



post aparentemente machista, mas não é.

uma coisa que acontece com todas as mulheres (para confirmar a regra, só conheço uma excepção, e mesmo essa tinha de ocorrer em circunstâncias excepcionais), é que gera sempre uma insegurança quando o "seu" homem dedica atenção ao corpo de outra mulher. pode ser a mulher mais fascinante e desejada, a mais e melhor amada, a mais auto-confiante e segura, e acontece.

uma vez, há muito, numa relação muito bem estruturada, íamos a passear, braços em volta das cinturas, e cruzamos-nos com uma moça de decote guloso. eu, confiante na relação que tinha, olhei, devo ter sorrido. fiquei com a marca das unhas na cintura mais de uma semana......

o que é curioso acerca disto é que, para mim (e outros homens), a mulher que amamos é a mais desejável de todas, tem o corpo (e respectivas partes) mais belas do mundo. verdade que quando deixamos de a amar, o corpo (e respectivas partes) se tornam um pouco menos belos, mas nessa altura já não importa para quem olhamos. e nunca deixamos de os achar corpos muito belos, porque amámos a pessoa.

p. s.- ando a escrever alguns post's a relativizar a aparência física, é tema por onde tenho andado a utilizar o meu imaginário. não deixo de aprecia-la (à beleza física), mas convém não deixar que oculte a beleza (ou falta dela) real da pessoa.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

andriy e ostap



os russos adaptaram "tarass bulba", do gogol, para o cinema, este ano. estive a ver e gostei, apresentam uma perspectiva de elogio da alma russa, sem bacoquices. fica bem a um povo (neste caso, mas também a um grupo, submundo, família) enaltecer-se com o seu passado, sem o fantasiar, e construir em cima do que de bom foi feito pelos seus.

como todas as grandes histórias, esta tem muitos ângulos de apropriação. o que venho escrever hoje é o do que um pai deve e/ou pode esperar dos filhos. tarass tinha dois filhos, sendo que viu morrer ambos. é uma história de cossacos, gente de sangue guerreiro nas veias, tоварищ (tovarich), camaradagem indomável.

ostap, o mais velho do velho tarass, morreu assim, torturado pelos polacos para se vingarem das muitas mortes que ele lhes tinha causado em batalha. morreu como herói cossaco, sem gritar durante a tortura, e ouviu o pai, do meio da multidão, antes de suspirar derradeiro. pai orgulhoso a ver o filho morrer como ele gostaria de morrer, e morreria mais tarde.

andriy, o mais novo, morreu polaco. durante o cerco da cidade de dubna, reencontrou a filha do voyvod (comandante da cidade), por quem estava apaixonado. a princesa polaca enviou-lhe uma mensageira, a pedir comida, e andriy foi. na presença, declarou era seu (da princesa), renegou pai, irmão, alma russa, camaradas de armas. vestido de ouro, saiu da cidade sitiada ao comando de uma força e foi atraído até o pai, num descampado. tarass já sabia da "traição", confronto andriy, renegou-o de sua vez e matou-o. o rapaz não resistiu, esperou a bala em pé.

cada pai tem ideais para os filhos, mais livres ou tacanhos, tem-nos e é legítimo. cada pessoa (incluindo os pais e mães) têm princípios de que não podem separar-se (sob pena de deixar de serem as pessoas que são ou querem ser). pode acontecer que um filho os tenha diferentes de um ou ambos os progenitores, será uma alma livre para escolher os seus. nestes casos de divergência, é normal haver desilusão, principalmente se o filho vive contra princípios de um pai (como andriy, que morreu para a polaca, dos de tarass, que matou como cossaco).

sem deixar de considerar a legitimidade de todos os ideais (por mais idiotas que sejam), por moi, o ideal maior a ter para um filho (para a família e amigos também, mas com outra intensidade e responsabilidade) é que se realize como ser humano. não a mim, ao ser humano que sou, mas a ele, ao ser humano que quiser ser. a nossa responsabilidade não é escolher por ele, é ensina-lo a pensar crítico e mostrar-lhe como se descobre o mundo. depois, ele que pense como quer construir e o construa.

p. s.- na versão cinema, a princesa morre ao dar à luz um rapaz, filho de andriy. tempos modernos necessitam de finais optimistas, de tão desgraçados serem.

domingo, 15 de novembro de 2009

a belita


os mais perspicazes vão reparar na belita, aqui ao lado. eu e o meu pequenito adoptamo-la, escolhemos a cor e o nome (o nome foi ele, decidiu que é uma menina).

