sexta-feira, 8 de outubro de 2010

não perguntes, se não queres que te minta



por estes dias li um livro em que um casal utilizava o lema do título, ambas as partes do casal.

é ficção, mas o assunto é apresentado como sendo necessário e suficiente que exista verdade de sentimento, não sendo necessário verdade de conhecimento factual. isto foca na valorização do conhecimento emocional do outro e na desvalorização do passado, história, traumas ou percurso.

mesmo imaginando que mais tarde venha a ser necessário atender à parte prática do conhecimento (nome, história, percurso), até que ponto pode ser viável a relação (d)escrita no livro? é mais "pura", certamente. será até mais profunda. não descarto o conceito, porque não há real mentira, há um desvalorizar de certas verdades, e um realçar de outras.

há exemplos bastos (filmes, textos, lendas, músicas) de relações assim, assentes num sentimento e mais nada, sem qualquer apoio ou zona de conforto em questões factuais ou afinidades de conhecimento ou práticas.

há anos atrás defendi, numa divergência com um amigo, admirador de biografias, que se conhece melhor um autor pelo que escreve, filma ou musica de ficção, porque a verdade de uma alma não é factual, mas melhor definida por sonhos, medos, desejos, ideias.

é fácil escolher em que perspectiva custa menos ser mentido: custa menos que nos mintam no que fazem do que no que sentem (não?). mas será suficiente que nos sejam sinceros (e versa) nas emoções e desejos?

eu inclino-me que sim, e o blogue é meu.

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