sexta-feira, 30 de abril de 2010

camões



escreveu d"aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando". eu dei comigo a pensar que todos nascemos enormes, imensos, ilimitados. e que alguns, por actos humanos, assim se mantêm, enquanto outros, por vilezas e mesquindades, se reptilizam.

o dia nacional de muitos países é memória de uma qualquer batalha libertadora, o de portugal é o de um sonhador. que caminho fez entretanto a raça lusitana
que se dedicava à arte, que descobriu o mundo e o cantou, e de quem agostinho da silva disse que seria a consciência do mundo? porque nos aviltámos e prostituímos? "...pela verdura, vai formosa e não segura".

terça-feira, 27 de abril de 2010

lucky cat







salvo surpresas, todos nós temos coisas para os outros e coisas que esperamos dos outros. coisa que esperam de mim, quem conhece, é horizontes e espaço.

por esta altura tenho cá em casa um gato muito bacana. quase todos os gatos são bacanas, descobri com o gaspar e tenho confirmado desde ele, mas há uns que são mais que outros. o puskas é mesmo muito bacana, com único senão, ser gato de mamã.

ser gato de mamã é coisa mázita, mas não grave. puskas tem sorte, porque tem passado muitos dias comigo, sem mamã. consequência, puskas vai sozinho ao telhado. puskas volta sozinho do telhado. deve ser impressão minha, mas eu estou capaz de jurar que puskas reentra pela janela de sorriso nos bigodes. puskas sabe onde dormir, sem nagar ninguém. puskas come sem ser preciso estar ao pé dele.

claro que quando a mamã vem, puskas é gato de mamã. acho que puskas gosta dos dois puskas, e mamã gosta do novo puskas que sabe voltar sozinho do telhado.

eu gosto quando ele salta para o parapeito da janela, fica a olhar no vazio, à espera que digam que não pode ir, fica que tempos à espera de o ouvir. depois percebe que não tem desculpa, e vai. eu ouço-o andar nas caleiras e revessas, pisar as telhas cauteloso (qualquer dia vai começar a trazer pombos para dentro de casa, a linda trazia). se ele demorar por lá, vou à janela, assobio, chamo, e ele vem.

we're gonna build a cat outta that pussycat. eu e ele, e a mamã que deixa que ele cresça. puskas tem sorte, sim.

p. s.- talvez mude a fotografia, quando o apanhar a entrar e tiver o telemóvel à mão (iá tá)...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

névoas



porra, já é abusar.

o tribunal da relação de lisboa absolveu domingos névoa, o artista que tentou subornar o mano zé (sá fernandes, o político, outro artista, mas isso não é para aqui chamado).

fazendo um resumo da situação, o fulano tentou subornar com 200 mil euros o mano zé que, com a ajuda do mano ricardo (sá fernandes, advogado), montou uma armadilha com a judiciária, mais escutas, e o névoa foi apanhado em delito evidente.

trigo limpo, daquelas de nem precisar de julgamento.

mas isto é um estado de direito, e é evidente que houve julgamento. sentença, em vez de pildra, uma multa. recorre o ministério público de tal vergonha, e saí uma maior: sentença da relação, absolvido. não sei se haverá recurso para o supremo, mas se houver é melhor nem tentar, ainda o vão louvar por iniciativa.

a razão da absolvição é uma tecnicalidade, porque sendo evidente que se tratou de um acto de corrupção, não configura um qualquer aspecto da descrição desse acto conforme ele estará descrito no código penal.

fazendo uma chalaça, a modos de, em absurdo (e vendo bem, nem tanto), um fulano ser absolvido de pagar uma corrupção com uma nota 100 euros porque o respectivo código não descrimina que a corrupção pode ser paga em notas (ou que só vale se forem de 100 euros, com determinado número de registo, com determinada ponta dobrada e assim por diante).

depois de um professor da clássica tentar equiparar a homossexualidade à bestialidade num exame, depois de se saber que o mexia embolsou mais de 3 milhões de euros em bónus (inclui o salariozito) de uma empresa pública (pública!, pá, do povo) que cobra valores brutais ao povo (os donos, pá, é pública), só faltava a decisão da relação para ficar tudo nublado.

o maior problema económico, para mim, que o país tem (mais que a preguiça, a impreparação ou a falta de perspectiva e de inteligência) é a corrupção.

