domingo, 28 de fevereiro de 2010

finalmente!



ninguém vai acreditar no que estou a escrever, mas a verdade é que satisfiz o desejo da alquimia moderna!

em lugar de se procurar a descoberta da fórmula para a transformação de outros metais em ouro, como na antiguidade alquímica, a alquimia moderna é uma batalha de sexos: atrás de uma barricada, as mulheres, com o desejado segredo; atrás da outra estão os homens, tentando penetrar e, mais, tentando obter o segredo para a compreensão das mulheres.

parênteses (os homens, corre lenda desvalorizada, também tiveram uma barricada atrás da qual guardavam o segredo para a compreensão masculina, mas abriram as portas a todas as mulheres que surgiram armadas de short skirt and a long jacket).

pois eu, ontem mesmo, depois de actos de bravura indescritíveis e tremendo desgaste físico e oral, fiquei de posse do segredo mais cobiçado de todos. eu, aqui desgastado mas feliz, posso afirmar que entendo as mulheres. todas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

cintos de castidade modernos



quando fiz o cap, usei como tema de trabalho final a evolução de parâmetros que valorizam as casas, ao longo da história. foi em cima do joelho, porque aquilo era pro-forma para ter o documento (que consegui a modos de farinha amparo, confesso), mas saiu bem, tanto que um dos colegas do curso, depois de eu fazer a apresentação ,quase me chamar génio (local de baixas expectativas, está visto). ainda tenho o power point, vou ver se consigo arranjar o vídeo, conseguindo, coloco-o aqui, ou no facebook.

lembrei-me disto hoje, porque vi uma moça passar por mim, na rua, e achei que ela vinha vestida de armadura. daí associar o tema do meu trabalho final à evolução da armadura, ao longo dos tempos (pensamento de quem tem tempo para divagar nestas coisas, das quais, confesso, retiro enorme prazer).

a escrita moça vinha completamente arranjada, cabelo apanhado, óculos escuros, elegante, pose segura, andar confiante. daí a percepção de armadura que tive. seria uma moça extremamente atraente, se não notássemos o que faltava: humanidade.

muitas pessoas andam armaduradas assim, pela cidade, umas com mais graça, outras com menos, mas quase todas andam.

as pessoas, à la campagne, são diferentes, andam de peito aberto, e olham de frente sem se ralarem que se perceba para o que estão a olhar e o que pensam do que estão a ver (com o que isso tem de bom e de mau). mas a verdade é que se metermos conversa com alguém "rural", a pessoa vai ficar curiosa connosco, vamos falar, calhando acabamos a beber uns copos, e difícil vai ser vir embora.

cá, as pessoas são intocáveis, tentam parecê-lo tanto que se tornam intocáveis. e fica difícil tocar-lhes, por isso. e fica estranho que se queixem de não ter carinho no seu mundo, quando o deixam do lado de fora das armaduras que, orgulhosas, ostentam.

como se pode acariciar o cabelo de alguém, se só a ideia de o desarranjar é desconfortável?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

sexo de consolação



pré scriptum - engripado, ranhoso, raios....

entrando no assuntito, escrevo por causa de um amigo que publicou uma imagem muito sugestiva, no facebook, no âmbito de uma disputa (....) acerca de prazeres culinários. ele, benfiquista (de resto é boa pessoa), espetou a capa do jornal com as 4 bolas de berlim (essa aí em cima, copiei), e eu larguei-me a rir quando li aquilo (porque um fulano, perdendo, pode perder bem ou perder mal). dei os parabéns pela ideia (put credit were credit is due), e recebi comentário de ter ganho o prémio fairplay.

este é o enquadramento, aprofundando: vamos imaginar que um fulano é do sporting (não, bem basta a realidade.....), aham, vamos imaginar que um fulano é do benfica (épá, isso também não), aham, vamos imaginar que um fulano é, vá lá, do braga.

ora, um fulano do braga, por estes dias, anda inchado (depois do último fds, noutro sentido. vamos imaginar também que escrevo isto a semana passada, para evitar ter de colocar a hipótese de um fulano ser do porto), feliz da vida, a publicar mensagens alegres no facebook e quejandos.

vendo bem, esse fulano é parvo.

e porque é parvo esse fulano? simples, porque andando ele sempre bem disposto e a acirrar os amigos com as vitórias do futebol, nem repara no que anda a perder.

e que anda a perder esse fulano feliz por coisa nenhuma? boa pergunta: sexo de consolação todas as semanas, e em muitas das semanas com direito a repeti-lo, sem ter sequer de o sugerir......