é uma moca escolher coisas com ele, parecemos árabes a negociar detalhes, mas os resultados saem a contento, e ficamos contentes.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

paixão, mentiras e desilusão



mentiras e enganos correm soltos e pessoas crentes são-lhes vulneráveis.

hoje não é acerca de nenhuma igreja ou religião, é de crença em geral, humana em particular. temos de acreditar em algo, algo de onde tiremos motivação e energia para construir, crescer, reconstruir, viver ou resistir.

ao acreditar nesse algo qualquer, abre-se a dualidade de ficarmos mais fortes e mais vulneráveis, em simultâneo: fortes por acreditar, e tão mais fortes quanto mais profundamente acreditarmos; vulneráveis porque o que nos atinge entra pelas portas e janelas que temos abertas.

é uma maldade tremenda permitir a alguém que acredite em algo se sabemos que esse algo não existe, é apenas apresentado para futuro aproveitamento da vulnerabilidade de quem acreditou. salvaguardar aqui, por justíssimo, que muitos enganos são de boa fé, tantas vezes nos dois sentidos, e acontecem porque as pessoas evoluem em sentidos opostos, ou apenas por má comunicação inicial. o que é imensamente diverso de mentiras e enganos de má fé.....

consequência destes enganos de má fé é a diminuição de acreditar de quem foi enganado(a), o que é uma fragilização do outro.

remédio para este mal é perceber que quem perde é quem mente, quem é frágil é quem constrói mentiras por a sua verdade ser tacanha, e que as constrói para diminuir os outros à sua amplitude por incapacidade de se potenciar à deles, believers.

arte é conseguir escolher em que(m) acreditar, porque apenas olhar para o pacote é mau meio, nunca se sabe o monstro que de lá vai sair (quem conhece o filme percebe a piada, é mesmo muito adequada)........

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

muuuuiiita beleza



para aligeirar, vou juntar o útil e o agradável.

de modo a evitar reclamações de que isto está a ficar muito sério e, ao mesmo tempo, continuar a escrever a sério, fica um vídeozito muito animado, que acumula com ser causa parcial de um dos meus poucos traumas de infância.

remete para conceitos de beleza estética (no caso presente, de muuuuiiita beleza......), evitem ver se forem impressionáveis.

estranha forma de viver



franck ribéry é um jogador francês bastante conhecido, por vários motivos: o maior, porque é um jogador excelente, criativo e poderoso; outro, porque guarda no rosto uma cicatriz enorme, resultado de um acidente automóvel quando era menino; e, para quem acompanha de perto as coisas do futebol, porque tem um sentido de humor tremendo e adora pregar partidas.

li algures, tempo e local, excerto de entrevista dele em que explicava porque não fazia uma plástica, para corrigir o rosto e apagar a cicatriz. ele respondeu que,
mais que a aparência estética, a cicatriz era importante para ele por recordar as dificuldades que venceu, para lhe permitir manter a vida numa perspectiva terrena (as palavras são minhas, o sentimento é o que recordo do que ele afirmou).

na "loucura", do mário de sá carneiro, um amante pretende desfear a mulher que ama, para lhe provar que a ama muito para além da beleza física, em que ela é generosa. estranha forma de amar?

até que ponto a beleza aparente comanda o girar do mundo?

graffitis



eu viajei muitos anos na linha de sintra, morava na amadora e estudava em lx. na estação da damaia (hoje desactivada) estava escrita, num muro velho, branco a letras negras, a frase "não haverá paz para os ricos enquanto não houver justiça para os pobres".
já calhou em conversa com outras pessoas falar da frase, e elas também a recordarem, de percursos repetidos.