um dos maiores problemas que a que a sociedade portuguesa tem é a falta de vergonha na cara. se as pessoas lhe apontassem o dedo na rua, deixassem de fazer negócios com ele, isto não se repetia e não se ficava o espertalhão a rir. claro que se a justiça condenasse a corrupção também não.......

quarta-feira, 21 de abril de 2010

continuação



termos sociais, modos de falar, expressões de cumprimento mais ou menos curiosas.

termina-se correspondência com "grato pela atenção, os melhores cumprimentos" (há quem deseje comprimentos, o que torna a situação embaraçosa). saúda-se alguém com "bom dia/boa tarde/boa noite", ou se for alguém próximo com "ora viva, como estás?". diz-se "obrigado/a" ou "agradecido/a" quando nos facultam passagem ou disponibilizam algo.

antigamente destapavam-se cabelos em cumprimento, dizia-se "vossa excelência". no japão fazem-se vénias profundas ainda hoje. grupos de pessoas têm cumprimentos especiais, particulares, associados ao grupo. os índios tornaram famosos o "ugh". os russos e os franceses osculam-se. no boxe encostam-se punhos no início do primeiro e último assalto (e já vi adversários cumprimentarem-se em todos, coisa fantástica) e na esgrima levanta-se o copo da arma até à máscara, para baixar em seguida.

há exemplos destes que variam por questões regionais, sociais, culturais, etárias, históricas, profissionais e muitos mais ais.

uma expressão que me desperta sorriso é "boa continuação", ou, simplesmente, "continuação". eu associo ao norte (zona de coisas mui boas, mesmo para além de expressões e culinária), esta faz-me sorrir porque a pessoa que o diz não faz ideia do que está a desejar que a pessoa continue.....

dinâmicas



a maior diferença entre rotinas e dinâmicas é que estas pressupõem actividade e aquelas passividade. mas há rotinas dinâmicas e dinâmicas rotineiras.

cada um estrutura a vida conforme se sente confortável, eu assimilo-a como um fluxo, semelhante a um rio, onde há partes rápidas e zonas mais serenas, onde é importante saber nadar para evitar correntes e controlarmos o nosso movimento, ao invés de estarmos presos das vontades de correntes (vulgo, destino). já escrevi disto há muito, há tanto que nem recordo o título do post.

do que escrevo hoje é do que pode mudar a dinâmica na vida de cada um.

para inverter determinada dinâmica boa basta desleixe, rotina, não é necessário um acontecimento dramático (ou pseudo-dramático), sendo que este a deteriora mui mais rapidamente.

já para inverter determinada dinâmica ruim é necessário algo de extraordinário (fora do ordinário, incomum, especial): pode ser um trabalho novo, que orgulhe a pessoa por o fazer; um amor que faça a pessoa acreditar que é capaz de tudo que estava a pensar desistir de; um toque de arte (livro, filme, escultura, instalação, casa); um filho a nascer; o constatar repentino de algo tremendamente errado que se estava a fazer (la consciencia llamar); subir a uma balança e reparar na velocidade do ponteiro (parece piada, mas não é).

basicamente, uma de duas situações: reconhecer erros (e isso é realmente extraordinário) ou receber sonhos (que o é ainda mais).

terça-feira, 20 de abril de 2010

modas



uma coisa que me preocupa nos adolescentes de hoje é a disponibilidade para usarem símbolos e seguirem modas sem saberem o que significam. os adultos também seguem modas de modo imbecil, mas dão-se ao trabalho de não olhar para o que estão a fazer, são casos mais ou menos encerrados, enquanto os adolescentes, em idade de fazer opções, embarcam em muita coisa para fazer parte dos grupos que acham cool.

o exemplo disto que mais me danava (já pouco dana porque deve ter saído de moda) eram as t-shirts com el che. guevara lutou e matou e morreu pelo livre pensamento, por uma sociedade independente do capitalismo (e consequente consumismo), mas para os catraios, era só símbolo de rebeldia. contra quê, que importa?, era cool e basta.

apanhei hoje, de uma fonte no facebook, uma fotografia com texto que apresenta uma explicação para o início da moda actual de rapazes com boxers à mostra. não sei se é fidedigna, mas é credível.

claro que há coisas que nascem com um sentido, e depois o sentido muda, porque passou a ser usado com outro sentido, há casos até em que o novo sentido é tão ou mais rico que o original (originalidade é um capital, mas não o é em absoluto).

