sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

abalo



ontem, mais ou menos por esta hora, uma da manhã, estava aqui sentado e a casa tremeu. comecei por sentir algo estranho no telhado, como se um gato muito grande estivesse a passear-se sem autorização, e depois tremeu o chão, a mesa, o candeeiro.

foi um abano ligeiro, penso. passou depressa, coisa de 15 ou 20 segundos, não deixou marcas físicas, nada caiu, nada partiu. foi também a minha primeira experiência consciente de tremor de terra, porque nunca tinha percepcionado nenhum, até ontem, por esta hora, uma da manhã.

duas coisas acerca: eu vivo num terceiro andar, alto, de um prédio com estrutura de madeira (que, face a abalos ligeiros é extremamente eficaz). muito alto para se cair, em caso de derrocada. eu e a minha mania de viver por cima dos outros......

a outra, um paralelo entre abalos terrestres e abalos sentimentais: há quem os faça, eu não me recordo de alguma vez os fazer. não fico abalado quando sentimentos me atingem, será mais um sentimento de mergulho, ou, quando não sou eu a mergulhar, uma sensação de ser envolvido por uma onda. não sinto abanar, sinto envolver e ser envolvido.

é uma questão de perspectiva, e a perspectiva é muito.

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