é por isso que, sem me queixar do amigo carvalhal, estava capaz de assinar a petição para o paulo bento voltar na época que vem (que alguém perdoe o meu pecado por ter escrito isto, mesmo como graçola, doeu).

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

roupa passada



estava a falar com uma amiga, outra tarde destas, e estávamos a concordar que mau sexo, família intrometida e falta de dinheiro são potenciais problemas em relações sentimentais. no outro lado, dinheiro não compra toda a felicidade, a família (escrevo da minha, porque a tenho excelente) costuma ser parte boa nisso, e sexo, bem, sex is over rated.

claro que mau sexo (em qualidade e/ou quantidade) é um foco interminável de problemas (com solução, e solucionar problemas sabe bem, ainda mais estes), mas não basta sexo excelente para gerar felicidade. aham, toda a felicidade.

nem concordo que seja pelo sexo, no sexo e/ou durante o sexo, que melhor se transmita e/ou crie a distância de conforto entre amantes (pessoas que se amam, no sentido extra-físico).

isso dá-se noutros gestos, como lavar a roupa de outro, deixa-la arrumada e arrumar a de um junto dela, numa gaveta a dizer "estou cá". eu gosto de sexo, muito, mas gosto mais quando cuidam de nós, não por precisarmos, mas pelo prazer que sabem vamos ter por terem cuidado.

tenho um amigo que, há tempos, se encantou com uma tábua de passar a ferro de madeira, look retro. meu amigo, não é acerca da tábua, mas do que move a mão que segura o ferro.

master of my domain



king of the castle, master of my domain, são expressões que uso por causa deste episódio de seinfeld. na realidade, há alturas e circunstâncias em que se torna difícil manter domínio de desejos e, principalmente, sonhos.

há dias disseram-me que sou muito adulto (verdade, disseram mesmo, com convicção, e a pessoa até me conhece bem), mas a verdade é que sou muito catraio em muitas coisas. uma delas é que, se me disserem algo, eu levo a peito, e fico sentido quando calha diferente. pior, se me deixarem acreditar em algo, eu acredito em algo ainda maior, só porque o quero maior. e fico sentido quando calha pequeno.

vai daí, lembrei-me do seinfeld e do master of my domain. é teso ser adulto e ter de controlar os sonhos.

next time arround



great song, stupid movie, beautiful girl and an impossible situation. right?

toquem as trombetas



o corneta morreu.

era o peixe cá de casa, chamava-se assim porque era de raça cometa, o gustavo percebeu corneta, depois achou piada e ficou de nome. morreu depois de vida prolongada (e aborrecida, na perspectiva humana) passada num aquário grande demais para um peixe solitário, num ambiente de cor verde mágica.

se o corneta tinha queda para a fantasia, viveu toda a vida num lago de uma floresta encantada, onde, por vezes, apareciam cachopitos (principalmente um, a dar-lhe comida, "poucochita, assim, pai?") e calhava entrarem fadas e gnomos, gatos e cadelas. e luz, muita luz, o mundo dele era brilhante, quando o aquário não estava quase opaco.....

unicórnios não terá visto, mas quem sou eu para afirmar, que não estive sempre lá.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

na dor



há alguns meses atrás fiz uma tatuagem. já deixei aqui fotografia dela, ambas responsabilidade (mérito) do gustavo: foi ele que fez a fotografia e foi por causa dele que fiz a tatuagem. quem nos conhece, sabe porque a fiz, não vale a pena alongar nisso.

eu entendo dois motivos para fazer tatuagens: estética, que não me entra bem, apesar de gostar da estética, falta a profundidade; e de sentimento intenso (amor, ódio, paixão, perda, vitória, abandono, sonho), sendo que é a intensidade que materializa dor, daí se transformar uma dor emocional em dor física (que dói muito menos), pela agulha.

hoje, enquanto tomava banho, meu filhote fez um carinho na tatuagem "dele". fiquem seguros que o carinho mais poderoso é aquele que é feito directo sobre a dor, por aquele que a pode aplacar.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

were home is



a música canta, a certa altura, werever he lay his hat was his home.

