terça-feira, 31 de março de 2009

por vezes, acontece



todos os amores, paixões, desejos tem início algures.

muitas vezes, é a parte melhor, o início. dizem que o pior vem depois (quantas vezes vem mesmo...), mas também acontece que venha
o melhor (acontece...).

há uns dias escreveram-me que amor só é simples em filmes... mas acontece que, por vezes, acontece diferente... pelo menos no meu mundo.

uma coisa que me acontece sempre, fatal como destino, mulher que eu conheça gosta de dançar...

por vezes, o que queremos vem ter connosco, saltitando disponibilidade. outras, acontece termos de conquistar, a modos de fortaleza inexpugnável até termos desembarcado tropas e montado cerco.

eu gosto de montar cerco, tenho costela de primo basílio ("a ela, como santiago aos mouros"). mas não gosto de derrubar muralhas, é coisa de bárbaros que estraga o que há belo. eu sou adepto de tácticas mais subtis (negociações, insinuações, demonstrações de valor).

cleópatra rendeu-se a césar e a marco antónio, e conquistou-os com isso. por vezes, as mulheres fazem coisas dessas, acontece...

o filho mais novo de tarass bulba foi tomado de amores pela bela princesa polaca, e morreu por isso, às mãos dos seus.

para mim, o segredo é subir, subir, eu hei-de conseguir...

uma forma de amar



formas de amar são tema que me agrada mui, até estranho nunca ter escrito acerca.

ainda pensei em escrever sobre várias maneiras de sentir e expressar amor, mas decidi-me por uma, que me desagrada, mas azarito, parece que não me livro dela (iap, eu sei, mea culpa, mea maxima culpa, eu é que escolhi).

esta maneira que hoje descrevo é uma maneira atrofiante, porque implica entender amor como algo que se pode possuir e logo, perder. pior, entende amor em circuito fechado "se me amas, não amas mais ninguém". em consequência, é redutor ("mais ninguém...").

ora amor é muito diferente. quanto mais se ama, melhor se ama. quanto mais se dá, mais se possui. quanto mais livre se é, mais quer ficar (não conheço ninguém inteligente que queira ficar onde está preso... (eu escrevi inteligente...)).

isto lê ali em cima "portas abertas...", não é por acaso que escolhi essa frase para colocar em cabeçalho. é porque me dou aqui, e a única maneira que concebo de alguém se dar é livremente. abomino gente que tem pássaros em gaiolas, os "meus" vem visitar-nos ao saguão, vivem pelo telhado, nas chaminés, voam sempre felizes.

se animais precisam ser livres para voar, como hão-de seres humanos ser capazes de amar presos, como pode uma alma sã limitar o amor daquele que ama (acima de tudo) a si própria? como pode amor ser acompanhado de medo e não de confiança? como pode ser excluir, em vez de somar, crescer? como se obriga uma alma livre a amar "só e mais ninguém"?

http://www.youtube.com/watch?v=HlN5zJCHNuo&feature=rec-HM-fresh+div

segunda-feira, 30 de março de 2009

rasteiras



na faculdade, tive alguns professores que admirei (deviam ter sido mais, julgo). no topo deles, maria manuel godinho almeida (fascínio de pessoa e mulher), carlos coelho (apagado e dedicado assistente, merecia mais que isso, num mundo justo, fazia muito bem aquilo que os arquitectos devem fazer melhor: perceber) e o aguillar (génio vivo, olhava de frente para nós).

mas hoje escrevo de um outro, antónio cabete (?, sou péssimo para fixar nomes, merecia que recordasse o dele). também apagado e não menos dedicado, também assistente da cadeira de projecto (recordo que casou com uma colega nossa, aluna, menos apagada que ele).

não devia ser grande arquitecto, não tinha muita paixão, era mais um sociólogo, pessoa educada ao limite, nunca lhe entrevi sequer uma intenção de maldade ou indelicadeza. ele era um desenquadrado, não fazia parte de grupo nenhum, apenas fazia o seu trabalho e dedicava-se a isso, ali.

viemos a saber mais tarde (eu e colegas que acompanhamos a conversa) que o desenquadrado dele se devia a dois factores, ou melhor, à sequência deles. ele tinha estudado no estrangeiro (itália), logo estava desenquadrado desde a universidade (os arquitectos tem um corporativismo estranho, mas tem, mesmo assim), estava on the outside, looking in (devia ter escrito isto em italiano, mas ignoro).

em consequência desse facto, tinha um modo de encarar a vida estranho à nossa cultura. dizia ele que, vendo um concorrente correr mais ou melhor do que ele, um italiano (se é que era mesmo itália, não importa) apressava o passo, esforçava-se mais, ia aprender para fazer melhor. na mesma circunstância, um português contentava-se em pregar uma rasteira a quem estava a ultrapassa-lo!

a ele penso que fazia espécie a perspectiva, eu achei que ela a expunha muito bem, e o conceito acompanhou-me ao longo da vida.

acontece que julgo perceber o que a ele estranhava, o que faz a pessoa (e aqui extravaso nacionalidades, sexos, idades e qualquer outra característica de grupo, refiro apenas pessoas em geral) preferir a rasteirita ao esforço: é medo de falhar, insegurança nas suas capacidades de crescimento e evolução.

tenho para mim que gente assim (abundância dela...) prefere mentir vitórias a abraçar derrotas, arranjar mesquinhas desculpas para a sua menoridade a sentir dores de crescimento. é gente que tem de ter muletas toda a vida, sejam familiares, mentiras, desculpas ou delírios.

domingo, 29 de março de 2009

mesquindad


curioso, o meu filho é como eu. em contacto com mesquindad, chora. e estava tão feliz antes dela...

lo que quieras, quando quieras



há anos, vi um filme espanhol, de que esqueci o nome. recordo apenas que era uma porcaria, argumento marado de uma moça que se apaixonava por um professor, e todos os delírios que dalí vinham (tinham a particularidade de não atingir outras pessoas que não a ela própria, os delírios da rapariga, tomara eu fosse sempre assim, evitava tratar com delírios alheios).

do filme guardo apenas uma frase, proferida pelo professor a um transexual, contratado para com ele e a delirante participar numa noite de sexo
(se não me falha a memória, a história era mesmo idiota). acontece que, entretidos entre os dois, ficava o transexual "sozinho", a masturbar-se.

no final, ao notar o que tinha acontecido, diz-lhe o professor (era capaz de haver também outro motivo, mas esqueci-o): lo que quieras, quando quieras.

frequente, uso a expressão quando me dirijo a pessoas que me merecem tudo, porque também me dão tudo que tem de seu. gracias, cariño, por me evitares uma noite em claro, a andar de um lado para o outro

o disparo



um conto de pushkin que adoro conta a história de um duelo. para abreviar, evito relatar as circunstâncias que o motivaram e outros aspectos irrelevantes para o que quero relatar.

focando, o duelo dá-se entre um militar, homem de coragem extrema, admirado por todos os colegas, e um conde, jovem irresponsável e irreverente. à hora marcada, manhã fria de inverno russa, espera sílvio (o militar) pelo jovem, que lhe aparece atrasado, casaco sobre o ombro, por vestir e chapéu cheio de cerejas, que vai comendo, cuspindo os caroços em direcção ao adversário.

tiradas sortes, tem o conde direito ao primeiro tiro, que dispara displicente, erra. furioso, sílvio tem a vida dele nas mãos, é um atirador exímio, impossível errar. mas algo se passa, o conde continua a comer cerejas e a cuspir os caroços. percebendo que o conde não teme o disparo, despreza a morte, sílvio recusa disparar, com argumento de que o jovem "está a tomar o pequeno almoço e seria indelicado interromper". o conde insiste, deixa-o à vontade para atirar, mas de que adianta atirar sobre alguém que nada teme, por nada valorizar do que tem? recusa o disparo, ao que o adversário responde que está à sua inteira disposição para quando o quiser efectuar.

anos passam-se, o conde casa, ama a mulher, vão passar núpcias ao campo, propriedade condal. voltando de um passeio equestre, o conde é avisado que uma visita o espera no salão, para lá se dirige, abre portas e vê sílvio, que vem reclamar o direito ao disparo. homem de palavra (que bem ficaria a muita gente entender o conceito), mede a distância e aguarda o tiro. incapaz de atirar, sílvio recusa de novo, tratar-se-ia de um mero assassinato.

tiram novas sortes e de novo ganha o conde. nervoso, de novo erra, acerta num quadro, pendurado na parede. alertada pelo ruído, a jovem noiva entra no salão, vê o marido na mira do adversário, chora, implora pela sua vida. o noivo roga-lhe que tenha um comportamento digno (repito-me, que bem ficaria a muita gente entender o conceito)
da situação e ambos aguardam o disparo.

sílvio saboreia o temor do adversário, prolonga a ocasião. a bela condessa chora, o marido insurge-se contra a demora, que dispare, o prolongar apenas serve para martirizar a mulher, contra a qual sílvio nada pode ter.