desactivada a estação, os comboios continuam a lá passar, o muro ainda lá deve estar e a frase talvez também. não estando, podia, porque continua actual.

há coisas que a mente humana guarda, indelével. suponho que terei 80 anos e não me recorde de mil coisas marcantes na minha vida, mas desta frase duvido me esqueça.

guardei a frase porque adequada a uma necessidade que acho necessária ao meu mundo ou percebi a necessidade do mundo por causa da frase (entre outras coisas, claro)?

depois, tornou-se frequente ver desenhos coloridos de graffitis, tanto nos muros como nos quins, com o nome dos artistas. é uma expressão que não me cativa, porque raio há-de ser necessário a alguém afirmar onde esteve? eu percebo, mas desgosto, prefiro quem afirma existência com gestos, factos, acções. por exemplo, graffitis que provoquem desassossego. ou, mais difícil, sossego.

optimismos



ontem arranjei uma nova frase optimista, ao falar com uma amiga: "melhorar devagar é muito melhor que piorar depressa".

por vezes, tenho umas pérolas de optimismo, como "cada dia que passa falta menos um dia até estar resolvido" (útil em situações de resolução demorada), "a vantagem de estar muito mal é a enorme probabilidade de melhorar" (vem de uma música, de nome "the only way is up"), "posso pecar à vontade, estou em crédito com a sorte" (por causa de um dizer, quando algo ruim nos acontece, "seja para desconto dos meus pecados") e "qualquer dia ele vai ter vergonha na cara e sair" (entretanto, lá saiu), às quais vou juntar a de ontem.

outras frases optimistas de outros autores: esta e "não se ache horrível pela manhã, acorde ao meio dia" (brother's cortesy).

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

delicadezas com outros



costumo sair para café, depois de jantar. hoje jantei cedo, horários trocados, e saí.

estava a atravessar uma passadeira quando vi que um dos carros que parou à espera que eu passasse estava de luzes apagadas. eu tenho hábito de apontar, nestes casos, mas como estava muito perto do carro, acho que também formei a palavra com os lábios. o condutor percebeu, ligou as luzes do carro e, delícia, colocou um sorriso e agradeceu, mão no ar.

costumo fazer este género de delicadezas, segurar portas, apanhar coisas que caem, avisar para detalhes, faço sem esperar agradecimento, porque se esperasse ficava as mais das vezes pendurado, e não tenho pachorra de me incomodar com rudeza (termo delicado) alheia.

no entanto, bastas vezes também, calha a pessoa retribuir a gentileza, ser delicado de volta, como há pouco. nestas alturas, trocam-se mais que gestos ou sorrisos, tocamos-nos. se vos parece pouco.........

terça-feira, 10 de novembro de 2009

rêve et cauchemar d'escargot



freud explicou de maneira simples demais e não deixou muitas portas abertas para a diversidade, que gera variedade de sonhos.

os sonhos de cada um estarão directamente relacionados com as suas ambições e, em sequência, com as suas insuficiências.

daí, há quem sonhe com coisas que para outros são realidades adquiridas e desprezadas. esses outros, eventualmente, estarão a sonhar com a realidade pouco valorizada de quem sonha com a realidade deles. daqui, pode tornar-se muito produtivo quando duas pessoas de sonhos cruzados se cruzam.

acontece que alguns sonhos se revelam tremendos pesadelos, também eles fruto das mesmas causas dos sonhos, no sentido inverso. nestes casos, as pessoas descruzam-se e vão cruzar-se noutras quaisquer. pelo menos deviam, é menor ficar a empecilhar os sonhos alheios.

helena lollipop



as guerras costumam começar quando alguém quer algo de outro alguém. normalmente algo apetitoso, à la helena de tróia, que antes de ser de tróia era de esparta, antes de ser de páris foi de menelau.

depois foi uma guerra tremenda, daquelas que deixam heróis lendários e de onde nascem povos. os italianos são os descendentes de eneias, que liderou a fuga dos troianos, quando o cavalo de pau gerou homens. os romanos, alguns séculos depois de mundo a girar, dominaram as cidades gregas e absorveram-lhes a cultura.