i kindly disagree, home is were your dreams are. claro que se pode lá pendurar o chapéu, junto aos sonhos, o que validaria o verso da música. mas um acaso não faz uma verdade.

parting ways



the thrill is gone, nate (n8) robinson vai para boston, parece.

estava à espera, é um fulano difícil de gerir, e o meio em que estava, de desleixados, não ajuda. em boston vai ser um senhor, e como dizem nos comentários aos blogues que acompanho, "he is gonna drop 50 on the knicks.....".

escrevo de relativa desilusão porque é o meu jogador favorito, e vai jogar nos rivais, mas escrevo para repetir aqui um outro comentário de um outro blogue: "going to miss him, n8 is like loving a woman who's real good in bed, but she lies. i know she's not the best thing for me but.... damn!". parafraseando o octávio machado, vocês sabem do que estou a falar.

há pessoas que custa deixar para trás porque cabem em nós, há pessoas que custa deixar para trás porque deixaram de caber em nós, e há pessoas que custa mesmo deixar para trás porque insistem em seguir-nos.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

rencarnação



sou céptico acerca de bruxarias e feitiços (excepto num enquadramento sentimental), coisas sobrenaturais. acerca de hipnotismo e outras potencialidades da mente, sendo céptico, não o sou de todo, ou seja, reconheço que o cérebro está por conhecer, e pode bem (deve) ter capacidades que não damos por adquiridas, hoje.

algures, aparentemente na fronteira disto tudo, está a reencarnação. mas pode nem ser na fronteira, e hoje dei-me conta disso, numa daquelas conversas reveladores que me acontecem, ocasionalmente.

vejamos isto: uma pessoa é hipnotizada (há quem seja, estará relacionado com uma capacidade do cérebro permitir acesso a aspectos que gere, contornando bloqueios pelo hipnotismo).

admitamos que uma pessoa, ao ter bloqueios desbloqueados, revela/descobre (re)conhecimentos que não são da sua vida actual, num modo que implica conhecimentos de vidas passadas, anteriores à sua.

céptico quem for, explica que tais conhecimentos podem ter sido adquiridos não por vivência real, do hipnotizado, mas por hear/tell, conhecimentos adquiridos de outros e não seus.

mas e se os conhecimentos forem de tal modo pessoais que apenas podem ser do conhecimento do próprio?

céptico, ainda, explica que tal conhecimento é a materialização de um sonho, e ninguém pode contrapor com precisão, porque o conhecimento é de tal modo pessoal que apenas o hipnotizado, agora sonhador, é único portador dele, pelo que mais ninguém o pode confirmar.

agora, por exercício de hipótese, vamos deixar cepticismos de parte, e olhar para o mundo com reencarnação, com as considerações que abaixo deixo.

logo à partida, uma questão: que acontece às almas, depois do corpo morrer? parece que, sendo puras, ascendem a um patamar de conforto, de onde, agrada-me imaginar, não são expulsas (por mérito de pureza). as pérfidas, por desconforto, penam (daí a expressão almas penadas, imagino), e têm de reencarnar, em busca de aperfeiçoamento.

escrito isto, como uma estrutura de mundo além-físico assente em mérito de pureza de alma me agrada, vamos explorar mais a situação.

consequências imediatas: as almas que reencarnam são as impuras (porque as limpas transitam para o tal universo de conforto), o que explica a quantidade de filha-de-putice que grassa o mundo. outra consequência engraçada é a explicação para determinados fetiches por animais (uma alma que tenha sido carneiro vai manter atracção por ovelhas.....). outra ainda é a questão de amor à primeira vista, que não me cabe, mas pode passar a caber com a ressalva "à primeira vista nesta vida". mais uma, ainda por piada, é a expressão "não tem cabeça nenhuma", que pode derivar de pessoas decapitadas em vidas passadas, e por extensão de lógica, pessoas ostrogodas, que têm dificuldade em civilizar-se, pelo que vão reencarnado sucessivamente (no caso das decapitadas, talvez em busca da uma cabeça original). também pode explicar as sensações extra-corpóreas (em que uma pessoa se vê como se estivesse a flutuar sobre o seu corpo e meio que o rodeia) sem necessidade de recorrer ao alcoolismo.