pela última vez, sílvio recusa disparar, desta vez com argumento de que o viu tremer, com medo de perder algo importante, dado ter então algo importante a perder. dá por encerrada a desavença que originou o duelo e, ao sair, dispara a pistola, colocando a sua bala sobre a do conde, no quadro, na parede, tiro magnífico.

as duas imagens que me fascinam nesta história são a sobreposição das balas e o chapéu cheio de cerejas, caroços cuspidos displicentemente. sempre me interroguei o que seria não ter nada a perder, hoje sei.

sexta-feira, 27 de março de 2009

ginásio



nunca fui rapaz de ginásios. que me recorde, excepção ao que um cliente fez em casa (aí tive de entrar várias vezes, porque fui eu a desenha-lo), só entrei em ginásios para ir buscar amigas que lá iam transpirar.

eu sei que é pré-conceito meu, adoro os resultados que aquilo trás (confesso, adoro mesmo), mas não são para mim. nem me imagino dentro dum lugar desses sem ser por motivo de outra transpiração, o que se denomina segundas intenções (erradamente, nunca concordei com a expressão, porque não são segundas, são primeiras e quase sempre únicas, a expressão devia ser ínvias intenções, ou algo familiar).

eu sei que estou pesadito (ito é favor, ok, ok), mas para mim, exercício é nadar, caminhar, jogar futebol (se conseguisse correr sem perder os pulmões pela garganta...) e sexo, puro e duro. são opiniões, claro, não proíbo ninguém de ir a ginásios, até sou capaz de convidar para virem cá, depois, fazer step escadas acima. ao cimo, prometo recompensa (água fresca, massagens, duche quente).

bem, nem ia escrever acerca disto, mas vídeo puxa vídeo, a modos de cereja (que adoro, apesar de isto se chamar romãs, o blogue não é ciumento) e acabei de caneta na mão (na versão tecnológica, dedo no teclado).

aqui fica o culpado e a antevisão deste yours truly, se acaso lá entrasse...

http://www.youtube.com/watch?v=QkbE0T-sK1s&feature=related

ventos



o meu filho hoje perguntou-me se seria mais forte que o vento, ele. isto porque viu nuvens em movimento e ouviu explicação que é o vento que as move.

ele acha que é mais forte que o vento, experimentamos os músculos que já "tem", alinhavamos a disputa, o vento está metido numa alhada, sempre vos conto.

há muitos post's atrás, escrevi acerca de "nuvens passageiras", um filme que fala de optimismo perante adversidades (no caso, desemprego, tema actual), confiança em vencer desafios quando nenhuma porta parece estar aberta. há alturas em que somos levados a limites (no filme, perante falta de soluções externas, ela criou uma para ela e colegas; o gustavo vence ventos; no vídeo abaixo, é o medo de perder o amigo que faz o rapazito enfrentar e vencer o vento) e crescemos para lá deles.

porque o mundo está cheio de círculos que se fecham, e se fecham na nossa cara, em frente dos olhos que os vêem, hoje escrevi isto. se o gustavo vence o vento (e vence, garanto), não há nuvens que fiquem para sempre.

you'll smile again, little girl.

http://www.youtube.com/watch?v=pAH4klqLTXg&NR=1

quinta-feira, 26 de março de 2009

(in)compreensões



por vezes, lêem-me e não entendem o que estou a escrever, existe uma falha de comunicação. por vezes, faço o mesmo, alguém faz algo e eu não o entendo do modo que ela o fez.

o post de ontem foi lido de uma maneira diversa da que foi escrito, e mesmo a música, depois de a (re)ouvir, foi mal utilizada, porque não fala de "fidelidade", no sentido que mencionei, mas da própria prioridade (algo exagerada, por certo, mas o exagero é o tempero dos sentimentos) que reivindiquei. my bad...

uma amiga (não no sentido rico da expressão, falta compreensão mútua) escreveu um post acerca de algo que quero escrever hoje, trata-se de outra incompreensão.

a mim podem acusar de muita coisa, mas se o fizerem de modéstia, estão completamente ao lado. não sou modesto, por isso posso afirmar: sou excelente a entrar e a sair (leia-se, aproximar-me das pessoas, modos francos, e afastar-me, quando o que temos um para a outra (e versa) já não é bom, modos francos).

a incompreensão disto acontece por um de dois motivos: o primeiro e o outro.

o outro é que acontece julgarem amiúde que me aproximo com modos dúbios, não francos.

o primeiro, é que há quem ache que sou melhor a sair do que a entrar. e não é verdade, sou igualmente excelente em ambos e igualmente franco em ambos. aconteceu esperarem mais de mim, aceito que por responsabilidade minha, porque me dou nu, e acharem que quando saio estou a desistir.

nunca desisti de algo importante para mim, quando acho que quero algo e não sou capaz, não desisto, arranjo maneira de ser (capaz). tudo que deixei para "trás" foi por já não conseguir fazer bem, nem sonhar vir a conseguir, porque deixei de acreditar, porque estava cumprido e completo.

convenhamos, se não estamos a ajudar, mais vale não estar. e alguém tem de manter sanidade e objectividade. não sei se me compreendem...

http://www.youtube.com/watch?v=q05gWVeS8dg

quarta-feira, 25 de março de 2009

random



tinha pensado tirar uns dias de férias disto, mas não consegui. acontece que acho que hoje faz anos uma data que devia ter sido importante (mas eu, para datas...) e que encontrei um vídeo que não consigo deixar sem postar (agradecimentos, anjo).

pois é, sou um sentimental irrecuperável (e vai daí...) e vim. hoje escrevo sem tema, porque não quero falar da data, foi algo que aconteceu e acabou. acerca da música, bem, ela dizia que fazia música para fazer bebés. e como os círculos se fecham e vai tudo acabar no mesmo...

não é para perceber, não escrevo com lógica, isto é semelhante a um músico de jazz a brincar sobre o palco, sem assistência, toco para mim (na imagem, chet baker, a quem voltaremos breve, mas não aqui). como cantava billy idol (aí está um maduro que amadureceu muito bem, nas minhas preferências), dancing with myself. por enquanto, nunca se sabe o que a noite trás.

a música do vídeo aborda o conceito de "fidelidade" sentimental. não gosto do conceito de "fidelidade", mas não passo sem o de honestidade. não exijo exclusividade, apenas prioridade absoluta. curiosamente, com uma doce excepção, sempre ma pediram, directa ou indirectamente, a tal "fidelidade".

como é suposto dar a quem está connosco o que quer, sempre fui. tomara eu, todas as pessoas me tivessem devolvido no que eu queria o que eu dei em "fidelidade".

mas o mundo gira, pula e avança, pelo menos enquanto eu for criança. bem hajam por me ler.

http://www.youtube.com/watch?v=eYSbUOoq4Vg&feature=channel_page

segunda-feira, 23 de março de 2009

as romãs



depois de 87 dias, este é o post 100.

porque é preciso não faltar à palavra (ainda mais perante quem nos acredita) e firmei compromisso de explicar as romãs, é altura de cumprir.

quando tive de escolher o nome para isto (iap, a estes é preciso baptiza-los, antes de nascerem), e porque a escolha de nomes é importante para mim, fiquei a antecipar acerca do que escreveria, que perspectivas ia deixar aqui, que ia ser isto, para mim.

decidi que ia ser lugar de exposição de desejos de todo o tipo, desde os eróticos aos sonhos parvos (mais destes, se calhar), com visitas a reclamações e bengaladas em mesquindad's, sem esquecer abraços a amigos e provocações com destinatário(a)s mais ou menos gerais. daí ter decidido incluir no nome "desejos".

mas como a mais intensa característica deste blogue é a genuinidade (há quem diga que abuse, de uma maneira sã), acrescentei ao nome um desejo genuíno meu. vêm daí as romãs, que passo finalmente a expor.

a mesma pessoa que diz que abuso na genuinidade diz também que é fruta sem sabor, e o meu filhote reclama das pevides...
eu adoro romãs, não pelo sabor (de que gosto, também), mas de as descascar, ou melhor, o prazer das romãs vem após retirar-lhes a casca.

está em ter nas mãos o fruto já descascado, com as sementes agrupadas sob finas películas, que é preciso retirar delicadamente. fazendo-o, soltam-se agrupamentos delas, que é necessário depois separar, uma a uma, tarefa afrodisíaca e, quantas vezes, se estiverem maduras, sumarenta de sangue.

os gregos, que nestas coisas são vivos, consideravam-nas um símbolo de fertilidade, e dedicaram a romãzeira a afrodite, deusa do amor e de outras coisas boas.

a mim, soltar as sementes traz-me à imaginação acariciar de mamilos, pela delicadeza necessária ao gesto, pelo erotismo que implica e pela antecipação de sabor que se segue.

p.s.- sabe muito melhor se for bem partilhado...