nesta versão lollipop, há uma decisão mais que salomónica: cada um dos contendores leva um pedacito, e a aranha ainda fica com um baloiço.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

let's do it



uma pipa de gente acha que não consegue fazer uma pipa de coisas que quer fazer. em consequência, uma pipa de gente não faz uma pipa de coisas que quer fazer.

há uma expressão que expressa "are you a man or a mice?", tem a ver com a coragem de cada um para correr riscos. neste vídeo, a expressão é "are you a worm or a mice?", 'cause the worm did it.

há uma música de título "let's do it". canta de todas as almas que se apaixonam, mesmo "some argentins without means, do it, people say in boston even beans, do it".

coisas em que um fulano se encontra, depois de desenhar um logótipo e uma árvore de esferovite.

o bárbaro



do 1º conan, palavras de um rei acerca da filha que se perdia, pedindo ao bárbaro e amigos que a salvassem, em troca de tudo:

"there is a time, thief, when the jewels cease to sparkle, when gold loses it's luster, when the throne room becomes a prison, and all there is left is a father's love for his child".

mais tarde,
valeria, a menina guerreira dele (conan), diz-lhe:

"i never had so much as now, all my life i've been alone (...) you and i, we got warm, that's hard to find in this world".

a civilização evoluiu, mas continua a ter as mesmas fragilidades.

licão para a vida 1



quando estiverem a coar o óleo de fritar, antes de o guardar limpo, e a porcaria do funil o entornar (with a little help from you) para cima das vossas calças, não desesperem:

depois de se insultarem, a vocês, mais à porcaria da mania das ecologias e da comida frita e do mais que vos apetecer na altura, acalmem-se. dispam as calças (atenção ao facto de estarem sozinhos ou não, e de a companhia, havendo, vos puder ver de boxers, fio dental ou o que quer estejam a usar, ou não), deitem abundantes porções de detergente de loiça (nem tem de ser fairy, mas se for, melhor) sobre as manchas enormes e deixem as calças (ou apenas a perna oleada, fica a gosto) num alguidar (bacia, para quem não é do norte e não sabe o que é um alguidar, jesus), durante a noite em água quente (eu sei que vai arrefecendo, não faz mal). no dia seguinte, é só fazer uma máquina (temperatura alta, para garantir), et voilà.

agora de repente, fiquei a pensar se resultará noutros óleos. porque os óleos são todos lixados a deixar manchas, se não fossem tão úteis, ninguém lhes tocava.

"i don't want your money, honey, i want your love"



o que o mundo girou em vinte anos: isto, hoje em dia, era um sucesso.....

o que vale é o mundo continuar a girar, e o que está por baixo, não tarda, está a rir-se de cima.


domingo, 8 de novembro de 2009

caíram uns......



escrevi que o fulano não saía e ele, finalmente, saiu.

eu sei que custa deixar algo importante, quando se sonharam coisas grandes para esse algo, e quando se esteve perto de as realizar. mas quando se sente o avião a descer e não se consegue segura-lo, é sair e deixar a manette nas mãos de outro.

reconheceu que foi 4 meses atrasado (nisso, divide a culpa com o presidente), foi digno, tanto quanto podia.

saíram também o director desportivo (que jogava muito bem à bola....) e o vice presidente do futebol (que nunca vi jogar). agora falta o presidente e 2/3 da equipa.

a começar pelo caicedo, raios de abóbora. se ao menos ele caísse e não se levantasse antes do jogo acabar.....

coisas que definem povos



no zapping, calhou ouvir um pedaço das escolhas do marcelo. é raro apanha-lo, porque vejo mui pouca televisão. apesar de preferir o vitorino (tenho um certo fascínio pelo homem, que não entendo bem, nunca me debrucei nisso), gosto do processo lógico dele, apesar de comprometido.