vou aprofundar o assunto, hoje fico por aqui (chegou visita), sou capaz de retomar. sim, porque retomar temas é quase como reencarnar, mas mais para o fácil.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

a polícia e os bombeiros



já não me acontecia há anos, voltou a acontecer hoje: saí de casa com as chaves cá dentro. boa altura, porque toda a gente que tem cópias delas anda a brincar ao carnaval, e por azar, pelas bandas da capital.

fiquei lixado (e cheio de frio, porque saí para um café rapidito e nem levei casaco), tive de chamar a polícia e os bombeiros. depois de lixado, animei, porque me pus a antecipar os fulanos a escalar a fachada da casa (há anos foi assim, com uma escadita portátil, a subir de sacada para sacada, na morada da rua da alegria (nome feliz, porque havia muita alegria nessa morada. agora vivo nos combatentes, e tantas vezes é uma luta digna de guerras grandes)).

mas como um azar vem acompanhado, os meus salvadores, em lugar de escalar o prédio até ao 3º, chez moi, bem, fizeram um truque na porta e entraram.....

25 euros para filme curto, fiquei de duplo prejuízo.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

3 x nate



é uma rapidita, porque passei o fds a fazer coisas melhores.

nate ganhou outra vez o
slam dunk contest, o que faz dele o único triplo vencedor. definitivamente, não é o tamanho que conta, mas onde se chega com a potência que se desenvolve, so, tell me about de will of your soul....

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

dotes pessoais



tenho uma amiga para quem o maior defeito que alguém pode ter é estupidez. eu condescendo, não gosto, mas acho que há piores. nalguns casos, chega a ser digno de compaixão, se for estupidez sã.

já para mim, uma das piores características humanas é predisposição para mentir (ainda pior que gordura corporal). mas é aqui que a estupidez, mais que digna de compaixão, se torna útil: por mais depressa que se apanhe um(a) mentiroso(a), mais depressa ainda será de apanhar se mentir de forma estúpida.

há um dizer que diz que uma boa mentira tem o máximo de verdade possível. logo, um inteligente mentiroso mente enquadrado na verdade, tanto quanto for capaz. já um mentiroso estúpido, bem, é muito fácil de apanhar.....


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

mandela



faz vinte anos que nelson mandela foi libertado, depois de vinte e sete anos preso por discordar de um regime racista.

eu cresci com mandela preso (uma coisa engraçada, na vida das pessoas até certa idade, é imaginarem que a vida do mundo começa quando elas dela tomam consciência, ou seja, quando elas se começam a interessar pelo mundo e a absorve-lo). foi para mim algo fascinante quando foi libertado, coisa de que se começou a falar semanas e meses antes de acontecer, e a mim parecia impossível (pelo que escrevi entre parênteses).

pouco depois da queda do muro de berlin, aquilo focou a minha perspectiva de mundo, por assistir ao poder da razão sobre a opressão, quando aquela é abraçada pela opinião pública.

e o que aconteceu depois da libertação do homem das camisas garridas ainda me impressionou mais, porque a libertação gerou outros resultados, os mais importantes (por mais abrangentes), democracia, correcção de leis absurdas, recuperação de identidade e estima nacional, ocupação do poder por quem queria o bem dos seus, e não o seu bem.

há sonhos assim, costumam estar relacionados com pessoas assim.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

conselho para a vida



tive um professor na faculdade, de que já escrevi aqui, carlos coelho, que uma manhã, chegando basto atrasado para a aula (ocorrência única durante o ano todo (às aulas que eu fui, certo, não tenho amostra abrangente)), entrou na sala, deu uma desculpa rápida, género "venho já, vou....", e voltou a sair. ao regressar, enquanto acabava de secar as mãos, disse com humor sereno "querem um conselho para a vida? não comprem um fiat uno", e depois começou a discutir os trabalhos que levávamos.

na altura achei piada, mas mais tarde percebi quanta razão ele tinha.

eu comecei a conduzir muito tarde, vinte e muitos (porque me conduziram até essa idade, e eu sou muito bem conduzido, por vezes). o primeiro carro que conduzi, tcham tcham tcham, um fiat uno cinzento. aconteceu-me quase tudo com ele (e com um suzuki samurai, uns anos depois. cheguei a conhecer quase todos os rebocadores da cidade de coimbra, em determinada altura).