domingo, 22 de março de 2009

grupos



eu não sou de grupos. uma vez um amigo disse-me "eu pertenço a..." (já nem sei a que era), e soou-me mal. eu não pertenço a nada e tenho dificuldade em fazer parte de coisa alguma.

normalmente, fazer parte de um grupo significa agir de acordo com os princípios desse grupo, que, por mais semelhantes que sejam aos nossos, tem diferenças. isso é um cercear de liberdade que não encaixo bem.

como disse groucho, muito antes e muito melhor do que eu, "i don't care to belong to a club that accepts people like me as members".

pessoa também abordou a questão, no "banqueiro", que optou por ser anarquista sozinho ao reconhecer que mesmo um grupo de pretensos anarquistas acaba por gerar regras e hierarquias.

por outro lado...

acabamos por nos empatizar com muitos grupos, por motivos diversos. o motivo de escrever este post foi estar a ver um jogo do liverpool (futebol), que tem como hino "ynwa" (you'll never walk alone). e é evidente que para além deste grupo tenho empatia com muito outros, é uma questão cultural.

acho que é muito mais enriquecedor ser o somatório dos grupos que o(a) empatizam a definir o(a) indivíduo do que ele(a) se reduzir a encaixar-se num (conjunto de) grupo(s).

http://www.youtube.com/watch?v=tt3Hj5g-Yoo&feature=related

p.p.- groucho também disse, entre mil outras preciosidades: "i was married by a judge, i should have asked for a jury", "whatever it is, i'm against it" e "i wasn't kissing her, i was whispring in her mouth".

sábado, 21 de março de 2009

moinhos e gigantes



ontem vi um quixote diferente, uma espécie de quixote 2, em animação, donkey xote.

é divertido, não está mal feito, é uma leitura actual a que nem falta a noiva que casa por interesse, e a dulcineia, numa estética recente de heroínas apetitosas (exemplos não faltam, a rita do "por água abaixo" é a que recordo sempre, mas veja-se também a colette do "ratatouille", ideal feminino mais palpável, a substituir a barbie, gosto eu de pensar) justifica a loucura do cavaleiro da triste figura.

o quixote original, muito mais precioso, é uma torrente de loucuras, delírios e realidades dolorosas que nunca vencem. retrata duas épocas, aquela em que foi escrito, moderna à data, e a época retratada nos romances de cavalaria, que tenta ridicularizar.

curioso como grandes feitos, muitas vezes, resultam de tiros ao lado, assim de repente, lembro também a chegada do colombo à índia. estes espanhóis eram doidos...

o que mais gosto nele, no quixote original, é a capacidade para caracterizar personagens, capacidade de ir ao âmago delas, sem rodeios e sem máscaras.

depois, confesso, sinto uma empatia tremenda com o fidalgo da mancha. a fé num mundo regido por leis de cavalaria, onde os vilões (nem que sejam imaginários) pagam as favas, as donzelas são puras (esta parte, dispenso...) são salvas e retribuem com amores eternos, cada homem de honra se bate sempre que tem (julga ter) motivo, mesmo que seja em desvantagem, contra gigantes (ou moinhos), e os amigos são leais e dedicados. e principalmente, ainda que caia mil vezes na realidade, a expensas mesmo de ossos quebrados, se levanta de novo e continua a acreditar no sonho.

uso muitas vezes a expressão "já não há mulheres assim" (um dia ou noite faço post acerca do assunto), mas a verdade é que já quase não há quixotes, e fazem falta.

http://www.youtube.com/watch?v=UL-lKb6CtNg

quinta-feira, 19 de março de 2009

tenham filhos


vou contar-vos uma coisita a todos: se querem ser mesmo, mas mesmo, mesmo felizes, tenham filhos.

não estou a escrever da parte de os fazer (nem da de os ter, no caso das mulheres), escrevo da felicidade que nos vem de os ver felizes, por nossa causa.

eu só tenho um, ainda, mas ninguém me faz feliz como ele. hoje fui à escolinha, fui fazer uma actividade, saquei-a da cartola. ficou toda a pequenada a desenhar casas, e cozinheiros, e mesas, e carros, e árvores, e mesas, e cadeiras. e o meu puto orgulhoso, os colegas a dizer que eu desenho bem, e tal, todos interessados, a fazer e responder perguntas.

acho que antecipei uma das coisas que eles iam aprender, este ano, mas a educadora achou boa ideia e dei uma mini-aula (confesso que tinha saudades de estimular putos, hoje dei conta disso). depois ficaram a desenhar um corte, o quadro cheio de desenhos, figuras, sonhos, os desenhos deles mui expressivos, uns muito pequenos, outros mui grandes, mas eles já tem uma boa noção de proporção. gosto da ideia que a primeira lição de proporção, perspectiva e vista técnica chegou ao meu filhote por mim. e principalmente, que resultou, e os colegas também perceberam.

claro que depois veio outro pai, de outro catraio, mascarado de palhaço, a encher balões! ninguém pode imaginar equiparar-se a um palhaço com balões, digo-vos eu...

eu sou como a longoria: contento-me com pouco, basta-me o melhor. chama-se gustavo e estava mesmo feliz.

os nomes que temos



nunca valorizei muito os nomes.

quer dizer, aos nomes próprios, ligo. por exemplo, o meu filho tem o nome de artistas, klimt, eiffel, mahler. há quem escolha nomes por outros factores, que tem a ver com modas, histórias familiares, sonâncias. tudo é válido, sendo que o motivo pelo qual escolhemos um nome para um filho revela bastante da perspectiva com que olhamos para ele. como escrevi, ao meu, vejo-o artista, a tentar mudar o mundo para algo que ele ache ser melhor. parece-me que vai ser patissier ou chef de cuisine, bom veículo para isso.

mas o assunto deste post não são nomes próprios (se calhar devia, o que vem a seguir é inócuo, fica o aviso, lê quem quer).

as pessoas casam-se, certo? escolha pessoal, nada contra, eu já fiz a minha parte disso, been there, done that. algumas das que se casam, mudam de nome, normalmente as mulheres (mas os homens também podem, acho, depois confiro com a minha conservadora particular, e se não puderem, corrijo em comentário). continuo a não ter nada contra, é direito de quem casa (parece que quem casa adquire direitos...), mas é conceito que desentendo. quer escrever, até entendo, mas discordo. já poderia concordar se ambos os cônjuges mudassem de nome, ou seja, o feliz noivo adoptasse igualmente o nome da feliz noiva. estaria certo se ele fosse josé augusto santos matos pereira de ferreira e ela maria idalécia pereira de ferreira santos matos. adiante, aqui as igualdades parecem puder desprezar-se...

ora bem, acontece que, nestes tempos conturbados que vivemos, quem se casa, muitas vezes se divorcia. normalmente porque acha que está mal casado, mas também há quem o faça por interesse (podia descarregar trovões nesse interesse, mas se também há quem case por interesse, porque não divorciar-se pelo mesmo motivo?). a mim, parece bem que as pessoas casem por amor (vá lá, paixão) e se divorciem porque ele(a) acabou.

o assunto é que, para que o cônjuge que adoptou o nome do cônjuge outro, por via de casório, o mantenha apenas com autorização desse outro, após eventual divórcio. o que está justo, e evita certos abusos, se um fulano
(a) se livra de outro(a) fulano(a), é suposto não ter de aturar que esse outro(a) fulano(a) lhe use o nome, valha o que valha.

mesmo assim, fica o risco de o divorciado autorizar o outro a manter o nome adquirido pelo matrimónio, e deste seguir casando-se, o que lhe é permitido por lei, desde que siga igualmente divorciando-se (alternadamente...). por absurdo, a nossa amiga maria idalécia poderia, ao fim de vários (in)felizes matrimónios (pelo menos para os maridos...) chamar-se
maria idalécia pereira de ferreira santos matos sobreda carregal piano cervantes (isto se ela internacionalizasse nos noivos...).

suponho que deixei claro o que queria dizer e que alguns de vós vão começar o dia a rir.

p.s.- felizmente, os filhos de cada casamento ou outra união (haja respeito pelas outras) não são absorvidos nesta febre nomeadora, nominante ou nomenclata (seria absurdo demais, qualquer maduro entende, certo?).

quarta-feira, 18 de março de 2009

elogio da fotografia



elogio a fotografia. como forma de compreensão e expressão, como arte, como hobby, como fetiche, como cultura, como tecnologia.

hoje, tudo acerca de fotografia é digital, trabalhado, aperfeiçoado. quem nunca viu "antes e depois" de fotografias tratadas, normalmente publicitárias. essa evolução tecnológica apenas demonstra a importância que guardar imagens tem, sempre teve. desde o início, em que se conseguiu, através da exposição à luz de uma película, gravar imagens nessa película.

também se contam histórias acerca de culturas que, desconhecendo a técnica, interpretavam a fotografia como o aprisionar da alma do fotografado. não deixavam de ter razão, mas também lá fica ainda mais da alma do fotógrafo...

