segunda-feira, 6 de abril de 2009

gracias por la comprensión



vou deixar de escrever aqui, por uns tempos.

construí nisto um lugar de prazer e ando sem nenhum. o que escrever aqui, para continuar a ser franco (i wouldn't have it any other way), vão ser tristezas e raivas, coisas que guardo para mim e aqueles que me estão mesmo muito próximos.

eu sei que há dores e prazeres que andam a par (questões de intensidade), mas neste caso, nada feito, é sentimento apenas com um sentido, e fica-me impossível sentir outro sentimento quando nem consigo falar com o gustavo.

p.s.- há quem aguarde a justiça divina (sou agnóstico convicto), há quem confie na justiça dos homens (e mulheres). seria uma bela vitória da escrita sobre ambas, o eu deixar de escrever aqui ajudar a resolver o problema (a causa diz que gosta de me ler). o mundo seria realmente fantástico...

sábado, 4 de abril de 2009

explicações



para quem vem aqui e não me conhece, suponho que andem a achar isto algo estranho, outros assuntos, outra perspectiva do mundo, mais nostalgia e menos alegria.

há uns tempos atrás disseram-me que isto estava a ficar personalizado, que o que escrevia não era perceptível para todos por ser direccionado para algu(ém)ns em particular. por isso,
eu acho que devo explicar a alteração de ambiente que aqui aconteceu (por isso e porque me apetece, bem entendido).

acontece que todas as pessoas atravessam fases melhores e piores, ciclicamente ou não, abruptamente ou não, auto-induzidas ou não, controladas ou não. não deixam de ser a mesma pessoa (isso seria grave, muito grave, grave com uma amplitude tremenda), mas são a mesma pessoa em circunstâncias diferentes (dou exemplo, não usamos a mesma roupa no banho e na esplanada (falei de roupa mas podia ter referido cantar, neste exemplo), diferentes circunstâncias, diferentes apresentações, mas a mesma pessoa).

eu sou um fulano são, mentalmente (há uma opinião em contrário, risos), apesar de "doido" e "louco" (atributos que tem a ver com pensamento livre e descomprometido (mais uma faceta de sanidade)). em circunstâncias "normais", esse é o joão que faz os post's, provocador, bem disposto, frontal, generoso e imodesto (quem achar que estou a abusar, pode continuar a ler na mesma).

costumo manter esses atributos e essa atitude mesmo perante adversidades (não que não me afectem, mas não entram fundo em mim) perante doença, falta de dinheiro, algumas injustiças sociais, burocracia, os knicks ou o sporting. o que me afecta mais profundamente são injustiças de/a amigos, preocupações que a minha família tenha, males de amor (e nem todos), ver pessoas que merecem mais ter menos do que merecem. mas até perante estas mantenho a mesma perspectiva, acho que até a acentuo.

what kills me, is something else. a única coisa que me desorienta é não ver o meu filhote rir, não brincar ou conversar com ele, não ter os abraços nem os "tu és o meu melhor pai", ninguém a quem contar histórias inventadas, todas de rir. desorienta o meu mundo, abala fundações, ficam nuvens.

eu sou o mesmo, acredito no mesmo, faço o mesmo (porque faço com convicção de que faço correcto), sonho com o mesmo. mas faço isso tudo com muito menos alegria, tenho de a procurar noutras perspectivas e nessas outras perspectivas há menos (em quantidade e profundidade).

conheço quem diria que não deve explicações a ninguém. eu acho que quem nos valoriza (nos dá valor), merece respeito, pelo menos. gosto de acreditar que quem vem aqui ler-me, vem de espírito aberto, e quem vem até mim dessa maneira, merece o mesmo, de volta. porque quem vem aqui está próximo, gosto que o esteja sabendo do que e de quem está próximo.

por isso, este foi um post de frontalidade e respeito.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

o pato e o sapo


hoje baixou nóstaugia, saudadi do meu fi'ão.

pra num ficá xorámingando, fui sacá uns vídio di umas música que ele canta tão lindo...

o pato e o sapo que não lava o pé

quinta-feira, 2 de abril de 2009

locais e tempos



alguns de vós conhecem a pastelaria mexicana, em lisboa, na praça de londres.

parênteses, (gosto destas toponímias, de receber um pedaço de outros mundos dentro do nosso, seria tão mais agradável se fizéssemos o mesmo com as pessoas, emigrantes. falando disto, tenho de dizer isto: há um aglomerado de ruas, perto da estefânia, também em lisboa, com toponímias de ex-colónias, devia chamar-se bairro dos palop. e como as lembranças são como as cerejas, lembro-me de me encantar por uma eugénia, numa entrevista de trabalho, moça adorável que não voltei a ver por cobardia minha (não me lembrava dela há anos, foi o local que ma trouxe de volta, locais fazem isto)).

outro parênteses, (perto da mexicana fica a surf, gelataria ocasional da minha infância e adolescência, popularizada pela conversa da proprietária com joão de deus, mestre gelateiro na surf, acerca de analidades de uma funcionária (e pela qualidade dos gelados, claro)).

