sábado, 24 de outubro de 2009

concretizando



uma coisa boa no meu trabalho é nunca ser monótono. outra, as feiras profissionais. decorre a concreta, fui. e voltei muito convicto de duas coisas que valorizava.

uma delas, a implementação de energias limpas, chamadas "alternativas". para além dos painéis solares, dos requisitos de comportamento térmico, de recolha e aproveitamento de água de chuva, das coberturas ajardinadas, coisas já corriqueiras, sempre cheias de evoluções técnicas de eficácia, havia em exposição sistemas de aproveitamento de energia eólica domésticos (mini-eólicas, empresa galega, coisa mais riquinha), e utilização de energia geotérmica em sistemas de aquecimento.

parênteses (no meu tempo de universidade, e já das décadas anteriores, o que se valorizava nestas problemáticas era a exposição solar dos edifícios. ou seja, para além da estética, dos custos, das técnicas, da legislação, das relações com promotores, do enquadramento urbano e histórico, nós, jovens arquitectos (foi há uns 17 anos, caramba), chegávamos a um local e, antes de quase tudo, reparávamos onde estava o sol, fazíamos contas às horas que eram, e orientávamos o local, nascente daquí e ponte paracolá. eu ainda faço isto, antes de quase tudo, quando chego a um local novo).

muitas pessoas ainda olham para aquilo tudo (bem, quase tudo) como para um palácio. depois seguem para os sistemas convencionais, discutir rentabilidade, custos, vantagens em combustar este combustível em lugar de queimar aqueloutro. suponho que o mundo ainda não grita alto suficiente para chegar a todos os ouvidos. ou então é questão de frequência acústica, sei lá......

a outra coisa que me trouxe satisfeito foi uma conversa acerca do futuro da construção, cá. é um assunto de que se fala há basto, em congressos e nos meios profissionais, mas que começa a espalhar-se a todas as áreas do negócio (refiro-me aos investidores, promotores, upgrades de pato bravo, sendo que ainda há destes). basicamente, quem constrói por construir deixou de vender como vendia, de há muito. mas há gente perspicaz, que já o percebeu há muito (coisa de ir a congressos ou trabalhar com técnicos informados) e gente que foi dando cabeçadas nas paredes porque demorou a perceber que não havia ali saídas, estavam noutra direcção.

o que mais me agrada na situação actual é que a construção já não serve para satisfazer uma necessidade deficitária do volume de construção (já vai excedentária, and rising). por analogia, deixamos de ter necessidade de construção, e o passo seguinte é ter desejo de boa construção.

como dizia o agostinho da silva (eu ouvi-lho a ele, mas calhando, ele estava a citar outrem) "não se sonha de barriga vazia". introduzir qualidade na construção que não a tem é como educar uma criança: são permitidos todos os sonhos de que aquele ser possa atingir a sua plenitude.

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