a coisa mais engraçada contei hoje a uma amiga, coisa de rir por demais. como me lixaram a noite, outra vez (época aberta de barbaridades), e para cumprir o you see me laughing just to keep from crying, conto aqui a história do fiat inflamado. segue em baixo....

ia eu de viagem para a capital, que gostava de fazer de noite (ainda gosto), tinha acabado de pagar a portagem de alverca, engato a primeira, meto a segunda e já nem cheguei à terceira, porque o fiat perdeu força e começou a fumegar doido. encostei à berma, ainda no garrafão da portagem, noite escura e, burrice (as que faço calham bem, tantas vezes), abro o capot. era fogo por todos os lados!

eu sem extintor, decidi pegar em terra e atirar para cima do motor (genial), deito a mão ao chão e nem um torrãozito, terra rija como cimento. olho para as chamas, ainda na mesma, nem mais nem menos, e, bem, génio puro, decidi soprar (é verídico). soprei e o fogo apagou quase todo, coisa fascinante. soprei uma segunda vez, e tudo extinto. afinal, foi o motor que aqueceu, incendiou os resíduos de óleo e estava a alastrar, mas sem ter atingido o depósito (aqui, reconheço, foi sorte).

claro que o fiat não andou mais essa noite (de per si) e foi rebocado, a muita velocidade, cril abaixo. o rebocador cortava as faixas todas, na descida, ia da da esquerda para a da direita, e de volta, fez aquilo quase em recta (são só curvas). de certeza foi lição de medo, porque o uno nunca mais deu problemas a chegar a lisboa (para evitar repetir aquele rebocador, há carros com personalidade), e passou a dar apenas em coimbra e figueira (onde, uma noite, esteve cerca de meia hora a ser empurrado sem se mexer um milímetro, para, quando estávamos quase a desistir, se deixar mover docemente.....).

fiquei de contar isto, está contado. calhando, ainda inicio ciclo (longo) de histórias pessoais com automóveis, que fazem parte do meu património pessoal......

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

on est ce qu'on est (II)



há duas maneiras de olhar para o mundo, uma limpa e uma suja.

a limpa é estar-se nas tintas que o sporting leve uma abada por semana (ou duas, nas semanas más), que os clientes, por mais deliciosos que sejam, demorem a pagar, que um fulano se apaixone sempre por quem não deve, que a ex-mulher lhe faça (e ao filho) a vida negra por inseguranças pessoais, que os amigos ao redor andem sempre assoberbados na vida deles, e simplesmente apreciar quando um dos clubes ganha a alguém (não se pode ser esquisito nisto, qualquer um serve), ou quando um cliente percebe uma ideia e a valoriza e sonha connosco, que um encanto lhe devolva um beijo, mesmo sem nunca o provar nos lábios, que o filhote também ande feliz e a cantar quando está perto do pai e dos seus, que os amigos, mesmo de longe, tenham abraços que se provam de verdade e que, faça chuva ou sol, faça frio ou calor, haja luz ou sombra, um fulano olhe para o mundo e espalhe sonhos, ou alegria, ou risos, ou ideias, ou beijos, ou outra coisa qualquer que torne o mundo um pedaço melhor para os outros.

a suja é olhar para o mundo e ver o que de mal se lhe pode acrescentar, porque não se tem nada de bom para semear e deve custar ficar a olhar para a vidita que se escolheu.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

os fabulosos irmãos e a bela michelle



tenho por experiência de vida duas coisas que vou partilhar aqui, agora, com a curiosidade de ilustrar ambas com vídeos do mesmo filme. cá vão:

uma é que, mais que muitas vezes, em coisas importantes, elas só surgem
/ se conseguem / se concretizam quando já estou quase a desistir. pode ser à conta de coincidências, do meu ritmo de vida, de mensagem subliminar (ou pouco) de uma entidade superior, quero lá saber, acontece-me basto.

acerca do filme, tenho de explicar o enquadramento: estavam os dois irmãos, ambos pianistas, à procura de vocalista feminina para participar numa tournée deles e quase a desesperar, depois de ouvir 37 candidatas antes da michelle, cada uma mais tremenda que a anterior e a posterior, em simultâneo. estavam já para desistir quando aparece a bela, mais que atrasada, de pastilha na boca, para a audienciazita.... nada como saber esperar pela oportunidade, preparado para ela. chama-se mérito (há quem chame sorte, eu chamo mérito).