a perspectiva cultural actual que quero mencionar é nostálgica: acabaram os encontros de fotografia de coimbra, há uns anos. eram um acontecimento fantástico, vinha gente do país inteiro, conhecíamos montes de pessoas nessa altura, havia sempre assuntos de conversa, motivos para debater. acabaram por questões económicas, nem vou escrever disso, mas deixaram saudades e vazio.

fotografia como fetiche tem muito que se lhe escreva. coisa que nunca fiz verdadeiramente e gostava, é uma sessão de nu. como tenho andado a realizar sonhos antigos (falta a moto e o pára-quedas...), quem sabe.

eu sempre gostei de fotografar, sempre como amador, no sentido rico, de quem ama. tinha uma praktica analógica, muitas coisas fizemos juntos, experiências. houve negativos que se perderam, mas o que fotografam nunca se perde, para o fotógrafo.

há uns dez anos, fiz curso, ainda era tudo pré-digital. adorei, mas não continuei a fazer, e perdi. o fulano que dava o curso, nem me recordo o nome, dizia que arquitectos dão bons fotógrafos, dizia ele que por questões de olho, enquadramento. nessa época, o que me fascinava era o preto e branco. cheguei a pensar fazer uma câmara escura nesta casa, quando a comprei...

de há uns tempos para cá, faço com telemóvel, tenho tido uns com máquinas razoáveis, para telemóveis, mas ficam curtas para algo mais. este fds, acho que voltei a apanhar o vício...

para algumas pessoas, o encanto da fotografia é captar a unicidade do momento. para outras, é uma forma de arte, matéria prima que pode ser trabalhada (em negativo, em processo de revelação e impressão, em tratamento digital, em instalação ou exposição). para outras ainda, é jornalismo, prova documental (tantas vezes falsificada...). outras ainda há que olham para a fotografia como recordação de férias (li acerca dos japoneses, que tiram milhões de fotografias, porque as férias que realmente têm é a olhar para elas, com os amigos).

eu gosto porque me motiva ainda mais a olhar, ajuda ainda mais a perceber, e porque parece que as que faço acabam por ser uma expressão bastante justa do modo como vejo o mundo. tal como isto aqui.

http://www.youtube.com/watch?v=RjqwB3u65yk

terça-feira, 17 de março de 2009

a árvore que chora



estava a escrever um elogio, mas fiquei sem vontade.

eu tenho uma vida boa, no geral. posso estar a ser optimista acerca disto, mas a verdade é que tenho o que escolhi, retiro o prazer e pago as consequências de tudo que fiz.

nunca se ganha sempre, nunca se perde sempre. mau mau, para mim, é passar a vida a empatar. principalmente, quando se passa a vida a empatar a vida dos outros, que não tem culpa. e mesmo quando a tem, nem que seja a culpa de ter acreditado, é mau empatar-lhes a vida. é o que eu acho.

por vezes, acontece-me ficar triste com algo. não há muitas coisas que me deixem triste, mas calha. pensando bem, até há umas poucas.

hoje calhou uma. apetece-me fazer uma avaria qualquer, calhando ainda faço. ir remar para o mondego sabia bem, mas um gajo nunca tem um kaiak disponível quando precisa...

melhor, o que me apetece é saltar de pára-quedas. claro que também não está disponível, e ainda é preciso o avião, e se um gajo se desenrasca com o remo, já saltar é teso, mas é mesmo o que me apetece. vai ser outro dia, que não esta noite.

vou ter de me contentar com algo mais palpável.

posso pegar no projecto de que escrevi há post's atrás, alivia-me a alma. mas tenho a alma amarga, hoje, vou contamina-lo de azedume. se não vais fazer nada de jeito, não faças nada, i always say.

vou arranjar uma moto, decidi agora. se já a tivesse, ia subir a serra, fazer curvas, ver o luar entre os pinheiros e os eucaliptos. ia ter com uma árvore que chora, conforta-la, porque esta noite ela chora por mim.

p.s.- para desconhecedores, a técnica de curvar em corridas de motos é deixar derrapar o pneu traseiro. reconheço que derrapei, não estava a olhar para a pista. façam obséquio de desculpar, sim?

p.p.s.- mais uma desculpa, ia postar a árvore, mas a fotografia não estava disponível. maybe later...

gonçalo mendes ramires



hoje estava a falar com um amigo e cliente, ao almoço. ele veio por aqui comer uma bifana, para matar a fome, e ligou-me pela companhia. gosto dele, conhecemos-nos há muito e muitas vezes calha a conversa deslizar para quando tudo estiver a correr bem. já faltou mais...

hoje veio à conversa, pela altura do gelado de caramelo, angola. para ser franco, preferia viver em moçambique, mas angola também servia, gostava de viver lá uns anos.

pela experiência de viveres diferentes, pela oportunidade de ter outro ritmo de vida, de saber outros sabores, por conhecer outras prioridades na habitação. e pela música, as cores, os cheiros, o mar.

também porque sonhamos sempre que noutras paragens não haverá algumas das cosias más que conhecemos aqui. sei lá, optimismo parvo...

há muitas pessoas a fazer essa opção, é uma terra de oportunidades. voltou a ser, aliás. sempre que o assunto é ir para áfrica, recordo a ilustre casa de ramires, do eça, como gonçalo se "salvou" por ter ido e feito fortuna. de certa maneira, foi todo portugal que foi, e é uma parte de portugal que tenta ir agora, de novo.

eu acho que uma alma pode ser salva por outra, mas também o pode ser por uma cultura. tem a ver com encontrarmos um lugar onde estejamos em casa, envolvidos, confortáveis. esse lugar pode ser uma pessoa, um lugar, talvez até uma actividade. se calhar, ainda pode ser mais coisas, e não me lembro delas.

eu gostava de ir, como o gonçalo. mas ele não tinha filho(s) e eu não sei viver sem o meu.

domingo, 15 de março de 2009

relações profissionais



há duas situações que adoro quando acontecem profissionalmente. bem, há três, sendo a terceira a altura de receber o cheque, mas é mesmo a terceira, porque as outras duas dão-me mais gosto.

a primeira é quando aquilo que proponho, em fase de projecto, chega ao cliente, ou seja, quando apresento uma proposta, desenhos, explicações, e a(s) pessoa(s) a quem o faço fica(m) encantada(s) com a proposta, a percebe(m), participa(m), se entusiasma(m), diz(em) que está para além do que ela(s) esperava(m). porque o objectivo não pode ser o de dar às pessoas o que querem, nem na minha profissão nem em muitas outras: tem de ser proporcionar-lhes mais do que elas esperavam, ir para além do sonho delas, fazer-las sonhar ainda mais.

isto acontece de uma maneira muito mais bonita com clientes particulares, quem vai construir ou remodelar uma casa, quem vai abrir ou reabrir uma loja sua, quem vai recriar o seu espaço de trabalho. nestes casos, as expectativas das pessoas são mais pessoais, tenho de realmente entrar nelas, entender o que pretendem e o que realmente as faria feliz. tenho clientes que me pedem desculpa do trabalho que estão a dar, gente deliciosa que nem faz ideia do que retiro de trabalhar com ela...

com clientes "promotores", entidades ou pessoas que têm
o lucro como objectivo, a relação é menos próxima (nestas questões, não necessariamente noutras), o trabalho adquire um carácter mais teórico, posso fazer algo meu, desde que garanta e potencie a rentabilidade da intervenção. normalmente, o que me questionam é se cabe tudo lá dentro, quantos fogos se podem construir, áreas e tipologias, parâmetros quantitativos, deixam a parte criativa nas minhas mãos. isto trás-me menos satisfação, apesar de gostar de liberdade criativa, porque não cria uma relação de proximidade tão produtiva.

a outra situação
que adoro e que me ocorre com alguma frequência é quando, depois de algo terminado (ou tão próximo disso que permite perceber o resultado final), o cliente (ou outro interveniente no processo) me diz: "tinha razão nisto ou naquilo", "ficou excelente", "valeu a pena o esforço", "ficou melhor do que esperava", "dou-lhe os parabéns", "está uma obra prima", "você faz milagres" ou algo semelhante (já me disseram estas coisas todas, não inventei).

mais uma vez, isto tem um significado mais intenso quando se trata de uma questão pessoal, de ter satisfeito uma vontade pessoal (mesmo que isso implique um casal, uma família, mas sempre questões de satisfazer sonhos pessoais).

a versão disto num cliente "promotor" é quando ele liga e diz: "arquitecto, está vendido!" ou algo semelhante, o que muitas vezes implica a tal terceira satisfação que tenho, do cheque a mudar de mãos...

escrevi acerca disto porque calhou no sábado ir almoçar a um restaurante que projectei. o trabalho de engenharia foi feito por um amigo meu, engenheiro, e tudo aquilo teve um certo carácter pessoal, porque ambos conhecíamos a família que o quis fazer e que hoje explora o restaurante, é um espaço familiar.

