sábado, 29 de maio de 2010

sopas e sopitas



cada pessoa deve escolher o modo como quer viver e criar condições para tal (quando não surgem naturais). uma amiga ligou-me por engano, esta semana, e perguntou-me se estou feliz (os termos que se usam são relevantes), e a verdade é que ando mesmo, uma felicidade multifacetada, fluente.

nesta altura, cá por casa, vive-se em fluxos correntes, há gente que entra e que sai, que vem por pouco ou muito tempo, o gustavo vem em datas certas, veio mobília, há coisas que saíram por causa das que vieram, o trabalho deu para borbulhar nesta altura.

um amigo nosso está cá e resolveu fazer o jantar, ontem (coisa a fazer valer a pena as duas horas de cozinha. e a pilha de loiça para lavar....), e o gustavo, com tanto tempo, decidiu organizar um restaurante cá em casa (por causa da mesa e toalha "novas", e do jantar especial), e disse que era o meu sonho realizado (o restaurante, por eu dizer muitas vezes que se come cá tão bem que devíamos abrir um), e pôs a mesa, e colocou o nome dos comensais, e fez um logótipo para o restaurante, e uma placa na entrada.

não é pelo restaurante, mas é um sonho realizado.

domingo, 23 de maio de 2010

um piano por um frigo



há uns dias encontrei no facebook um grupo qualquer chamado "feira de trocas", ou algo do género. a ideia é regressar ao tempo pre-argent, troca de bens por bens, onde toda a economia era de mercado (porque acontecia no mercado....).

isto tem muitos ramos pendurados, desde o fim dos bancos (excepto o alimentar), o fim da inflação, o fim dos economistas e dos contabilistas, o fim das dívidas (não de todas, suponho que um carpinteiro poderia trocar uma mesa para quatro por um cordeiro, mas tivesse de esperar que o animal crescesse, o que, mantendo o conceito de dívida, ainda assim eliminaria os juros), e um milhar de perguntas curiosas: como se pagaria a internet; como se valorizaria consultadoria (provavelmente com parte dos lucros, como hoje, mas o conceito de lucro seria diferente); que tipo de leilões haveria (e agora, esta magnífica vaca de 600 kilos, quem dá mais tecido por ela? seda, alguém disse seda?).

soa a utopia mas não é. não sei se o tal grupo funca bem (mas vou espreitar), eu é que não me fico pelas palavras e agi: troquei um frigorífico (que vai ficar em excesso na 3ª feira) por um piano (a precisar de afinação)!

e estou a colocar no mercado um excelente pacote de máquina de lavar roupa com muitos programas (que troco por plasma, com surround), um micro-ondas (que adoraria trocar por máquina de café, daquelas de pastilhas coloridas) e desumidificador (que pode ir de bónus numa das outras trocas ou, se a coisa correr mesmo bem, valer uma jantarada para dois, no burgo). mas isto são só ideias, porque neste tipo de mercado nunca se sabe que oportunidades poderão aparecer (massagens com óleos perfumados, uma scooter, um dia de trabalho de pedreiro ou uma viagem a torremolinos), e nunca se deixa de ouvir e considerar propostas.

sábado, 22 de maio de 2010

da bd para o cinema



a transposição de livros para o cinema é assunto. normalmente, a passagem fica de prejuízo, mas há casos em que o resultado é muito bom e, em raras excepções, é mais valia ("a insustentável leveza" é o meu melhor exemplo).

em paralelo, a transposição do mundo da bd para o cinema tem exemplos ainda mais ruinosos (o surfista do quarteto fantástico é um nojo de lesa arte).

eu acho que isto acontece porque o que a bd tem de mais poderoso é a caracterização de personagens (cenários também, mas o que mais caracteriza o universo onde cada história se passa depende sempre (mesmo sempre) do carácter dos personagens, e acontece não depender sempre dos cenários).

