quinta-feira, 10 de junho de 2010

luís vaz, de portugal



um dos orgulhos que ainda mantenho em ser português tem a ver com o dia nacional estar associado a um poeta, em lugar de uma batalha, conquista ou marco democrático.

luís vaz foi homem de armas, amores e versos, e (d)escreveu nos lusíadas o portugal mais nobre que se pode ler. apesar dos séculos de distância, é mais fácil encantar-me pelo que escreveu um homem assim do que pela maioria dos heróis de hoje, que vencem dentro dos sistemas instituídos.


amor um mal que falta quando cresce

aquela fera humana que enriquece
a sua presunçosa tirania
destas minhas entranhas, onde cria
amor um mal que falta quando cresce;

se nela o céu mostrou (como parece)
quanto mostrar ao mundo pretendia,
porque de minha vida se injuria?
porque de minha morte se enobrece?

ora, enfim, sublimai vossa vitória,
senhora, com vencer-me e cativar-me;
fazei dela no mundo larga história.

pois por mais que vos veja atormentar-me,
já me fico logrando desta glória
de ver que tendes tanta de matar-me.

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