eu ainda não tinha ido lá, abriu há umas duas semanas e faltei à inauguração (parece que mataram um porco preto, burro que fui...) e quando cheguei, o chefe de família estava atrás do balcão, de costas, não me viu entrar. eu perguntei se ele se ajeitava com a máquina do café, algo do género, na brincadeira, ele virou-se e fez a cara mais feliz do mundo, enquanto exclamava alto "jòáo!". é alemão, fala com um sotaque maravilhoso, e fiquei tão feliz com a exclamação dele como ele por me ver lá.

há prazeres na vida que não tem preço...

luxos e lixos



dia excelente, ontem, tanto que nem aqui vim escrever.

foi dia de trabalho, que correu bem, de passeio a uma aldeia de fantasia, de fotografia, encanto antigo, comes e bebes, abusamos, conversa da boa, e até o futebol correu benzito. ah, e os knicks ganharam na noite anterior, mas como foi já depois da meia-noite, também pode contar...

hoje foram mudanças e limpeza, já tenho quarto de luxo e a casa limpa. agora quero fazer umas mudanças no quarto do meu filhote, mas espero por altura em que ele esteja, para dar ideias, ele tem-nas portentosas. dois idiotas juntos, é um luxo incomum...

ele não esteve cá, tinha adorado o fds. algumas das coisas vou repetir com ele, mas estava a contar ir-mos ao circo e acaba hoje, porrinha. enfim, houve alguém que se divertiu, luxo alheio...

fiz uma primeira impressão de um projecto muito querido, está a modos de ser visto por inteiro. ando entusiasmado com ele e apesar de me palpitar que vou ficar em débito financeiro com aquilo, é um luxo fazermos o que queremos e como queremos...

tenho máquina de fotografias mais ou menos nova, já estreei, postei a ilustrar o post, outro luxo...

também andei de carro novo, luxo tremendo. ainda não é o meu, eu ainda ando em fase de os namorar (o pior é depois de escolher, costumo ter azar a carros. há quem diga que não só, mas a carros de certeza que tenho). todos os processos de escolha tem encantos, mas não lhes chamo luxos...

bem, vou-me enfiar na banheira, encher aquilo de espuma, acender umas velas e escolher música. nem digo o que aquilo é...

o lixo, só levo para baixo à noite, antes de sair para café...

quinta-feira, 12 de março de 2009

magia



há gente positivista, acerca da vida. ou seja, cingem-se a aspectos palpáveis, práticos, científicos. nada contra, em certas questões também sou.

outras há que acreditam no sobrenatural, que tudo é regido por forças que desconhecemos. há depois uma sub-hipótese do fatalismo, em que andamos ao sabor desse sobrenatural, sem nada poder; e uma outra, em que é possível, através de estudo, fé, promessas, ameaças, choros, leitura de estrelas, mãos, cartas e o diabo, antever, e em consequência controlar, o futuro.

não sei bem onde me encaixo nisto, porque não me acomodo em nenhuma das perspectivas: há situações acerca das quais sou prático, estupidamente pragmático, nada me demove; e outras em que só consigo imaginar o mundo cheio de magia, com feitiços e encantos, fadas e duendes, almas que se salvam sem explicação rigorosa (não considero explicação rigorosa alguém levar umas palmadas no rabo ou, de repente e sem motivo palpável, encontrar-se).

eu hoje fui duas vezes atingido por magia...

de tarde, uma pessoa que amei (nunca deixamos de amar, em certo sentido) comentou este blogue, comigo, por telefone: a magia não foi estar certa ou errada, não foi dizer que gosta de ler-me, foi entender o que isto é, conhecer-me. ela disse que lê isto e vê que isto me realiza e faz feliz, e é mesmo só isso.

outra magia que aconteceu, o gustavo dorme e janta cá
. ainda dizem que não há fadas...

elogio da estrutura



já estava comprometido e já estava a tardar.

a mim, a estrutura das coisas fascina-me. não falo só de estrutura de edifícios, mas de estrutura em geral, perspectiva ampla do conceito: estrutura urbana, estrutura social, estrutura pessoal, estrutura musical, literária, composição gráfica, estruturas orgânicas (conchas, folhas, esqueleto de animais), estão a apanhar a ideia?

acontece que uma das características profissionais que desenvolvemos (nem todos, há várias maneiras de exercer a profissão, mas muitos de nós), é perceber como as coisas são feitas, como funcam, como se sustentam.

é aqui que entra a estrutura. é onde tudo começa a materializar-se, é o que suporta cada coisa, aquilo que a faz ser assim, e não de outro modo, a verdade oculta.

parênteses: (confesso que neste meu método de análise e compreensão,
a estrutura acaba por se juntar à ideia génese. na realidade, a estrutura existe imediatamente após essa ideia, mas com uma proximidade tal, de tal modo imediatamente após, que as misturo. suponho que por ambos os conceitos, ideia génese e estrutura, serem os que realmente caracterizam algo (whatever), eu atribuo a ambos a qualidade de serem os portadores da verdade desse algo (whatever)).

em consequência, por ser a parte material, a estrutura é o melhor elemento de análise para se conseguir entender o porquê, qual foi a ideia original, qual o motivo de.
se compreendermos a estrutura de algo, a sua razão de ser, entendemos muito facilmente tudo o resto acerca dela, depois. mas se errarmos na estrutura, já não se recupera, depois tudo sai errado.

o que me acontece, quase sempre acerca de quase tudo, é que vejo mais a estrutura do que o exterior, a parte visível, e tomo posição pela estrutura, é por ela que me rejo. por isso, ligo pouco a aparências, e não as valorizo nada. a verdade está noutro sítio, é preciso ir busca-la.

a menos que seja uma estrutura aparente, que não se tape ou esconda. nesse caso, nada a buscar, apenas desfrutar.


http://www.youtube.com/watch?v=7VOXc86vxC0

http://www.youtube.com/watch?v=QXLsna21FWo

http://www.youtube.com/watch?v=UYtIFM1ek_M

quarta-feira, 11 de março de 2009

conversa surreal


alma super simples: olá, joão, estás bom? que cara é essa?
moi: olá, tudo bem contigo?
ass: comigo sim, mas tu... com um sol destes?
moi: pá, não vou puder estar com o gustavo no fds...
ass: tão? que se passou?
moi: olha, ele vai estar doente, e a mãe não o deixa estar comigo porque não lhe dou os remédios...
ass: como sabe ela que vai estar doente? e tu não sabes que tens de dar os remédios ao puto? és um irresponsável!
moi: espera lá, eu dou-lhe os remédios.
ass: dás?
moi: dou.
ass: não percebo. se dás, basta dizeres à mãe dele que dás, e fica resolvido.
moi: pá, para te ser franco, franquinho, eu tenho a certeza que a mãe dele sabe que dou.
ass: estranho. e dás-lhe banho?
moi: claro, é das alturas melhores, aquilo parece uma piscina... sabes que se lava sozinho? é uma moca.
ass: nice. e comer, dás-lhe?
moi: tás parvo(a)? claro que dou, agora até cozinho. come super bem comigo, super bem e super demorado, tás a perceber?
ass:, sei, putos.
moi: e visto-o, não anda nu, e dorme sereno, conto-lhe histórias para dormir, fartamo-nos de falar.
ass: bem, e a mãe dele não sabe disso?
moi: sabe.
ass: então deve haver algo por trás da situação. ela não te falou mais nada?
moi: disse algo acerca de eu lhe querer tirar o filho...
ass: tu não podes fazer isso, é uma crueldade ignóbil tirar um filho a uma mãe, e se ela to impedisse de o veres?
moi: eu...
ass: estás a pensar leva-lo para as pampas, não?
moi: argentina é longe demais, ainda se fosse valladollid...
ass: ainda é estrangeiro, continua a ser cruel.
moi: sei lá, guarda? o puto ia adorar o forte de almeida...
ass: olha, tens é de dizer à mãe dele que já não vais levar o puto embora, e pronto.
moi: aahh, eu nunca disse que o ia levar. sei a crueldade que é não puder estar com ele, não ia fazer igual...
ass: nunca disseste? então porque tem ela medo que lhe tires o filho?
moi: ultrapassa-me...
ass: ele gosta da mãe?
moi: adora a mãe.
ass: estranho, que raio de motivo tem ela para ter medo?
moi: ...
ass: tantas mães que se queixam que os pais não querem saber dos filhos, e tu...
moi: iap.
ass: olha lá, ele gosta de estar contigo?
moi: já nos viste...
ass: pois já. e a mãe sabe? se calhar ela não sabe que o gustavo é feliz contigo, também.
moi: sabe.
ass: sabes o que isso me faz lembrar?
moi: diz.
ass: uma frase de um livro, "depois da festa", leste? "um dos dois não bate bem, e não é a das maminhas bonitas".
moi: (risos).
ass: como era aquela música, "you see me laughing just to keep from grying"?
moi: isso mesmo, é o caso.
ass: sabes, pode ser outra coisa...
moi: diz, já estou por tudo.
ass: tu pagas a pensão de alimentos a horas?
moi: a maioria das vezes, adiantado, ela pede.
ass: bem, se ela pede, fazes bem em adiantar.
moi: si, comigo corre sempre tudo bem, desde que possa estar com ele, facilito, não custa nada.
ass: olha, e se ela te pedir para trocar dias, também facilitas?
moi: iap, a menos que tenha coisas combinadas, facilito, eu prefiro evitar problemas a resolve-los.
ass: e quando foi a última vez que trocaste uma data?
moi: há 10 dias, ela pediu para ir buscar o gustavo uma noite antes, e foi. eu fiquei de estar com ele esta 2ª.
ass: boa, então correu tudo bem...
moi: nem por isso, na 2ª já ele estava doente, lixei-me outra vez...
ass: não te preocupes, de certeza que ela te deixa estar com ele outra noite, quando estiver bom.
moi: é mais provável que caia no esquecimento, ela já sabe que ele vai estar doente daqui a 4 dias...
ass: estou a ver. experimenta deixar de pagar a pensão, ou atrasar o pagamento, que achas?
moi: logo se vê. normalmente ela arrepende-se, e a coisa resolve-se a bem, vamos ver.
ass: olha, espero que corra tudo bem, para vocês. um abraço.
moi: vai correr, obrigado. outro.

