sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

relações seguras



no sentido, prolongadas, "garantidas". escrevo de relações pessoais, de casais.

para muitas pessoas, algo que sabem (estão convictas) irá perdurar é uma mais valia, estará relacionado com estabilidade e ela ser algo bom. por contrapeso, numa análise simplista, há quem se esteja a zero para a durabilidade da relação e apenas a aprecie na intensidade. não estando nenhuma das perspectivas errada, eu incluo-me nesta mas hoje escrevo daquela.

uma relação duradoura é atreita a rotinas (mais que atreita, tende a viver delas e delas funcionarem para ambos ou não), rotinas que têm de absorver as transformações pessoais de cada parte (em comum e em separado), pelo que também as rotinas serão evolutivas, e terão sempre (ou quase) de funcionar para ambos. parece difícil e é, e será essa dificuldade, associada a outras relações importantes extra-casal (pessoais, profissionais, familiares, culturais) que terminam a durabilidade.

(esta dificuldade não se coloca em quem vive isto pela intensidade, porque quando ela não existe (mais, ou se percebe nunca foi honesta), been there, done that, gone out. e vamos amar (para) outra alma).

acontece que a durabilidade dura muito (daí ser durável), atravessa muitas fases de cada um dos componentes do casal (com novidades que podem ser custosas de engolir), e, muitas vezes mais duro, implica convivência permanente com aquelas características "quase" insuportáveis dele(a). seguro que se criam e gerem espaços non penetrare, mas mesmo assim é difícil, porque sempre é sempre, e nunca é demais. é teso.

o outro lado da moeda é a segurança e a estabilidade, a vantagem de não ausência de um nome por quem chamar ou em quem confiar compreensão. não sendo uma mais valia de per si, a estabilidade é uma qualidade valiosa em muitas circunstâncias. o facto de não ter de (re)descobrir o outro (ou ter de o ir fazendo de bases de conhecimento já abrangentes) permite direccionar atenção para outros aspectos, estejam eles relacionados com o casal ou com cada um dos componentes.

ando a derrapar no que escrevo, o que quero escrever é: quem quer pêssegos sobe ao pessegueiro, sabe onde apoiar os pés, fincar os dedos, de que lado eles são mais saborosos. vai apanha-los fácil, porque conhece a árvore, mas não vai comer senão pêssegos, aqueles pêssegos, daquele pessegueiro.

nada contra apenas comer pêssegos (e isto tem ramificações), tomara eu ter pessegueiro que me saciasse, inteiro (excepto ramificações) mas facto é que deve ser (é) possível que a durabilidade esteja na intensidade e não na estabilidade.

que, sempre que se olha para o lado, à noite, na cama, para o rosto a descansar na almofada vizinha, se veja sempre uma pessoa que queremos e sem a qual não conseguimos viver. se for sempre a mesma pessoa, melhor, não temos de aprender a viver sem aquela sem a qual não conseguiríamos viver.

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