quarta-feira, 2 de junho de 2010

definição de arte



há uns dias esteve cá em casa um amigo de muitos anos. fomos colegas no liceu, altura em que eu não tinha sorte (arte) nenhuma com raparigas (o que não importa para o que vem a seguir, fica de desabafo).

fomos colegas no 10º e 11º anos, na vertente de belas artes (penso que se chamava área E), e foi por essa altura que começamos a iniciar-nos nas teorias da arte, que se davam à data muito standartizadas (talvez ainda seja assim, talvez nunca tenha sido e eu é que as percebi assim, ou hoje percebo que as percebi assim).

recordo que uma definição que davam para diferenciar arquitectura de escultura era o facto de esta não ter função, enquanto aquela, para além da vertente escultural, tinha de satisfazer uma necessidade funcional (mais tarde, na faculdade, ouvi a um arquitecto famoso uma excelente expressão da importância da funcionalidade na arquitectura: é o grau zero, sem a qual esta não existe, sendo que tudo o mais
, para além da funcionalidade, é que torna a arquitectura realmente admirável e usufruível (boa palavra)).

voltando ao assunto, desde os nossos tempos em queluz, o conceito de arte evoluiu exponencialmente (na realidade, já era muito mais evoluído do que eu aprendi na escola, por isso, para mim, exponencialmente). hoje arte manifesta-se de mil maneiras diferentes, com diferentes suportes, durabilidades, culturas, tudo que se possa imaginar diferente e mais diferenças ainda.

foi depois de jantarmos, damos os dois por estar a discutir o que se pode classificar, ou não, arte, sem chegar a consenso nenhum.

para mim, arte é algo que é produzido com intenção objectiva e propositada de provocar emoção, sentimento, pensamento, dúvida, conforto ou desconforto, independentemente de durabilidade, eficácia, abrangência (sendo todos estes (e outros) factores características da peça artística, mas não a incluindo ou excluindo como peça artística), podendo estar ou não associado a uma função extra-arte, mas, se estiver, tendo uma componente de acrescento a essa função, acrescento que existe apenas com as intenções que definem uma peça de arte.

chego a um ponto em que arte se me assemelha
um conceito muito próximo de comunicar, provocando. ando a pensar nisto.

5 comentários:

  1. Bloguei isto há 2 ou 3 semanas:
    A arte, a meu ver, deve causar uma sensação forte, de preferência agradável. Cada vez vejo mais “arte” morta de sensações, desprovida de sentido. Talvez seja a nova “arte” abstracta. Imagino o que as pessoas sentiram ao verem, nos anos cinquenta ou sessenta, um quadro branco com uma pinta azul no meio. Será que é o mesmo que eu sinto ao ver a fotografia de uma árvore com um quadrado cor-de-rosa pintado por cima numa parte do tronco? Isto é arte? É beleza? Transmite algo de interessante?
    Estarei a ficar velha ou a arte anda escangalhada?
    Há com cada parvoíce a que chamam arte hoje em dia. Exemplo: a fotografia de uma caixa de papelão explanada no chão com vários frutos em decomposição por cima. Chama-se “Fruit Still Life” e é de Elspetu Diedrix, de 2008. Lembrem-se deste nome! Ele pertence, sem dúvida, a um grande artista (… not!).

    E a foto está aqui:
    http://rosa-louca.blogspot.com/search?q=subjectivo

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  2. não concordo que a arte deva transmitir algo de preferência agradável (porque elimina muitos assuntos, perspectivas), mas já concordo que há quem use o desagradável como caminho fácil.
    acerco do escangalhada(os), acho que a arte reflecte e propulsiona o mundo, que anda mais escangalhado que nós, parece-me.
    o post era mais acerca do que pode ser considerado arte (em definição de parâmetros simplistas), sem penetrar na questão de arte "má" ser ou não arte.

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  3. Então na tua opinião arte má também é arte? Nunca tinha pensado nisso.

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  4. digamos que está no limiar, algo como um ser humano que se desumanizou (porque todos nascemos humanos, e alguns se escangalham, sendo que a arte já é válida ou inválida de nascença).
    um ser humano despojado de humanidade tem os mesmos direitos que os inteiros, mas será que pode denominar-se humano?

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  5. e a questão do "má" tem muito que se lhe escreva.....

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