é um acto cultural de cada geração utilizar os símbolos que quiser, e com o significado que quiser, mesmo que seja vazio. claro que essa opção vincula a geração e os membros que nela se integram. do mesmo modo, e por opção, é um acto cultural de cada indivíduo integrar-se nos ícones da sua geração ou opor-se-lhes.

a mim não incomoda as calças descaídas, sejam em meninos ou meninas. já incomoda alguma terminologia (porque sei que o meu filha a usa ou vai usar), mas faz parte, come-se. acessórios à parte e bottom line,
continua a ser uma luta diária pelo livre pensamento, pelo direito à individualidade, mesmo que ela seja maioritária. como em todas as lutas, escolhe-se o lado da barricada onde nos sentimos confortáveis. essa escolha, como todas as outras, vincula-nos.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

o ensino (da medicina)



corporativismo é uma das atitudes que mais me ira. a minha profissão não o é, e perde direitos e benefícios por isso, mas prefiro assim (mais do que o que se têm, importa o caminho para o obter).

estava na ronda pelas notícias e dei de letras com um artigo de opinião de antónio gil martis, ex-presidente da ordem dos médicos e blá blá. todo o artigo soa a corporativismo, manipulação de informação em favor de interesse da classe. soa, não conheço o assunto, calhando estou a ser injusto no que escrevo, por isso escrevo com essa salvaguarda de não dizer que é, mas que soa. e soa.

mas o final do texto é uma pérola, pelo menos para almas distraídas como a minha. o final não é acerca de medicina, não aumentar o número de médicos (para que não se tornem de "pé descalço, como na antiga união soviética", outra pérola), ou criar um financiamento independente do orçamento geral do estado para a medicina ("
para o qual todos contribuam proporcionalmente aos seus recursos e do qual todos usufruam de acordo com o esforço que fizeram
", sendo que me parece que, a ser assim, quem não faça o tal esforço não tem direito ao usufruto, vulgo, saúde. e que a união europeia, ao contrário do nosso primeiro (que podia ter arranjado um curso de medicina, em lugar do de engenharia, não?), não deve achar piada à ideia de desorçamentação da saúde).

o último parágrafo é acerca de educação do ensino de medicina (que se pode generalizar para o ensino superior em geral), onde se sugere que, em lugar de admitir nas faculdades alunos com base em notas e numerus clausus, se opte por um sistema que favoreça "vocações". e o senhor acaba por sugerir um método, simples e eficaz (soa mesmo muito possível).

e assim, apenas porque não parou de escrever quando tinha dito o que pareciam as patacoadas todas, o senhor deu razão ao dizer "it ain't over until the fat lady sings" (dizer que, imagino, esteja relacionado com os finais das óperas, em que as cantoras, verdadeiras baleias com vozes (que pré-conceito....), terminam o espectáculo com notas dignas de admiração).

quinta-feira, 15 de abril de 2010

a puta e a deputada



correndo o risco de me tornar monótono e repetitivo, por andar a dançar em volta do mesmo assunto, tenho neste post a desculpa brutal de estar a dançar com a inêsita.

o assunto é a atitude das pessoas em frente ao trabalho público, ontem escrevi de "meros" funcionários, hoje de uma beleza no topo da carreira.

inês despertava em mim emoções mais profundas que a irmã (já de si, potente). inês era menos mainstream, aparecia em filmes com pessoas mais parecidas com o comum mortal, parecia mais tocável, (a)ta(i)ngível. está visto que um fulano vê numa mulher o que quer ver.

no passado fez papel de puta, mas hoje, inês é deputada. pode ver-se isto de duas perspectivas: a pragmática, onde é um upgrade; e a minha, onde é uma desilusão (não me atrevo a escrever desperdício, porque me conformo em aceitar que a moça só tinha de valor o que eu lhe queria ver).

hoje, inês viaja em primeira classe para paris, semanalmente, no nobre papel de ver se os filhos fazem os trabalhos de casa, enquanto ela se desgasta no nosso parlamento. inês não viaja em executiva, porque inês já não é puta. inês é deputada, viaja em classe conforto, por umas centenas de euros a mais, que o parlamento, sem lhe dar um tratamento diverso dos colegas, paga e cala.

