sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

misérias em perspectiva



escrevi outro dia que, por vezes, olho para trás e sinto que andámos para trás. a ilustrar a afirmação, estava um vídeo da amália, que falava de um portugal atrasado e doloroso.

por vezes releio-me, e acerca dessa afirmação, fiquei com vontade de elaborar:

não é que aprecie as dificuldades da vida antiga, a falta de confortos, a falta de segurança, a falta de conhecimento, a falta de respeito pelos direitos dos outros (aqui ainda vivemos todos (mundo) no passado), a escassez de comunicações, as insuficiências sanitárias (humanas e urbanas), a falta de liberdade.

acontece que com todas estas coisas tão disponíveis, hoje, ninguém as valoriza. a mim soa ridículo que alguém faça um drama pelas coisas que hoje em dia são "dramáticas", como a chuva num feriado, alguém que tenta passar à frente na fila do supermercado, um carro mal estacionado, um telefonema com publicidade agressiva, uma reacção menos entusiasta de alguém a algo que fizemos para o(a) entusiasmar, a gripe a.

hoje em dia falta perspectiva, olhar para as coisas pelo valor que elas têm, sem lhes acrescentar só para que fiquem interessantes e nos possam absorver, de modo a não termos de olhar para as miserinhas de vidas que levamos. e que levamos por não olhar para elas, para o que elas precisam de ter e ser para deixar de ser miseráveis.

não me parece complicado apreciar os confortos actualmente disponíveis sem deixar de olhar a vida de frente. aliás, o facto de estarem tão disponíveis liberta-nos para crescermos no mundo dos princípios, das ideias, dos sonhos. e a quem não liberta, devia libertar.

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