o que apanhei hoje foi um comentário acerca do referendo dos casamentos homossexuais, que passo a comentar de seguida:

ele defende a legitimidade do voto parlamentar para decidir esta questão, porque durante a campanha eleitoral foi assunto debatido. eu discordo, porque assuntos houve vários e muitos outros deviam ter sido debatidos, mas parece-me redutor achar que os votos (e as abstenções) foram motivados pelas opções de cada partido acerca deste assunto (em verdade, teria sido um upgrade da escolha por carreirismo partidário).

na realidade, esta classe de decisões é definidora dos povos que as decidem, e os parlamentos têm funções algo diferentes (infelizmente), mais práticas e menos morais. é uma opinião discutível, mas eu penso as coisas assim.

numa opinião que reconheço estar relacionada com a pouca legitimidade representativa que vejo no parlamento, onde essa representatividade não passa do formal e do prático, agrada-me mais que uma decisão destas seja encontrada em referendo popular, de modo a expressar amplamente a vontade desse mesmo povo (votos e abstenções incluídas).

não me deixou orgulhoso o resultado do referendo acerca da (maior) despenalização do aborto, mesmo tendo votado com a maioria, porque não haveria motivo de orgulho qualquer fosse o resultado. foi uma decisão "moderna", que teve a virtude de olhar de frente para um problema, sem prender ninguém a morais alheias.

neste caso, dos casamentos homossexuais, vou ficar orgulhoso ou desiludido com os meus (os portugueses), se o parlamento não usurpar o direito de decisão, que, repito, acho não tem.

o orgulho virá se formos capazes, enquanto nação, de aceitar a liberdade de escolha sexual dos nossos iguais (sim, iguais), como está previsto na constituição, que não é só um processo de intenções, é a lei fundamental do país. impressionante como nunca ninguém referiu esta incongruência da lei com a lei fundamental......

já escrevi antes a minha opinião acerca disto, pelo que me repeti neste post, mesmo assim, vou elaborar: não percebo (percebo, é argumento) porque hão-de duas almas querer casar-se, se estão tão bem descasadas (porque é suposto estarem bem, se quiserem casar), mas, querendo, porque não hão-de fazê-lo só porque fazem xixi na mesma posição?

cada um ama quem ama, e se for amado de volta, fazem com isso o que quiserem. se quiserem casar, felicidades.

p. s.- aceito e respeito a posição da(s) igreja(s) no assunto. dogmas são, por definição, conceitos incontestáveis. mas dogmas desses não são os meus nem os de muitas outras pessoas, pelo que não temos obrigação de os respeitar, visto não os acreditarmos.

sábado, 7 de novembro de 2009

destino


a (in)submissa



este vídeo recorda-me brutalmente a "submissa", do dostoievski. no livro, a rapariga morre; aqui, na animação, a rapariga voa, mas é a mesma libertação, e o mesmo olhar de quem estava submissa, e o mesmo desespero de quem não soube ama-la.

só se pode amar alguém que seja livre para o ser, almas presas não amam inteiras. é preciso ser uma cavalgadura para tentar prender alguém junto de si: ou a pessoa fica, diminuída e infeliz, ou vai ser feliz noutra pessoa qualquer.

p. s.- fotografia do meu filhote, em manhã de neblina. estava também a minha mãe, não sei qual dos três andava mais feliz.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

o silêncio do lobo



não é muito usual fazer elogios fúnebres. os mais deles são falsos, fruto de remorsos por maldades que se revelaram desnecessárias ou faltas de atenção que foram necessárias, e não prestadas.

antónio sérgio morreu, sábado. morreu mesmo, porque, antes disso, viveu.

conhecia-o dos programas de rádio. o que acompanhei mais foi a "hora do lobo", primeiro na comercial, depois na best, agora estava na radar, acho. era uma altura em que não havia internet, quase não havia informação independente de circuitos comerciais, e quem queria descobrir musicalidades novas, ia ao estrangeiro, lia o blitz (menos produtivo e não audível, mas ainda assim rendia) ou ouvia os programas dele, na rádio.

mais que as músicas que se descobriam (ou tanto como, mas para mim, mais), valia o entusiasmo, o desejo de descoberta, a atitude de ultrapassar pré-conceitos, porque o que se descobria era novo, não enquadrável em nada enquadrado.