p.s.- esclarecimento: nada disto é real, é uma conversa surreal.

p.p.s.- para almas com grau de "sensibilidade checo", isto não tem link para comentários, não é para ir comentar noutro post, é para não comentar, anywere (got it?)...

http://www.youtube.com/watch?v=F9R1UhCSyN8

terça-feira, 10 de março de 2009

bayern 7-1 sbording



a minha sorte é que não ligo à bola, o meu desporto é ping pong e ténis feminino. e escrevo que é a minha sorte, porque o sbonding levou outra abada do bayern, esta de 7-1. escrevo outra e passo a explicar, para quem lê isto e não segue futebol, é que já na semana passada inchamos 0-5 em casa, dos nossos amigos bávaros.

não me vou pôr aqui a enviar piadas a 7-1's alheios, um gajo tem de ter vergonha na cara, e ser homenzito. por isso, quem quiser mandar umas piadolas para aqui, desde já informo que publico todas.

para ser franco, confesso tristeza, mas não desilusão. acontece que o clube nem tem maus jogadores, este ano, aproveita muitos deles da estrutura de formação excelente que tem, usa umas camisolas lindas (o stromp nem se fala), tem condições e consta que está em processo de saneamento financeiro produtivo
(apesar de haver contas que ninguém parece ser capaz de ou querer perceber), e não sou eu que me vou pôr aqui a escrever que a direcção é de manhosos (apesar de achar que sim, mas eu, de finanças, cuido das minhas e vivóvelho).

para mim, a culpa é do treinas, da maneira de viver dele, e de quem se satisfaz com essa maneira, leia-se, os gajos que lhe pagam o ordenado e ainda agradecem o que ele produz. basicamente, umas taças para distrair os adeptos, e uns segundos lugares no campeonato, que dão para ir à champions (mesmo que seja para estas figuras), porque o que contas são os milhões de euros que se recebem de lá.

elaborando, é um gajo certinho direitinho, como se diz cá pelas beiras, de quem não se espera que dê barraca, nem que tenha um golpe de génio. vamos analisar isto, então: barracas, na última quinzena, montou ele duas; génio, quem o tem (e temos lá alguns que tem um bom pedaço), não tem lugar na equipa, servem de exemplo para os que são carneiros, certinhos direitinhos.

depois ficam muito admirados por o estádio estar às moscas, e não se venderem box's e que os adeptos estão distantes e não participam...

eu confesso, aplaudi entusiasta equipas que tivemos, com menos recursos, piores jogadores e piores resultados. aplaudi-as entusiasta porque jogavam à bola, só por isso. sei que escrevo para leigos nisto, mas vai na mesma: tenho saudades de john toshack, de mirko josic, de josé peseiro. não ganhamos nada com nenhum deles, mas porra, dava gosto ver a equipa jogar, porque a equipa os tinha no sítio, bem grandes, nessas épocas!

serve o futebol como exemplo para a vida: quem tem medo, é quem acaba a levar no cu. ou como se diz em futebolês, a inchar...

300



vi um filme, ontem à noite. os knics não jogaram (o que é bom, porque não perderam, raios os partam), e fiquei a ver o filme.

é passado em esparta, grécia antiga, fala da cultura espartana, de heróis e heroínas, de homens (e mulher) de acção e de políticos, de traição e coragem, de homens que vivem inteiros e morrem satisfeitos por isso, por terem vivido inteiros, e de traidores, que morrem na vergonha. o filme satisfaz a alma de almas simples, como eu...

o que mais gostei, no entanto, foi o grafismo. estava a reconhecer, e nem percebia de onde, até aos créditos. o filme tem marca de frank miller, e consegue materializar em imagens móveis o que miller coloca na bd, de uma maneira que me fascinou.

muitas bd's foram já passadas para o cinema, não me recordo de nenhuma que não achasse que ficou curta. até ontem.

o sangue, o bestiário, a fotografia, a parede de mortos, as armas, os gestos, as expressões, as mulheres, o sexo, os cenários, bd pura.

http://www.youtube.com/watch?v=0gfZnWVoqZ8

segunda-feira, 9 de março de 2009

julgamentos



tenho escrito uns post's mais soltos, e pela tal questão dos desequilíbrios que se equilibram, hoje escrevo sério.

e por escrever em balanços, aproveito para deixar uma explicação acerca dos temas que utilizo (não confundir com justificação, dessas não dou aqui. aliás, não dou quase em lado nenhum e a quase ninguém).

tenho eu para mim, que uma das coisas que nos separa dos outros animais é a capacidade de termos uma finalidade na vida, para além de sobreviver e procriar (sem com isto querer escrever que não haja muito ser humano que se esgote nestas tarefas, e muitas vezes sem as cumprir decentemente).

mas há alguns (humanos, seres) que precisam de mais, a quem não basta satisfazer necessidades básicas suas. isto remete para o sentido da vida, questão individual, que cada um deve resolver de per si. quer isto dizer que cada pessoa se realiza de uma maneira única, pessoal (mesmo que tenha carácter social) e, eventualmente, transmissiva. a minha é transmissiva, transmito-a ao escrever os post's.

tenho ideia de já ter escrito do que venho aqui fazer, de isto ser um excelente meio de expressão. eu sou provocador, por feitio, e uso isto para chegar a pessoas, algumas conhecidas, outras ainda não, imagino que outras nunca. mas quem vem ler aqui, pode ficar a conhecer-me um pedaço. se entender, um pedaço enorme.

há anos atrás, em debate com um amigo, ele gabava os méritos das biografias, para se conhecer o autor. eu contrapus que as biografias se cingiam a factos, logo ficavam curtas acerca da alma das pessoas, e que se chegava bem mais perto e se conhecia bem melhor alguém que escrevia uma história, um conto (e por maioria de razões, várias histórias ou contos), porque nessa escrita estava impressa a alma da pessoa, que é o que realmente importa conhecer.

é o que eu faço aqui, imprimo a minha alma (neste caso específico, digito). quando escrevo, falo de tudo que me é caro, quem quiser saber com o que me importo, basta ler, espírito aberto necessário.

acontece que sou um fulano estruturado, de uma maneira muito solta, mas estruturado. e costumo ter capacidade de me introduzir nas pessoas, na vida delas, e deixar lá alguma estrutura, nuns casos, e alguma liberdade, noutros. não imponho modos de vida, porque cada um(a) terá o seu, mas levo espírito crítico, abro portas fechadas há muito ou nunca abertas, crio perspectivas novas, que mesmo não sejam de seguir, criam outras, que o serão.

muitas vezes, recorro a excessos (principalmente delírios) para ilustrar coisas simples, que as pessoas percebem melhor no regresso. por vezes, não é a ir que entendemos, é a voltar, depois de experimentar. e por vezes, só considerar a experiência leva a consciências novas...

acho que o que mais mostro às pessoas, é que podem ser mais exigentes, querer o que realmente querem (depois de saberem o que realmente querem, evidente), e não se ralarem se outros, quaisquer que sejam, acham mal ou feio. porque o que é mau ou feio para uns, trás realização a outros, e vice-versa.

regras, só três, assim de repente: não julgar ninguém sem entender o que ou quem estamos a julgar; respeitar sempre as escolhas do(a)s outro(a)s primeiro, para puder exigir que respeitam as nossas; e ser sempre franco, mais imprescindível ainda quando estamos próximo de alguém.

p.s.- não me ralo que me julguem, sem me conhecer, só porque leram, sem entender, ça me fait égal. já os julgamentos de quem me conhece, são-me preciosos, porque sinceros, livres e fundamentados.

domingo, 8 de março de 2009

dia da mulher



eu sou um fulano a favor da igualdade de direitos, trato as mulheres como iguais (com excepção das que me excitam... mas também garanto que se algum homem me excitar como algumas mulheres me excitam, o trato como as trato a elas, logo não é uma questão de tratamento diferenciado por género, mas por intensidade de excitação).

ora, se eu sou a favor da igualdade de direitos, e ajo em conformidade, tenho de considerar este dia como discriminatório e desequilibrado, face ao meu modo de vida. já devo ter escrito aqui que desequilíbrios são muito saborosos, principalmente porque tendem a criar movimentos inversos, de recuperação de equilíbrio, que normalmente se excedem e desequilibram em sentido inverso, pelo que podemos ficar nestes desequilíbrios e recuperações a noite toda (com umas pausas para recuperar fôlego e beijos, eu não fumo tabaco).

voltando ao dia da mulher, e tendo em consideração que as representantes do género feminino devem ter tratamento diferenciado no dia de hoje, eu, anti-sexista, vejo-me na contingência de ser machista... por isso, hoje só escrevo de gajas, mamas, cus, pés descalços e por aí. quem quiser, pode parar de ler neste parágrafo, porque os que se seguem são pura pornografia.

