sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

magoo, you done it again



o meu filho adora o mr magoo.

para pessoal menos vivido, é um personagem animado, velhote cheio de genica, que tem como principal característica ser vesgo a 99%, e "ver" tudo diferente. ou seja, ele vê coisas diferentes das reais. por exemplo, está a falar para uma cobra no jardim zoológico e a "ver" nela uma antiga colega de escola, com quem conversa. é engraçado, mas nada de profundo, apenas piadas simples. o gustavo adora, diz que ele é um tolo (confesso um gosto pessoal por o ouvir rir das personagens de que ri, em puto).

aproveito o mr magoo para escrever acerca de pessoas que criam para si realidades paralelas.

toda a gente tem direito a ter a sua própria perspectiva de vida. direito e responsabilidade. logo, se é a perspectiva e vida de cada um, quem está fora não tem nada a dizer. mas isto é meu, escrevo o que quero. e hoje escrevo generalidades, provocações ligeiras.

ora quando alguém recria uma realidade, normalmente fá-lo para evitar existir na realidade real (generalidades, ainda, não faço nenhum juízo, nem digo que haja apenas uma realidade real). acontece que há pessoas tão desfasadas de coisas tão evidentes (para as outras), que parecem viver num mundo à parte.

porque me apetece, e sem critério (tenho critério, mas não o tenho de explicar), dou dois exemplos:

um (pensavam que ia escrever o primeiro, aposto), o de uma pessoa frágil e insegura, incapaz de se aceitar, que tem de negar-se a evidência da sua fraqueza, e inventa-se como pessoa poderosa, desejada e invejada (dizem que uma mentira repetida mil vezes se torna verdade, com muita gente produz efeito);

o segundo (agora estavam à espera de o outro, enganei-vos outra vez), o de uma pessoa que se recusa a acreditar no mundo como ele é, mesquinho, merdoso, e o recria, na convicção inabalável que há seres que são mesmo humanos (chamam-nos loucos, doidos, por vezes acrescentam varridos).

a realidade é que quem tem perspectivas à magoo não tem necessariamente de as ter piores que as "reais". mas como os extremos se tocam (oh, se tocam, como se tocam, os extremos), muitas das realidades "magooianas" são absolutamente insuportáveis entre elas.

não era para fazer lógica, mas para quem fez, sabe do que estou a falar.

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