quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

can



época de can (campeonato africano de nações, futebol, este ano em angola). significa futebol no seu melhor, com o mínimo de negócio e máximo de prazer possíveis no mundo moderno. em nenhum outro local do mundo a vida será tão pura e alegre como em áfrica (pré-conceito meu).

isso acontece porque quem o pratica e quem o usufrui é puro, simples, ligado à terra e aos espíritos da natureza, e futebol realça o que de mais as pessoas têm: lá, a pureza e alegria, cá, a disputa insana. é por as pessoas serem assim que são abusadas, lá, como em nenhuma outra parte do mundo (é afirmação grande, mas julgo que correcta, no geral).

pessoas abusadas é terrível, mas abusadas pelos irmãos, é intolerável. em nenhuma outra parte do mundo há ditadores tão abomináveis como em áfrica, nem na américa do sul. nem será a parte pior (porque é consequência e não causa) mas a ostentação que o abuso gera é estúpida em absoluto: como justificar pessoas que gastam muitos milhares de euros em roupa e adereços quando poucas centenas salvariam irmãos seus? suponho que não conseguem ver fraternalmente, protegidos por vidros à prova de bala de carros de luxo.

voltando ao can, sem deixar os abusos: antes de se iniciar a competição houve um ataque, dos separatistas de cabinda (de alguns, parece que já separados dos separatistas) à comitiva do togo. pessoas morreram, outras profundamente feridas, tal como a prova.

habituados à dor, mesmo nos momentos alegres, as pessoas seguiram. agora seguem os jogos, as suas selecções, os seus sonhos, porque lá, mais do que cá (talvez tanto como em todas as regiões pobres), é necessário aproveitar todos os motivos para sorrir e ser irmão do irmão.

já deixei aqui as afinidades da minha alma com a alma russa e com a sul e centro americana, mas nenhumas dores me doem mais que as de áfrica.

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