terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

máscaras



não escrevi de natal nem de ano novo, na época deles. é mais fácil escrever de frutas, na época delas. mas hoje vou debruçar-me sobre máscaras, e claro que está relacionado com carnaval.

não sou grande admirador da época, não acho piada às meninas nuas, em cima de carros decorados, debaixo de chuva e frio. soa-me aqueles bares de strip, onde fazem lap dances, mas não se pode tocar nas moças (pá, confesso que nunca fui a nenhum, mas já vi na tv, coisa mais parva). é como ouvi dizer a uma adolescente: "elas põem no forno a aquecer, para outras comerem".

no brasil faz mais lógica, está calor, e quem aquece é quem come
. toda a gente come, parece (também nunca fui, mas mais depressa me apanham lá que num strip bar).

há em portugal algumas tradições engraçadas e fundamentadas (algumas), a dança dos cus (cabanas de viriato) ou os caretos (podence, trás-os-montes e lazarim, beira interior). deve haver mais, mas desconheço.

e o carnaval dos miúdos, genuino. eles estão sempre a fazer de conta, mas nesta altura podem fazê-lo com máscaras e tudo.

depois há o carnaval de veneza! isso sim, é festa. há mistério e sedução. e história: consta que no tempo dos doges já era possível andar mascarado, e dizer o que se queria a coberto da máscara. mais verdades diziam as bocas das máscaras que as das pessoas. e é aqui que quero chegar.

o que me revolta nas máscaras é que impedem as pessoas de o ser (pessoas). torna-as imagens, aparências, enganos, distantes. e dependem da máscara para ser isso, que já é menor do que seriam sem ela.

não me incomodo com alguém que trate da sua aparência, nem que use máscaras. muitas vezes, torna tudo mais apetecível e excitante. mas não pode deixar de ser quem é, de "se" ser (e qualquer decoração, por mais importante que seja, é secundária). se a máscara anula a pessoa, está errada.

o carnaval dos putos é genuíno porque não deixam de ser quem são, com as máscaras. já repararam no prazer que eles tem em retirar a máscara e responder "sou eu, pai, enganei-te", quando perguntamos quem é aquele palhaço, cãozito, whatever...

se a máscara acrescenta à pessoa, certo. se a reduz a uma aparência, errado. o julgamento é meu.

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