a outra é regra minha, que a experiência aconselha a respeitar: não se mistura sexo e trabalho, a menos que o sexo seja uma manifestação de desejo maior, caso em que o trabalho passa a ser secundário. por vezes custa, muito, mas é necessário mantermos-nos king of the castle, queen of the palace, porque rendições deste teor podem perseguir-nos anos a fio......

no filme, depois disto, há uma cena excelente, em que ele tem as mãos dentro do vestido dela, por trás (ver fotografia), coisa muito sugestiva (para mim é, por experiência pessoal). depois disso, foi sempre a descer. acreditem, acontece.

azeite, alho, oregãos....



por isto e por aquilo, dei comigo a passar tempo de qualidade na cozinha (para quem conhece a minha cozinha, sabe que isto pode significar várias coisas, por isso elaboro, refiro-me a cozinhar).

cozinhar nunca foi o meu forte (excepto doces, por questões de gulodice), o forte sempre foi comer (continua, ainda e sempre....), mas de há uns meses para cá, ando a educar-me.

passo tempo na cozinha, vejo umas receitas online, debato uns temperos e paladares, e, por fim, experimento. tenho sido gabado, desde as sopas ao empadão, pastas a, claro, tartes.

como ainda estou nos primeiros passos (temperos, aliás), e é na altura em que ainda não formámos opinião que se pode ser simplista, vou dar-me ao luxo e definir-me culinariamente de um modo simplista: sou um experimentador com tendência mediterrânica, os meus melhores amigos são o azeite, o alho, oregãos, pimentos, cogumelos.....

p. s.- outro dia posto fotografia personalizada, porque estava com fome e comi enquanto escrevia......

sábado, 6 de fevereiro de 2010

a gorda e o cachorro



vi uma coisa tremenda, há pouco.

estava parado num sinal vermelho, à espera de atravessar, carros a passar, e estava uma mulher perto do caixote do lixo, onde ia deixar um saco. a senhora segurava uma trela, o cachorro estava solto e correu para a rua. a senhora gritou-lhe, ele não ligou, e foi atropelado. som atroz.

o cachorrito levantou-se, correu para a dona e ficou perto dela, a ganir às voltas, ainda na estrada, uma para traseira no ar. antes de acudir o bicho, a senhora teve o bárbaro civismo de deitar o saco de lixo no lixo.....

eu atravessei e não vi o resto, porque não me degusto com sofrimentos alheios e estava com vontade de ser muito pouco delicado com a dona do infeliz.

isto para regressar ao post anterior e ao anterior ao anterior:

não teria acontecido se o cachorro estivesse educado e viesse quando a senhora o chamasse, sem ser sequer preciso gritar-lhe; ele estaria educado decentemente se a dona se preocupasse em educa-lo em lugar de o utilizar por achar que lhe fica bem ter um cão engraçado (o que torna um inconveniente o bicho ter uma pata no ar, muito inconveniente para ela, e ainda mais para ele, a quem a pata, ainda por baixo, dói);
se a senhora se ralasse com quem está dependente dela e da educação que ela não lhe deu, o bicho estaria bem, ainda; se a senhora cumprisse a responsabilidade de cuidar e educar o animal, na perspectiva do que o animal dela precisa e não do que ela fantasia ser o mundo dele, ninguém o tinha ouvido ganir, apenas ladrar de boa disposição; há pessoas que não percebem que certas tarefas são uma responsabilidade a cuidar e não um direito a abusar.

how stupid can you get? and for how long?

elogio da estupidez



ssh........

