segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

pré-conceitos, anjo




durante muito anos tive-me como uma pessoa livre de preconceitos, e gostava disso.

como sou um ser racional (apesar de homem, masculino), e por ser um assunto que sempre me foi importante, acabei por evoluir no meu conceito de preconceito, e na minha atitude perante ele(s).

se analisarmos a palavra, preconceito é um conceito prévio, um pré-conceito. é algo que concebemos antes de saber, em função de experiências vividas e/ou apreendidas. basicamente, é uma demonstração da nossa cultura, uma sua aplicação.

por exemplo, se me falarem de uma mulher atraente, eu imediatamente a imagino atraente para mim (pés bonitos, pescoço descoberto, nariz personalizado, sorriso enigmático, gestualmente expressiva). não a imagino branca, asiática ou negra, alta ou baixa, decotes profundos ou não.

mas se calhar, quem me falou de tal mulher e me disse que era atraente, nunca lhe viu os pés, porque se ficou pelo decote, não lhe apreciou a amplitude do gesto porque estava concentrado no que vestia, etc, etc, etc.

o exemplo, básico, masculino, demonstra a questão de experiências culturais diferentes, na elaboração de um pré-conceito simples.

qual o mal dos preconceitos, então? porque ensinamos os nossos putos a não ser preconceituosos? será que há pré-conceitos bons ou maus, e é dos maus que temos de os acautelar?

claro que há pré-conceitos maus!

mas também aqui se trata de uma questão cultural: em minha casa, não entra racismo, sexismo, homofobias, falta de gentileza, por exemplo. mas anda-se descalço e de boxers, pode-se cantar à mesa, as crianças podem interromper conversas, e outras coisas que outras pessoas, que não são piores que eu (pelo menos por isso), banem de suas casas, aceitando as (ou algumas das) que eu bano da minha.

para mim, o verdadeiro problema com os pré-conceitos é outro, que não o serem bons ou maus.

o mal está em viver com os pré-conceitos, em lugar de os utilizar como o que são, pré.

voltando ao exemplo da mulher atraente, por ser básico, masculino e simples, basta dizer que posso achar (e acho) atraentes muitas mulheres que não correspondem ao meu pré-conceito de beleza feminina (ou seja, o meu pré-conceito não me impede de olhar aquela mulher como ser único).

igualmente, algumas que a ele correspondem não o são de todo (atraentes para mim), por outros motivos (que, culturalmente, irei adicionar ao pré-conceito que tenho).

ou seja, errado é ter os pré-conceitos como regra de vida em lugar de ferramenta inicial de apropriação de outros lugares, pessoas ou conceitos. isto, mais que uma questão cultural, já é uma questão de inteligência, afirmo eu.

2 comentários:

  1. Tanto que teriamos para falar sobre preconceitos ... entre as garfadas de caril....

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  2. podes deixar uma opinião, fica como aperitivo. que pré-conceitos tens?

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