há uns anos atrás surgiu ao conhecimento público um projecto de remodelação profundo da pastelaria, coisa normal num país onde muito do que tem história e qualidade (sublinho qualidade) pode ser substituído por algo mais actual e higiénico, fácil de gerir, até por gestores tacanhos. por um acaso daqueles que acontecem raramente, houve um movimento civil (bravos à minha ordem, esteve na frente disso, e se falo mal quando fazem mal, gabo quando merecem, aquilo tudo ainda gerou uma visibilidade da obra do arq. ferreira chaves, à laia de mais valia) que conseguiu impedir a "modernização" e manter as memórias (o excelente disto tudo, é que o espaço não só mantém memórias como tem qualidades para criar novas delas para o futuro). pessoa (ou povo) que não saiba viver com o seu passado terá fraco futuro...

pois a mexicana, para além de história, umas parras excelentes e uns funcionários pouco simpáticos, tem no interior um recanto onde vivem passaritos (à esquerda, na fotografia que apresenta um painel de mestre querubim lapa, dedicado ao sol mexicano). é um salão lindo, até os funcionários se suportam, os pássaros parecem felizes (memória doce, o meu filhote gostou deles, quis saber como se ia lá dentro dar-lhes comida...), mas estão presos.

o espaço onde estão faz-me lembrar o meu saguão, porque não se lhe vê o tecto (que parece não ter) e luz entra zenital, fica a sensação de que são livres. mas os "meus", no meu saguão, são mesmo livres, andam felizes com a chegada da primavera, passam dias a cantar, acordo com eles assim.

sei que já escrevi deles várias vezes, calhando estão a tornar-se obsessão minha. acho que sou obcecado por alegria e liberdade, e se a liberdade é difícil roubarem-ma, já a alegria encolheu, desde sábado à tarde. nem um beijo lhe consigo dar, não atende o telefone...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

(in)stabilidades



quem acredita em destinos fatais dirá que é coisa do destino, fatal como só ele. eu sou mais de acreditar que, fazendo as coisas bem feitas (com carinho, pressionando na altura, local e com a intensidade certa), as peças encaixam que é um luxo.

e vai que mal tinha acabado de escrever post de nome "abanos", logo surgiu motivo para escrever outro de nome "(in)stabilidades". é nestes momentos da vida que sabemos que estamos certos...

convém, por este ponto, fazer uma distinção mui importante: instabilidade e desequilíbrios não são sinónimos. repito, não são. capice, tutti? de desequilíbrios já escrevi, vão (re)ler atrás, se vos aprouver. de instabilidade escrevo abaixo, é descer...

estável é aquele(a) que sabe o que faz, que o faz com convicção, que não precisa de jurar o que diz, que se compromete com a sua palavra, tenha ela suporte escrito, oral, gestual ou qualquer outro.

novo reparo, não confundir estável com imóvel. estabilidade é excelente mecanismo para a dinâmica de quase tudo, gera o oposto de imobilidade.

mais uma, prestar atenção, meninos e meninas: mudar de opinião não significa necessariamente instabilidade, antes é sinal de capacidade de raciocínio e crescimento humano. já se for a modos de cata-vento, é tiro e queda.

instável é aquele(a) que diz hoje diferente do que disse ontem e amanhã vai mudar de dizer outra vez, quando não calha no mesmo dia, e várias vezes ao dia (há gente muito instável, pelo menos gabe-se-lhes isso. havia um personagem de bd qualquer (um daqueles malvados que nos fazia compaixão, talvez irmão metralha) que afirmava: "a minha mãe disse-me que, fizesse o que fizesse, fosse sempre o melhor de todos nisso (por exemplo, ser preguiçoso, mentiroso)).

fica vídeo do groucho, o mais instável e divertido dos marx, a demonstrar o que um fulano (ainda que mui bem intencionado) tem de fazer para adaptar o que disse a novas... situações.

abanos



engraçado como certas coisas análogas se aglomeram temporalmente.

ainda na 6ª passada, antes de ele ter sido removido, estava a brincar com o gustavo, abanava-o para ele perceber coisas (estão a ver a cena?). foi uma galhofa, ele queria sempre mais, dizia sempre que ainda não percebia bem... mas, como escrevi, depois deixou de ser, azar o nosso.

entretanto, começou a abanar a terra, nos açores. lá tem menos piada, ninguém se ri. eu já escrevi aqui que criei relações com (algum)as ilhas, conheço pessoas, relatam-me sensações. nestes momentos fica mais fácil (e mais tremendo) imaginar a formação das ilhas, vulcânicas, os vulcões activos (há pessoas parecidas, costumo gostar bem delas).

outros abanões dão-se quando temos noção de algo que fizemos (ou não), normalmente mal. é sentido de percepção tardia que nos abana, nos faz ver o que queríamos ter feito antes e não fizemos. são abanões bons, também estes, porque nos permitem crescer, a compreensão abana e desenvolve. mesmo que produza efeitos apenas em situações futuras...

também chegou o calor, sandálias e chinelos saíram à rua, as esplanadas estão cheias de meninas a abana-los nos dedos dos pés (aprendi há pouco que esse abanar se denomina dangling, pelo menos em brasilês (convém referir que os pés das portuguesas são muito mais atraentes...)).

mau, mau, é ficar de mãos a abanar...