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

haja decoro



questão(ões) de prioridade, responsabilidade, coerência e credibilidade.

estando o país no buraco em que se enfiou (e verdade seja escrita, é muito mais culpa dos cidadãos que dos políticos, porque se estes têm uma culpa evidente, aqueles, para além de se pendurarem neles para se desculparem de tudo, elegem-nos), é criminoso que pessoas com responsabilidades de gestão maior, se preocupem com as suas agendas particulares e manobrem e manipulem para seu ganho pessoal.

hoje, voltei a assistir a uma perspectiva mesquinha de quem tem responsabilidades maiores e prefere utilizar manobras para satisfazer necessidades pessoais, em lugar de valorizar as necessidades das pessoas pelas quais as responsabilizaram, e das quais enchem a boca.

estou farto de pessoas balofas e anafadas, que mentem e manipulam, que obstam a que os outros sejam felizes sem a sua intervenção, apenas para lhes incutir uma necessidade dependente que na realidade é irreal.

estar numa posição de decisão é uma responsabilidade a cuidar, não um direito a abusar, e quem tem responsabilidade de cuidar do bem alheio, tem de cuidar do bem alheio, não tem direito de cuidar do seu.

p. s.- isto soa um pedaço a texto pré-25 de abril.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

travelling



estando um fulano farto de viver onde vive (seja ainda no local de nascimento ou tenha vindo emigrado para onde vive agora), vamos imaginar que o fulano está farto, pelos motivos que forem, e quer mudar de ambiente.

parênteses (vários: 1º, por local, vale tudo, desde cidade, zona, região, país, rua, casa; 2º, por fulano, vale também fulana; 3º, há quem queira mudar por vontade de ir para determinado sítio, aqui não vale, este post é apenas acerca de quem tem de escolher sítio novo por fartura do actual).

já discuti várias vezes que a pessoa pode ser feliz ou infeliz independente de onde vive. não deixa de ser verdade, e o contrário é propenso a fugas de lugar em lugar de focar no problema (que dificilmente será o lugar, aham).

escrito isto tudo, imaginemos um fulano que vive em coimbra. o fulano não é coimbrinha nem estudou cá. está visto que ficou farto, e há um bom pedaço de tempo, imaginemos (o que é fácil).

por puro exercício de puro prazer, o fulano, que não pode deixar a vetusta cidade, imagina que sim, que pode, e imagina que escolhe para onde quer ir.

buenos aires, pelo tango! nada mau, nada mau, o fulano era capaz de ser feliz lá.

a estepe russa! frio, mas com um bom samovar, fazia-se.

méxico, tequilla y tortillas! fácil, muito fácil, calor e sombreros, mulheres morenas, fácil quase demais.

new york, porque é lá que o mundo está todo. in a heart beat.

la bretagne, apesar dos franceses......

dublin, porque se há sítio onde um fulano se encontra é num pub irlandês.

mas se eu escolhesse hoje, se eu pudesse escolher, tentava moçambique, tenho esta ideia parva de que ia ser feliz, se vivesse lá.

a maneira mais fácil de viajar é imaginar e a mais real é deixar a alma ir.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

linguagem corporal



subvalorizada, na minha opinião. acho que existe um paralelismo na relação entre linguagem falada e corporal (na comunicação) / sexo e beijos (na intimidade), ou seja, valoriza-se os aspectos mais visíveis sobre os mais eficazes.

há quem foque nos olhares (que também são parte da linguagem corporal, mas a menos importante por ser a mais evidente, logo a mais trabalhada), há quem foque na roupa e acessórios, eu foco no ritmo e gestos (por exemplo, a animação actual também trabalha muito estes aspectos da linguagem corporal dos personagens, como elementos de definição dos seus caracteres).

uma coisa agradável acerca, é que exige atenção, visual e racional, o que permite, num espaço cheio de gente, haver duas almas a comunicar intimamente, em público. a mim, isto agrada.

noutra perspectiva, a linguagem corporal é mais eficaz a delimitar territórios que qualquer outra. uma pessoa pode falar e gritar que algo é seu, que domina, mas é mais eficaz alguém chegar e simplesmente agir como estando em controlo de.

também é mais sincera, porque é fácil aprimorar a mentira oral, praticar encenações, mas o que o corpo sente, normalmente o corpo diz. se uma alma está cansada, o corpo amolece; se outra está triste, por mais que tente rir, o corpo diz o contrário; se outra ainda está feliz, mesmo que queira esconder, o corpo brilha; se ainda uma outra tem medo, o corpo recolhe-se, e se a do lado tem fome, o corpo avança.