inês, que está na comissão de ética do parlamento (por ter elevados parâmetros morais, visto que já não é puta), não acha mal um primeiro ministro mentir acerca de corrupção e associação a negócio público, porque houve um outro que mentiu muito mais, acerca de armas de destruição massiva. se inês estivesse na tal comissãozita quando o durão mentiu, talvez também o desculpasse, porque haveria certamente outro primeiro que teria mentido acerca de algo, antes, o que desculparia todas as mentiras posteriores.

esta é a mais fiel (por inesperada) interpretação da queda de um anjo, do camilo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

o funcionário público (e o) amolador



pre-scriptum - eu sou defensor da ideia de que funcionários ou operários trabalham melhor se estiverem felizes, nomeadamente com as condições de trabalho (incluindo, e para além, a remuneração e outras regalias). defendo igualmente que um funcionário ou operário deve merecer estar feliz no decurso do trabalho, ou seja, ele deve render ou produzir o suficiente para merecer as regalias que quer, não bastando para as ter o mero desejo. fim de pre.

os pilotos da tap ameaçaram greve, e parece que lhes correu bem. eu concordo que gente com a responsabilidade deles deve ser bem remunerada (incluindo e para além de remuneração), mas raios, de que se podem queixar almas que vivem a viajar de um país para outro, rodeados de hospedeira de bordo (agora acho que se chamam outra coisa, mas são tão simpáticas como quando eram "só" hospedeiras) a obedecer-lhes, com a mão numa manette mais potente que qualquer f1? e o diabo do presidente da tap (brasileiro e tudo) tem feito um mandato excelente, não se podem queixar de má gestão.......

2ª feira houve greve na cp, também. calhou estar na estação logo de manhã, ver a expressão das pessoas, umas chateadas, outras passivas, outras enojadas, outras raladas. calhou também ver um daqueles fuinhas sindicais, sorriso parvo, a distribuir apertos de mão pelos colegas qual político em campanha. não vi nenhum funcionário da cp solidário com os prejuízos dos utentes (que se chamariam clientes, se aquilo não fosse público), só percebi respostas tortas e chateadas a gente que estava a tentar cumprir as suas funções profissionais e não conseguia porque os comboios eram cancelados.

ontem passei em frente à câmara municipal. manifestação, ajuntamento, panfletos, eram funcionários camarários a reclamar sei lá o quê. eu conheço bastos funcionários camarários, e sei que alguns merecem reconhecimento que não têm. mas conheço muitos mais que, se ganhassem de acordo com a produtividade, não teria eu um processo pendurado vai para quatro meses, com uma quantidade generosa de euros igualmente pendurada nele, e ainda fora da minha conta bancária.

hoje de manhã cruzei-me com um amolador, daqueles à moda antiga, de facas e tesouras, a tocar gaita e a empurrar a bicla com a pedra de amolar. estava sol, as pessoas sorriam-lhe, mas o homem vinha triste. duvido que faça greve......

resumindo, eu conheço funcionários públicos que seriam (alguns foram mesmo) excelentes profissionais no mundo empresarial privado. são funcionários públicos, e sorte tem o estado (que somos nós todos) por o serem. depois conheço funcionários públicos que têm tempo demais, inclusive durante o expediente, para reclamar das condições de trabalho. quando eu pergunto porque não saem, se é tão mau, costuma terminar a conversa.

a perspectiva aqui em falta, para mim, é solidariedade. como se podem fazer exigências (mesmo descontando o demérito, porque esse as pessoas nem equacionam quando pensam em direitos) quando há um desemprego enorme, salários em atraso em banalização, dificuldades generalizadas? claro que o(s) governo(s) é um (têm sido) asco, mas não seria mais fácil mudar de atitude na altura de votar? como se quer uma economia competitiva, se competimos com economias que têm funcionários a trabalhar 16 horas, e sem regalias (não defendo isto, antes defendo uma mudança de atitude e regras da comunidade europeia criando entraves a importações de países com produções em condições desumanas, mas isso é outro post)? se há dias para tanta porcaria, porque não um dia para trabalhar em condições indianas, ou chinesas, ou de emigrantes ilegais? ou porque não, simplesmente, se os funcionários públicos são tão maltratados, experimentar o mercado privado, crescer lá, fazer-se homem ou mulher, gente, ser útil?

a perspectiva em falta é solidariedade e vergonha na cara.

terça-feira, 13 de abril de 2010

enguias na ti isaura e outras coisas



hoje disseram-me de passos coelho: "tem vícios novos", e percebi porque aprecio o fulano.