...

vou evitar ser grosseiro, porque sei que todas as mulheres são curiosas e nunca fazem o que se lhes manda (sim, as meninas, que deviam ter parado de ler). vou tentar ser algo realmente difícil: machista (a mim custa) e sê-lo de forma delicada (delicado consigo ser, mas juntar isso a machismo, é teso).

vamos lá...

talvez se eu descrever uma cena de sexo, assim para o picante, em que no final ele dá beijinhos a ela, e diz que gosta muito dela, e vai gostar para sempre. e para ser mesmo machista, já está a pensar na vizinha de baixo. não, isso não é ser machista, é ser mentiroso, se calhar ela é que está a pensar na vizinha de baixo... não serve.

talvez um maduro esteja a bater na sua mais que tudo, palmadas valentes no rabo, até ficar encarnado... bem, é ser machista e delicado, porque depois ele pode pôr um cremito hidratante, fazer muitas festas, até o encarnado passar a cor de rosa... o risco que corro, é choverem contactos na caixa de comentários, e eu não ter mão para tantas palmadas. a ideia não é má, mas está fora de espírito (de qualquer modo, as meninas que ainda estão a ler, e não deviam, podem enviar contactos na mesma...).

é isso! o cumulo do machismo! preparem-se, aqui vai: um fulano, tão machista que até cheira, entra numa loja, porta de mola (daquelas que se fecha sozinha, a porta). atrás vem uma menina delicada, mas com um decote até ao umbigo. está visto que o fulano é um grosseirão, e assim que entra, larga a porta (esqueci de escrever que é de vidro...), que bate no nariz delicado da delicada (felizmente, as mamas enormes dela amorteceram a pancada), e ela solta um ai!, entre o delicado e o varina. o fulano, machista que é, já ia começar a rir, mas quando lhe vê o umbigo, homem que é, desmancha-se em desculpas, e sou um distraído, se a menina se quiser vingar podemos ir até minha casa, e dá-me umas palmadas, e por aí...

estou indeciso entre duas opções para o final, escrevo as duas e escolhem a que preferirem: a) a delicada espeta-lhe uma nada delicada estalada na cara, e vai buscar as cervejas para o maridito, que ficou em casa a ver pornografia; b) ela junta derretida ao delicada, vai com o machista para uma sessão prolongada de spanking (seguida de cremito e festinhas, claro), e fica o maridito sem cervejas.

imagino que a escolha seja difícil também para vós, eu fico-me por aqui, no machismo, vou visitar uns sites de meninas que gosto muito de ver, para reabilitar.

sexta-feira, 6 de março de 2009

critérios de salvamento



hoje trago uma provocação pessoal, em formato pergunta: "se toda a humanidade estivesse condenada (o "se" é optimista, paciência, já lá chegamos), e vocês pudessem salvar apenas uma pessoa, convosco, quem salvariam?".

pergunta demasiado fácil para quem tem (só) um filho, e inutilmente cruel para quem tem dois ou três, por isso, vamos colocar como adquirido que todos os filhos das duas pessoas que se salvavam eram igualmente salvos.

para almas altruístas, que escolheriam a pessoa a salvar de acordo com o critério de maior número de filhos, para repovoar, e tal, não tenho mais nada a acrescentar, não escrevo mais para vocês, vão brincar com as vossas pilitas (se não tem, brinquem com outra coisa, ou peçam emprestado).

alguns de vós, mais perspicazes, perceberam que é uma pergunta com truques. aqueles muito perspicazes (ou os que me conhecem melhor) até já vêem os truques a saltar. para os outros, aqui vão: depois de terem escolhido, há algumas questões a colocar-se, se quiserem fazer o obséquio:

1º, foi fácil escolher a pessoa? porquê? teve a ver com o facto de só quererem salvar uma pessoa, ou com o de essa pessoa se destacar entre todas as que amam? de não haver nenhuma que gostassem de salvar, ou de não conseguirem escolher entre todas as que gostariam?

2º, que é essa pessoa? familiar, amigo, amante, o jardineiro, um chef de cuisine (não é má escolha...), a vossa gerente de conta (a minha está escolhida), professional trainer, o(a) menino(a) a quem telefonam quando estão sozinhos, por cem euros (se for barato, escusam de enviar coments a perguntar a quem telefono por esse preço, não faço ideia das tarifas actuais, atirei ao calhas)? e já agora, antes de me virem aqui ler, tinham consciência de que a pessoa vos era assim tão importante (e cara, digo eu, se pagam cem euros por sexo. há quem faça de borla e com gosto)?

3º, (está é opcional, mas almas corajosas respondem frontalmente) estão convictas de que essa pessoa também vos escolheria a vós? e pelos mesmos motivos?

4º, (e aqui está a questão romã) que tem vossas excelências feito para a salvar?

todas as almas necessitam ser salvas, e cada um(a) deve salvar a de um(a) outro(a). por questões humanitárias e de sanidade mental.

p.s.- quanto ao optimismo no "se toda a humanidade estivesse condenada", pensei, quando o escrevi, que no desenvolver disto lá chegava, mas a coisa pessoalizou-se. por este motivo, fica adiada para calendas a questão da humanidade no seu total, e a humanidade nem reclama, porque está habituada.

quinta-feira, 5 de março de 2009

fotografias de pés



fiz uma pausa no trabalho, e dei com um blogue de um bacano que faz para cima de 200 post's por mês, e tem como tema, tchan, tchan, tchan, tchan! podolatria!

ora bem, na hipótese de haver leitores que ignoram o significado (ignorar só é mau se não levar ao conhecimento), bem, isto não é escola básica (chiça, para quem me lê, isto devia ser básico), vão ao google.

a fotografia que aí está (aí e no meu ambiente de trabalho, há coisas a que não resisto), vem de lá.

ele leva aquilo mesmo a sério (mais de 200 post's por mês... nem deve trabalhar... a menos que o ranhoso trabalhe numa empresa de publicidade a sapatos de mulher, há gajos que nascem com o cu virado para a lua), e é um pedaço descarado; algures, pelo post 493, vai de escrever que, quem quiser, e tal, enviar umas fotografias
dos pézitos, calçados ou descalços, sem compromisso, tá claro, ele faz gosto em publicar, é um prazer, e assim, e já agora, em vez de mandarem uma fotografia, mandem uma série, sempre dá para escolher, e faz outro efeito visual, é só por isso, mais nada, e muito obrigado...

eu costumo reconhecer as qualidades nos outros, gosto quando os outros as têm, mas neste caso, tenho é inveja!
como é que eu não me lembrei disto antes? uma ideia tão simples, tão objectiva, tão proveitosa (o resto que se lixe, é proveitosa), e não fui eu que a tive. podia escrever que foi pudor meu, e ele é descarado, mas não vou ser hipócrita: ele lembrou-se primeiro.

vencido, derrotado, só me resta copia-lo. mas como tenho um feitio lixado, copio em upgrade. aqui vai...

ora bem, serve isto tudo para provocar as minhas leitoras (e os leitores que tenham namoradas, mulheres, amantes, irmãs, mães, amigas, ou os que são apenas descarados e se interessam pelo tema), no sentido de,
quem quiser, e tal, enviar umas fotografias dos pézitos, calçados ou descalços, sem compromisso, tá claro, faço gosto em publicar, é um prazer, e assim, e já agora, em vez de mandarem uma fotografia, mandem uma série, sempre dá para escolher, e faz outro efeito visual, é só por isso, mais nada, e muito obrigado...

e agora o meu upgrade...

as damas que não tiverem máquina fotográfica, ou que sejam exigentes no enquadramento fotográfico dos pés e tenham o chão lá de casa pavimentado a mosaico feioso (o meu chão é lindo de morrer, podem ver pela foto do post anterior, deu um trabalhão a ficar assim, à custa de tostas de frango e imperiais, é pena não o usar), podem vir fazer as fotografias cá a casa! quem não souber onde é, pode deixar contacto em coment, eu não publico (juro pelas unhas mais bonitas), e combinamos. ainda ofereço jantar (cozinho eu, é maior o risco de jantarem do que o de virem cá, em cima de saltos, acreditem), opcional.

