quinta-feira, 1 de outubro de 2009

educação académica



por causa de uns imbecis que moram no prédio ao lado, tenho discutido um assunto com uma amiga e vizinha. o assunto é a razoabilidade de esperar que alunos universitários tenham melhor educação (cívica, social) que a restante população sem frequência académica. discordamos. ela pensa que sim, salvo excepções, eu que não existe relação de causa/efeito.

escrito isto, que se deve esperar (a mais) de alunos universitários? que mais valias lhes proporciona a frequência académica, para além das académicas (o post não é acerca destas, a ver se não as afloro demais)?

eu acho que nenhumas, que a formação humana, pessoal, social, cívica, se desenvolve e consolida muito antes. salvaguardando o facto de um estar sempre a aprender, e de almas nessa faixa etária o estarem ainda mais (pelo menos, deviam, se lhes é proporcionado período de anos sem responsabilidades de produção efectiva, deveriam aproveita-lo para produzir fundações de conhecimento e pessoais), a verdade é que nessa fase escolar, o cerne da mensagem está em questões pré-profissionais, técnicas ou teóricas, restando uma intervenção marginal em questões humanas ou cívicas.

justo, depende da preocupação de cada professor, de cada formador, mas sejamos mesmo justos: têm eles essas preocupações, ou estarão mais ralados com os critérios pelos quais vão ser avaliados? at the end of the day, money talks, loud.

isto vem, aliás, de fases anteriores do percurso escolar: eu dei formação, e atirava muita coisa à cara dos putos (pré-universitários, chamo putos por carinho), mas fazia-o de luxo, por não ter de me ralar com o contracto do ano seguinte, por puder mandar às favas as avaliações que me faziam. a atitude generalizada, o que se discutia, eram outros aspectos, e quando se chegava a estes, a frase mais pronunciada era algo como "nada a fazer, eles já vem assim, se nem em casa lhes ensinam educação, vamos ser nós?". pois, se não forem outros, e tivermos responsabilidades (e tinham), é melhor sermos nós.....

sendo pai (responsabilidade maior do mundo, nada a ver com direitos), sei que é por casa que se começam fundações. o meu puto sabe que, comigo, respeita toda a gente que gosta dele, devolve com prazer o carinho que recebe, não deixa ninguém de fora. o meu, porque me ralo, sei que não vai fazer tristes figuras (bem, fazer vai, mas não relacionadas com má educação, mais depressa serão resultado de maus amores (risos)).

para além do meu (e, relativo a cada um, do(s) seu(s)), nada impede e tudo aconselha a ter-mos papel no dos outros (ainda para mais quando quem devia ter tido esteve ralado com carreira, arrumação, imagem ou aparência). porque, tantas vezes, em fases de desenvolvimento ainda influenciáveis, resulta basto eficaz dizer a alguém, que acabou de fazer uma graçola imbecil, "isso tem piada? é o máximo de que és capaz?".

uma coisa curiosa na má educação é a necessidade de aceitação exterior (dos ouvintes), uma vez que de interior, bem, é vazia. se do exterior não a tiver, acontece a tal triste figura. já uma atitude justa, com graça ou sem, mas firme de princípios, não necessita de aplausos, vive de per si, mesmo que isolada (temporariamente). nesta altura, poderia caber "mais vale só que mal acompanhado", mas prefiro encaixar "junta-te aos justos, e serás como eles".

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