estes universos, na versão cinema, são caracterizados pelos efeitos especiais (super poderes, cenários, adereços e guarda-roupas, sons). o carácter dos personagens é brutalmente desprezado, chegando a ser anulado (ou pior, deturpado) para se adaptar à principalização do secundário. exemplos, para além do imbecil que é o surfista versão quarteto fantástico II, temos o demolidor a dormir num caixão ou a elektra preocupada com o pai de uma menina que acredita nela.

assim de repente, só me lembro de dois casos em que a passagem a película valoriza os personagens. não é acaso tratar-se de casos em que os autores das bd fazem parte da produção (e/ou) direcção dos filmes: sin city, co-realizado por frank miller (e robert rodriguez), e immortel, realizado pelo próprio bilal.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

o espantalho estranho



o mundo julga depressa demais ou, "porque são negros os corvos".

o louco do semáforo



de manhã cedo fui deixar o meu rapaz na escolita e aconteceu uma coisa fascinante, quando regressava ao carro.

um fulano, dentro de um carro, numa fila de semáforo (daqueles demorados), pendurado na janela aberta: "não podes passar o semáforo a verde", perguntou com um sorriso. " não trouxe o comando, azar" foi mais ou menos o que respondi. não nos conhecemos, nem seria capaz de o reconhecer se voltasse a vê-lo, e a ele deve acontecer o mesmo em relação a mim. é fácil a um idiota provocar sorrisos noutro, com algo idiota.

a vida é como gotas de água, raispartós que insistem em colocar torneiras.

terça-feira, 18 de maio de 2010

grande demais



criaram no facebook um grupo de apoio à professora bruna que já vai, às 19:17 de hoje, com 56.312 membros.

aqui há dias escrevi que falta tolerância, mas também falta senso, diacho. 56 mil e tal pessoas apoiam a nudez da senhora (parece-me relevante, mais que questão estética é questão de liberdade de expressão (sem piadas, é mesmo)), é caso para tanto interesse?

mesmo sem comentar os comentários que lá comentaram (há quem insulte a vereadora que terá sido responsável pelo despedimento, há quem sugira aulas particulares) e dando mesmo muito desconto ao site (que não deixa de ser excelente por isso), soa a excesso. porque mais que no site, o assunto anda solto, no país, e se se percebe que o país descanse por momentos no peito da professora bruna, porque bem precisa de determinados carinhos, corre riscos de adormecer lá.

sem derrapar na hipótese da rapariga ter feito ou não implantes mamários (se não fez, escusa, porque não precisa), a reacção a tudo isto soa a inflacionado, silicone.....

segunda-feira, 17 de maio de 2010

a prof de mirandela



não conheço bem a história, só de ouvir recontar. uma professora de uma escola de mirandela tirou umas fotografias coloridas para a playboy portuguesa (a derradeira internacionalização do país, em falta desde a adesão ao euro).

mirandela é uma terra muito bonita (sou apreciador de trás-os-montes) e a menina, de sua graça bruna real, também é (sendo que parece gostar de cãezitos, o que lhe indicia um coração grande).

ora, mais que comentário brejeiro à generosa volumetria mamária da bruna, este post é acerca do acto de pousar para a revista, e o que isso influencia a profissão de professora. por isso, daqui para baixo, vou ser sério (pois...).

a revista é legal (não sei se a venda é limitada etariamente, mas os putos tem acesso a bebidas e tabaco, a visão dos peitos da professora não pode ter pior efeito neles(as)), a nudez, felizmente, também é, e duvido que a rapariga exerça o ensino em exclusividade contractual..... logo, nada a opor, do ponto de vista jurídico.

já no campo prático, pode-se facilmente argumentar que a professora não pode impedir alunos de andar com a revista em riste por toda a parte, não pode levar a mal que lhe apontem o volume confortável dentro do soutien (que seguramente usa, com garbo agora ainda maior), pode-se facilmente arguir que a sua capacidade de se impor como educadora está afectada e é-me fácil aceitar este argumento como válido.