era como um puto ir, confiante pela mão dos pais, a um sítio novo: não sabia o que ia conhecer, mas sabia que ia gostar de conhecer, pelo modo como ia conhecer, mesmo que depois não gostasse do que tinha conhecido.

eu já não o ouvia há tempo, agora vou fazer as minhas descobertas noutros moldes, noutros lugares, noutras companhias. como os putos, que crescem e já não vão descobrir coisas pela mão dos pais. mas a confiança ficou, o desejo de descobrir, uso basto. alguma parte dessas coisas boas que possuo, foi dele que me veio.

antónio sérgio morreu, numa lua quase cheia. gosto de imaginar que ouviu um uivo, nalgum registo original, antes do coração silenciar.

che bella luna



é uma expressão que uso, quando a lua está como hoje, quando parece verão, céu limpo, lua cheia. em minha casa, a lua entra como outro amigo qualquer, porque tenho janelas no telhado. entra sem convite e faz-se anunciar radiosa. como outro amigo qualquer.

com a lua assim, quase sempre me lembro de um filme que gosto basto, "o feitiço da lua", de nome original, "moonstuck", com a cher e o nicholas cage. gosto do tio dela a gabar a lua, "cosmo's moon" e gosto da explicação dela para o acidente dele, fazer um paralelo com um lobo aprisionado, que preferiu arrancar uma pata à dentada para não perder a liberdade (casamento.....).

hoje tenho companhia feminina, para dormir.

?porque no te vas?



aquele fulano não tem a decência de sair!

se há coisa que me aborrece é gente agarrada ao que tem, vê-lo a desvalorizar-se por própria culpa, e continuar agarrado a ele, porque deixa-lo é ficar sem o pouco que se tem, mesmo que o pouco vá diminuindo constantemente.

este já é um ano desperdiçado, com a parvoíce do "bento forever", é uma tristeza ver a "equipa" jogar (podiam não ganhar, um gajo habitua-se, mas pelo menos jogar, raios). incrível como quem devia estar a olhar não viu, foram renovar-lhe o contrato (o anterior tinha acabado, chiça), agora querem que ele vá e ele nada....

vendo bem, entendo-o: se há coisa que alguém fraco (pouco competente) teme, é quem vem a seguir, quem irá executar o trabalho a seguir, porque, se esse "a seguir" for melhor (e uma pessoa sabe, se for fraca), muita gente vai perceber que ela é fraca, por comparação. se quem vier a seguir fizer a equipa jogar à bola, demonstrar que é possível, mesmo com pouco, fazer muito bom...

entendo, mas discordo: o que alguém fraco deveria fazer era tentar fortalecer-se, não esconder as fraquezas a quem não importa. porque, lá está, quem é fraco, sabe-o. you can fool somebody sometime, but you can't fool all the people all the time.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

bateria



o filho de alguém conhecido andava a aprender a tocar bateria..... eu sou rapaz de baixo, contrabaixo de preferência, também gosto muito de piano, pela facilidade de compreender a música (que compreendo sem conhecimentos técnicos, mas com conhecimentos de estrutura de comunicação, de provocação, simples e evidentes no piano, eiliminando a insuficiência de técnica musical), e, tcham tcham tcham, bateria.

bateria é algo que tenho dificuldade de entender, a nível estrutural, e mesmo visual (acho admirável como os bateristas não se baralham todos), mas a expressividade é tremenda. suponho que haja sempre uma presença tribal, não racionalizada, em qualquer percussão.

alguns dos meus bateristas preferidos (os catraios usam muito esta expressão, o meu, pelo menos, usa muito): max roach (de quem tenho uma gravação de um auto-retrato, aqui também numa ocasião de luxo, com expoentes máximos de cada instrumento (eu oiço com mais prazer monk que duke.....)), o animal (escrevi o post porque encontrei o vídeo) e, nos portugueses, alexandre frazão (já que escrevi de trios felizes, o deste vídeo tem muito que se lhe escrever).