disto não se lembrou ele, o bacana dos 200 post's por mês!

quarta-feira, 4 de março de 2009

gustavo's in the house



hoje foi noite boa!

experimentamos um brinquedo novo, xulente, o comboio anda a pilhas, e "planta" as peças.

também fizemos bolo de chocolate, não ficou nada mau. já sei usar o forno. fiz massa e fritei rissóis para o jantar. ficaram meio escuros, mas o meu filhote é um amor, disse que estavam deliciosos. e estavam, ele comeu como um leão, e ajudou a pôr a mesa.

hoje fica registo curto, vou escrever para outro lado.

terça-feira, 3 de março de 2009

canção tema



muita gente tem uma "canção tema", é uma música a que o cérebro recorre, se quiser, para sobrepor a outra coisa, que queremos não ouvir, ou que queremos não enfrentar. basicamente, é um ruído de comunicação, que nós controlamos, uma espécie de arma de isolamento, de bloqueio ao exterior.

conheço a expressão de uma séria que dava há anos atrás, "ally mcbeal". para quem não recorda, era uma personagem sonhadora (micro-saias, pernas longas, saltos, ver foto), que via unicórnios e outras aparições, dividia apartamento com outra advogada (micro-saias semelhantes, mas um decote portentoso!), e vivia a vida com uma sensibilidade extrema, num mundo à parte, esperança num amor feliz.

a série estava cheia de personagens fascinantes, personalidades bizarras. o biscuit e o sócio (fetiche por papadas), as personagens da lucy liu e da portia de rossi (se vier o diabo, escolhe as duas, eu escolhia e nem diabo sou), a secretária. aquele mundo fascinava-me, pelo facto de ser parecido com o meu (mais meloso, bien sur), porque falava de pessoas com perspectivas semelhantes à minhas, que acreditavam no mesmo que eu.

a "canção tema" da ally julgo que era uma música do barry white, a que recorria sempre que queria alhear-se do mundo, ostensivamente. escrevo disto, e chovem-me recordações do imaginário.

eu também tenho uma "canção tema". quer dizer, tinha uma, mas acrescentei. a original, que uso há anos (ainda me sai fluente) é uma música de ray charles, "hit the road jack". também utilizo por vezes uma música que a jessica rabbit cantava, "why don't you do right? (like some other man do)". desta andei mil tempos atrás de versão em cd, que orgulhosamente encontrei cantado por ella. uma terceira, adquiri a canta-la ao gustavo, para ele adormecer, em bébé (nunca qualquer outra pessoa gostou de me ouvir cantar, só ele), "los peces", da lhasa (e ele agora cantou-a na festa de natal da escola, o mundo gira mesmo).

mais recentemente, tenho outra. talvez por ser novidade, não me sai. já aqui deixei link para vídeo, da menina romã, "cry me a river". é o segundo post cujo círculo fecha nesta música, deve querer dizer algo. mas a minha psicanalista anda ocupada... e fica a minha (in)sanidade abandonada. a (
in)sanidade ainda tolero, o resto aborrece-me....

http://www.youtube.com/watch?v=Q8Tiz6INF7I

http://www.youtube.com/watch?v=yy5THitqPBw

p.s.- no youtube, havia um vídeo de "los peces", de lhasa, pero se fue removido... quem quiser procurar outras versões, fáxavor.

alvorada



um quarto para as sete, alvorada. cantam os passaritos, do lado gelado da janela da casa de banho. parecem contentes, na mesma, devem estar a dar os bons dias ao sol...

eu escrevi toda a noite, porra, nunca pensei que me desse tanta satisfação. não sei bem o que fazer com isto, mas estou contente como os passaritos, só que do lado quente da janela, no escritório.

quando o tomasito era pequeno, coisa de menos de dois anos, penso, e eu ficava lá em casa, ele entrava-me pelo quarto dentro (era na sala, aliás), e acordava-me com anúncio de "alvorada". e com uma boa disposição inabalável, depois ajudava-me a fazer a "camona". agora está um homenzito, já.

as vezes que me lembro do meu, do riso dele, do "porque és tão tonto, pai?", do "bom dia, pai, dormiste bem?". daqui a pouco ele acorda, vai dar beijitos à mamã, tomar pequeno almoço a ver o canal panda. deixei mensagem, a pedir para lhe dar um beijito meu, de bom dia...

segunda-feira, 2 de março de 2009

cenas de prof's



conheço alguns professores, alguns bastante bem. seja eu que tenho sorte, ou seja eu parcial, muitos dos que conheço são professores empenhados, que tem uma visão de educação muito mais abrangente do que a dos vários ministros e governos que temos tido, desde que me recordo (o que remonta ao tempo em que o nosso presidente era o nosso primeiro).

ser um professor empenhado, para mim, é preocupar-se com a educação dos alunos. parece simples, e até é, mas dá trabalho. implica entende-los (caso a caso), perceber por onde podem crescer, e dar umas pistas, provoca-los, injectar confiança. implica usar horas fora de horário, criar actividades fora de currículo, confronta-los com as suas fraquezas e ajudar (se necessário) a ultrapassa-las. como eu disse, é simples mas dá muito trabalho.

depois há professores de carreira. gente que não sabe fazer mais nada (estou a exagerar, mas é por excesso, nem prof's sabem ser), e dependem do ordenadito para sobreviver. é gente que se preocupa em "dar" a matéria que sai nas avaliações, que faz aulas de revisão com os enunciados dos testes, para facilitar a coisa, e que se rala apenas se tem muitas negativas, porque isso implica aulas de recuperação e más avaliações de desempenho. e isso estraga a vidita que levam, e põe em causa o ordenadito...

o outro lado da mesma moeda, são as políticas de educação que temos tido, desde a altura que entrámos na então c.e.e. e começamos a comparar-nos com o resto da europa (na altura, eram todos muito melhor que nós, em tudo). vai daí, em vez de tentarmos melhorar, tentámos disfarçar que a educação que tínhamos era um merdum, e baixamos patamares. temos vindo a descer desde então, e cada vez que batemos no fundo, escavamos para descer mais.

ser professor, há coisa de 20 anos, era ser alguém importante, influente, respeitado. o motivo: "the hand that rocks the cradle, rules the world" (que também é o nome de um filme impressionante, noutro contexto etário), ou seja, quem tem influência sobre as crianças, tem o futuro do mundo nas mãos.

porra, ter o futuro do mundo nas mãos tem de ser importante, não se pode desprezar a responsabilidade a cumprir parâmetros redutores.

tudo isto para dizer que me faz uma espécie brutal ver prof's em manif's, a reclamar de avaliações e de estatutos de carreira. eu nem ponho em causa que a história dos estatutos esteja mal feita (deve estar), e que os parâmetros das avaliações sejam ridículos (sei que são), mas quem nunca se manifestou a sério durante os anos em que o ensino desmoronou, como tem agora moral para discutir pormenores das ruínas?

tenho para mim que o que preocupa os prof's é o ordenadito. claro que não são respeitados, como classe, porque não se dão ao respeito, como classe (estou à vontade para falar, a minha classe também demorou muito tempo a merecer o respeito, e ainda tem muito que andar para isso). é em alturas difíceis que se vê a qualidade das pessoas (e das classes, neste caso, profissionais): quando os governos legislavam mal, quando diminuíram condições de educar, deviam ter-se posto ao alto, logo (xiça, eu ia a essas manif's todas, e muito mais gente também, tínhamos enchido praças, e hoje tínhamos uma educação melhor). agora, por causa do ordenadito? p que os p.

há excepções, já falei de algumas. nem falo de mim, porque nunca fui realmente professor, apenas dei formação dois anos, foi quase uma experiência (excelente, aliás. nem podia ser de outro modo, ao formar pessoas). mas este post vem enquadrar o link que vos deixo, foi para o deixar que deixei também a minha opinião acerca da educação que temos.

é um site de um amigo, artista de formação, um maduro muito bacana. para além das intervenções que fazia, foi ser professor (reparem que não escrevi "foi dar aulas"). vai daí, porque não achava satisfatório apenas o que estava a fazer, criou uma disciplina. é verdade. vejam lá, parece que quando um gajo quer algo, se for mesmo bom, consegue! e agora, na escola onde ensina, há uma disciplina de cinema.

já sei que há artistas a dizer que isso não faz falta, que não serve para nada, que os alunos mal aprendem o que está nos currículos. mas há gente, estranha, que acredita que se apontarmos à lua, mesmo que falhemos, caímos entre as estrelas. qualquer marreco percebe que isso dá mais gozo que cumprir calendário. bem, há marrecos para tudo...

fica o link, para cépticos, curiosos, e auto-didactas http://cinemano3ciclo.blogspot.com/