tenho de ressalvar que também me é fácil imaginar relações com alunos que em nada sejam afectadas por um acto de nudez, e que tais relações me parecem mais fortes que outras que sejam afectadas à vista de um par de mamas bonitas.

também se pode argumentar que a profissão está muito desvalorizada (facto), que isto é mais um prego (perspectiva) ou que, de desvalorizada que está, andar de mamas descobertas em nada afecta (outra perspectiva, mais próxima da minha), que os professores, pobres, se estafam a trabalhar (tanto que precisam de mais férias que o comum dos trabalhadores) e são mal pagos (o que justificaria o acto numa perspectiva de economia familiar).

para mim, o espaço e o respeito não se ganham pelos metros quadrados de tecido que se usa. ganham-se pela frontalidade (aham, nada a escrever acerca da da professora de mirandela), pela disponibilidade (idem), pelas capacidades técnicas e de ensino (e a senhora, nas aulas, seguro usa soutien e camisola, ou camisa, top,
qualquer pecita lhe deve ficar bem....).

para mim, preferia ter uma professora que aparecesse nua algures e me ensinasse coisas do currículo e da vida, (tive algumas(uns) assim, e eram as (os) preferidas(os)) do que uma púdica que se estivesse nas tintas.

e convenhamos, há tantos actos de que os autores deveriam envergonhar-se, que mostrar a pele, ainda para mais tão bem hidratada, deve ser mesmo o último da lista.

sábado, 15 de maio de 2010

little red riding hood



hoje foi capuchinho vermelho, versão familiar.

palavras e riscos



há coisas que são começadas e acabadas, outras são começadas e vão-se acabando, outras que se começam e sabe-se lá se se acabam, algumas são só começo e é esse o fim.

uma coisa que gosto de fazer (hábito comum na minha profissão) é desenhar (ou apenas pensar) espaços, sem destino, sem cliente para eles, sem pensar onde seriam feitos. mais ou menos como imaginar uma mulher ideal (ou homem, dependendo de preferência), com o pressuposto de que a poderíamos mesmo moldar (não essencialmente fisicamente) e para tal temos de a (o) dotar das necessárias condições, mas não o faremos.

não se o faz com objectivo de algum dia concretizar (sendo que alguns acabam mesmo por, quantas deles em contextos muito diferentes do imaginado inicialmente), apenas pelo ingénuo prazer de divagar, auto-conhecimento, asas de sonhos.

eu imagino janelas, coberturas, topografias de terrenos, pormenores construtivos, coisas díspares, com o único ponto frequente de terem pessoas a utiliza-los. as pessoas variam, podem ser abstractas, desconhecidas minhas (normalmente são, lá calha pensar em mim ou alguém meu num destes espaços a fazer algo que conheço de perto), mas os espaços são definidos para determinada utilização pessoal e por ela determinados.

curiosamente, não imaginei quase nenhum dos espaços de uma história que escrevi. melhor, não os descrevi, por vagos que eram.

isto leva-me a isto: não serão os espaços relevantes para o que neles acontece? ou serão as pessoas, as suas histórias, conversas, gestos, independentes de onde acontecem, de onde falam, de onde se movem? a ser esta, que raio fazem os arquitectos? raio de escritor sou eu que pouco (d)escrevo espaços?

parênteses (eu sei as minhas respostas a isto, escrevo por deleite).

outro parênteses (o rascunho do livro fica de versão final. quem quiser, faz favor de dizer, que eu envio o texto).

a verdade é que ando a desenvolver projecto de escrever uma peça de teatro e de desenhar os cenários, o que junta o inútil e o agradável.....

quinta-feira, 13 de maio de 2010

quinhentos



este é o post 500, ando há tempo para escrever algo particular, que fosse abrangente do que faço disto.

mais que desejos, isto tornou-se um lugar de opiniões, provocações, afirmações e carinhos. não controlo o caminho que isto segue, vou escrevendo o que me dá ganas, quando dá ganas. tenho escrito menos porque tenho as ganas noutro lugar, mais quente, mas o hugo fez esta fotografia e ela ilustra o que quero dizer agora: pode-se crescer onde se quiser, se realmente se quiser crescer, elevar-se, e seguir verticais.