também hoje, comi enguias fritas, coisa fina, na ti isaura. senhora de vida vivida, não cozeu pão, hoje. gente tão boa que lá estava, gente humana, uma família parecida com a minha.

ainda hoje, antes disto tudo, estive a ajudar a vender peixe congelado a um fulano de vícios antigos, coisa mais aborrecida, que nem o ele ter comprado melhora.

depois disto tudo ainda passei na catarina, mulher de trabalho, amarga de amor desfeito. deve também ser estudo antropológico curioso, a consequência de certos amores desfeitos no aumento de peso exponencial (ballooning) em certas mulheres.

a minha pequena já não está, hoje. hoje, tocaram-lhe de uma maneira bonita, e não fui eu. hoje, se ela estivesse, também a tocaria de uma maneira bonita. mas hoje não está, e o toque fica diferente, quando ela não está, fisicamente.

domingo, 11 de abril de 2010

perdão por amor



pré- hoje disseram-me que a distância entre amor e ódio é quase nenhuma. não no meu mundo, aí estão em hemisférios opostos. uma amiga diz que a estupidez é a característica menos desculpável, para mim é mesquindad.

hoje estive com pessoas que amo, de amizade absoluta. e no regresso, vinha a pensar e falar: como é possível que certos comportamentos, acções, sejam por mim perdoados, apenas porque foram cometidos por pessoas que amamos? será porque as amamos
(como, se não os perdoo a outros que amo igualmente)? porque pessoas que amamos os perdoaram? focando, amamos os defeitos e pecados, ou as virtudes e qualidades? isso importa, em quem amamos?

amamos pessoas. se as amarmos realmente, amamos-las inteiras.

sei de quem perdoou por amar. sei de quem perdoou por amar quem perdoou. sei de quem amou em perdão. sei de quem perdoou quem amou sem saber se realmente.

suponho que sejam sentimentos independentes, que ocorrem ocasionalmente estar em paralelo. conseguir perdoar é um descanso. merecer ser perdoado é riqueza.
amar é a última fortuna.

que quem for capaz de perdoar, perdoe a quem não for capaz de amar.

terça-feira, 6 de abril de 2010

fidelidade



"a fidelidade não será um egoísmo terrível, egoísmo e vaidade, como a maior parte das coisas e pretensões humanas na vida? quando exigimos fidelidade, queremos que a outra pessoa seja feliz? e se a outra pessoa não é feliz na prisão subtil da fidelidade, amamos essa pessoa de quem exigimos fidelidade? e se não amamos o outro de modo a fazê-lo feliz, temos o direito de exigir algo, fidelidade ou sacrifício?"

podia ter sido eu a escrever isto, mas não fui. sándor márai, "as velas ardem até ao fim".

domingo, 4 de abril de 2010

bái no batalha



é uma expressão tripona (foi uma amiga do norte que me ensinou), e quer dizer "ganda filme que estás prái a contar" (o batalha é uma sala de espectáculos da invicta. continua a ser um edifício sensual, mas já não bái muito cinema lá, acho).

o modo como as pessoas comunicam tem isto, expressões expressivas e afirmações exageradas. as pessoas fazem filmes das suas vidas, e contam-nos aos outros, por necessidade de assistência. deve dar um bom estudo sociológico ou antropológico, analisar as pessoas pelos filmes que contam, dramas ou comédias, terror ou documentários, acção ou ficção, musical ou animação.

o teatro tem vantagem, nisto. se no cinema me vejo como espectador, no teatro sou personagem, ou escrevo, ou desenho cenários. e no teatro há cheiros e sabores e as pessoas tocam-se, emocional e fisicamente. e parece que também bái algum teatro no batalha.

hoje passei lá, no batalha, e ando com a sensação que vou usar esta expressão mais frequente.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

fools day



dia de mentiras, hoje podem dizer-se barbaridades que ninguém leva a mal (ahaam)..... é uma tradição meio parva, prefiro o carnaval ou halloween, porque aí se encarnam personagens.

de qualquer modo, e porque aqui se presta hommage aos inimigos, fiquem com isto, mais isto, e ainda isto e isto. também isto e esta pérola (se querem saber, mil vezes poetas com rimas que um mentiroso compulsivo, but that's just me).

a melhor (e única) parte boa da mentira, é quando se vai espreitar por trás e se lhe descobre a careca....