sábado, 10 de janeiro de 2009

olarias



outro dia falei de gestos (antes de descarrilar). hoje falo de mãos, e do que são capazes de fazer.

é muitas vezes com as mãos que primeiro sentimos fisicamente (excluindo o cheiro, a visão, a audição, como parâmetros físicos) o outro(a). sentimos-lhe o cabelo, acariciamos gentilmente o ombro, brincamos com o nariz, tomamos o pescoço antes dos lábios, ou até, em dias de extravagância, massajamos os pés (semi-) descalços de alguém generoso(a).

mesmo os contactos posteriores, muitos ou poucos, excelentes ou sofríveis, quentes ou frios, doces ou ásperos, necessitam também das mãos para acontecer (não carece de elaboração, seguro).

mãos são ainda um excelente veículo de produção gestual, porque permitem introduzir detalhes na descrição que fazemos.

é esta predisposição das mãos para o detalhe que me encanta, acho. nem preciso dizer que estou a escrever com as mãos... nem que foram elas que montaram a linha de comboios do post anterior (dois pares de mãos, um mais preciso e coordenado, outro mais aventureiro e descuidado).

pois hoje de tarde tive uma divertida e doce desilusão. as mãos aventureiras que mencionei antes não parecem ter qualquer talento para moldar barro (e eu que me já imaginava pai de artífice)... bem, é continuar a deixa-lo crescer livre, ele há-de ter um talento qualquer especial com as mãozitas, saia ao pai ou à mãe...

1 comentário:

  1. Talvez seja uma dia sem inspiração, porque a experiência que tenho com o nosso pequenote, é que até tem jeito para moldar e a motricidade também vai melhorando com o crescimento. É um rapaz habilidoso para o desenho e a tocar instrumentos musicais, já deve bastar :)

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