segunda-feira, 1 de março de 2010

a beleza pelo click



uma coisa engraçada acerca de fazer fotografias é que isso denuncia o nosso estado de espírito e/ou relação com o mundo.

acerca das fotografias que deixei hoje no facebook, disseram-me que as acharam deprimentes, porque conheciam os locais e vê-los agora,
assim, dói. eu discordei, porque quando as faço, olho para aspectos positivos no meio do abandono. não é uma perspectiva romântica, é uma visão que procura encontrar motivos para apreciar coisas e locais onde outros deixaram de acreditar.

mais, já me disseram que por eu a ver bela, há quem se sinta bela. beleza existe em quem a vê, então? se sim, onde está a real posse da beleza, no admirado(a) ou no admirador(a)? em ambos(as)? existe posse de beleza? isso é importante?

aprofundando, beleza está nos olhos que a vêm ou na alma por trás deles? porque se for percebida na alma, a beleza não pode ser menosprezada (tenho de dedicar um bom pedaço de tempo a este).

joshua beloniel, que uma amiga me recordou hoje, fazia fotografia de usos, retratava uma realidade de modo franco. não era fotografia romântica nem de mero registo, porque os temas, meramente registados, eram já românticos (pelo menos hoje entendemo-los assim).

se fotografarmos uma pessoa ou um local e percebermos um carácter bom nele (alegria, coerência, dignidade, honra, coragem, franqueza), mesmo que numa forma má (medo, raiva, abandono, degradação, inveja), isso configura arte? porque escolhemos aquele tema, e para revelar o quê?

focando bem, procurar coisas boas onde outros desistiram é uma das minhas perdições.

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