é secundário o que aconteceu entre o post primeiro e hoje, quem veio e quem passou, quem ficou ou quem voltou, quem está, perto ou longe, física ou emocionalmente. são secundárias barbaridades e mesquindades, vitórias e projectos, risos ou choros, abraços ou orgasmos. menos ainda importa o traçado do tgv, o miguel dos leitões, a cor para as portas, a demora da carrinha ou a receita das tartes (esta, bem, tem que se lhe prove.....).

primeiro, prioritário, primário acima de tudo, é a humanidade que transpiramos, e com que ganas. noite e dia.

terça-feira, 11 de maio de 2010

nada católico, mas praticante



temos papa em portugal, trouxe polémicas de tolerâncias (de ponto) quando devia apenas trazer a tolerância, sem polémicas.

por estes dias tem havido muito atrito, gente que pára para o ver e que empurra quem o quer ver. estava alguém a falar na televisão, no café, de manhã, que o papa não deve ser um relações públicas, e devia ter razão, mas o mundo de hoje, parece, já não funca sem elas, não importa conteúdos.

eu não tenho grande fé neste papa, tinha admiração pelo anterior, cheio de defeitos e mesmo assim, em frente é o caminho. tenho ainda menos respeito pela igreja, que peca descarada, e desavergonhadamente prega a virtude.

mas tenho respeito ilimitado pela fé de cada um, minha (agnóstica) incluída. e se acreditam na igreja deste papa, têm direito a isso e merecem respeito (e talvez louvor, e talvez dó), se acreditam noutra, ainda mais trapaceira, igual, se acreditam em nada, o mesmo respeito e o mesmo dó.

a tolerância não devia ser de ponto, devia ser só tolerância. chama-se respeito.

domingo, 9 de maio de 2010

galandum



calha alturas estar no sítio e na hora, ontem apanhámos os galandum galundaina nas festas da lousã, depois de um jantarito no burgo. a certa altura, cantam eles uma música chamada "pingacho":

beila-lo picorcito
beila-lo,
que te quiero un pouquito
beila-lo
beilar-lo de lhado
de l’outro ancustado
i de delantreira
tamien de traseira
ora si que te quiero morena
ora si que te quiero salada

ficámos um pedaço na palheta, depois do concerto, e a saber que dia seguinte, hoje, iam os galandum almoçar ao burgo, também, e eu aposto que comeram mui bem.

o instrumento da fotografia é um rigaleijo, palavra que também serve para vagina, em mirandês, e fica aqui a informação porque cultura não ocupa espaço.

p.s.- errata, rigaleijo em mirandês é sanfona em português, sanfona que por sua vez é vagina em mirandês. não é que tivesse escrito errado, mas há uma sanfona pelo meio....

sexta-feira, 7 de maio de 2010

phineas & ferb



favoritos cá de casa, não só pelos putos, que têm ideias geniais (coisa que não abunda nos putos reais de hoje), mas principalmente pelo perrry orrnitorrrinca, como diz o doutor doofenshimrtz. dei comigo a pensar que a estrutura das histórias está engraçada, o perry é sempre apanhado (qué surrprresa, perry... não erra nada, estava à tua esperrra, apanhé-te) e solta-se, a irmã queixinhas nunca consegue provar à mãe que phineas e ferb realmente inventam coisas fenomenais, e essas coisas funcionam sempre.

e o sotaque do dr
doofenshimrtz permite fazer um pessimista xulente....

segunda-feira, 3 de maio de 2010

o lobo e as ovelhas



hoje ouvi, em conversa sobre competitividade e oportunidades, que "as ovelhas comem o pasto umas das outras", e fiquei a pensar nas liberdades de ser lobo.