é a minha linguagem preferida, deve ser por isso que há quem se queixe de que não dou muita atenção ao que estão a dizer......

airbags com "h"



hoje de manhã fui à polícia, resolver uma burocracia. informei-me de qual seria o ramo a consultar, e disseram-me ser a psp (polícia de segurança pública, esclareço por potencial confusão com play station portable). pego em mim e na minha questão, e dirijo-me à esquadra da casa branca, aqui em coimbra.

ao chegar, estavam 3 ou 4 polícias (não sei se se denominam guardas, agentes ou outra coisa, por isso ficam polícias, por o serem de segurança pública) dentro de uma carrinha, porta lateral aberta. que faziam, não sei, estavam a conversar, eu é que achei estranho o lugar para isso, mas que sei eu de actividades policiais..... um saiu quando me viu, e veio perguntar o que pretendia. expliquei que necessitava de determinado esclarecimento, e ele disse-me que podia entrar na esquadra, onde me decidi a fazer este post:

entrando, estavam dois polícias atrás do balcão, um a escrever dedo a dedo no computador, o outro veio ter comigo. eu comecei a explicar que se tratava de um carro do meu pai, que teria sido rebocado, há anos, e vai logo ele: "mas rebocado por quem?", eu que não sabia, que não tinha certeza se sequer teria sido e gostaria que consultassem o registo deles para me informar.

para determinante esclarecimento, tive de repetir àquele polícia umas 3 ou 4 vezes que não sabia quem teria rebocado o carro, antes que se dirigisse ao colega para consultar os registos informáticos, no computador onde o outro tentava, ainda, escrever o que percebi ser um relatório de danos num veículo, o que não estava a correr bem porque ele tinha um olho no monitor, um ouvido no que eu dizia, e o resto da atenção muito dispersa....

decidiu que iria acabar o relatório antes de fazer a consulta, e pediu ajuda ao que me falara antes: "como se escreve airbags?", sendo elucidado que era com "h". aquilo estava a piorar, eu não tinha pressa, mas temia desatar a rir, o que na esquadra não deve dar bom resultado, até porque a advogada me tinha aconselhado a falar gentilmente para obter a informação.....

depois de escrever o relatório todo e debater algumas palavras com os respectivos sinónimos (partido/estilhaçado, e quejandos) entre colegas, lá foi dado a tarefa como terminada. aqui, eu imaginei seria rápido começar a obter informação (o que me parecia a parte mais complexa, enganei-me), porque a fase seguinte a acabar o relatório é a enorme tarefa de fechar a janela onde se escreveu.....

foi real, os dois polícias demoraram pelo menos 5 minutos para fechar a janela, um ia fechando janelas de informação e o outro dizia "minimiza isso, pá", o que não podia ser feito porque, dizia o escritor "tenho de ir à internet......", o outro contrapunha "carrega nesse vermelho", mas não resultava, vinha logo o primeiro dizer "isto abriu outra vez". foram cinco minutos de sofrimento e receio de acabar numa cela a levar bofetadas por me rir da autoridade (não informática, evidente).

bem, terminada a tarefa, janelas fechadas, estava o "meu" inquieto para que o outro lhe fizesse a pesquisa de matrícula, quando o outro, zeloso, me perguntou "então o carro é de quem? foi rebocado, não é?", o que deixou o colega irritado com ele, que inserisse a matrícula!

veio o resultado, a matrícula estava cancelada, assunto resolvido, mas o escritor ainda veio ter comigo, ao balcão, e explicou-me em tom enigmático, de quem confidencia algo que não deve, mas o faz por simpatia com o cidadão que lá se desloca: "olhe, não lhe posso dizer mais nada, mas se quiser, pode ir ao imtt, é ali na fernão de magalhães, lá podem-lhe dizer tudo".

depois acrescentou que o meu pai, tendo recebido uma carta a relatar a utilização do carro (
o que confirmei ali estar a ser feito de forma abusiva, ilegal ou semelhante), em lugar de relatar o facto à polícia (o que eu aliás acabara de fazer, sem que se ralassem com isso) deveria responder à entidade que lhe comunicara o facto, que o carro estava desactivado, mais nada. quem quiser, descubra por si, foi o que eu tive de fazer.

eu saí com a sensação de ter participado num sketch do raúl solnado, daqueles "onde é a guerra?". mas enriquecido, porque airbags se escreve com "h". só fiquei sem saber se com um "h" ou com dois, porque airbags é plural......