terça-feira, 23 de abril de 2019

amor não pesa


















(e não prende)

hoje é capaz de ser comprido, porque sei do que quero escrever, mas ainda não sei tudo que quero escrever acerca, e sinto que vou patinar um pedacito.

hoje não escrevo de paixões, nem luxúrias, nem desejos, nem necessidades, que sendo sentimentos muito bons, frequentes, moderadamente satisfatórios, não são o assunto disto.

num livro (talvez n"o medo", talvez noutro), al berto descreve um amor e o seu final (tremendo, como todos os amores e finais têm de ser) que teve com um rapaz mais novo e belo. naturalmente, o rapaz acabou por se enamorar por outro amor. al berto ficou destroçado, "para morrer", e em conversa com uma amiga, conhecedora do desamor, esta diz-lhe que não se atreva a matar-se, porque o rapaz, que lhe deu tanto (em qualidade) não merece viver o resto da vida com o peso duma tal morte na alma.

nunca se deixa de amar alguém que se ama, não há fim. ainda amo a primeira mulher que amei, e vou amar até que doença ou morte me aniquilem memória. e as outras três entretanto, até que doença ou morte me eliminem memória, pelo tanto (em qualidade) que me deram e que eu lhes dei, pelo que plantámos e colhemos em corpos e almas que não eram alheias, e nunca poderão ser. e é felicidade (admirável) ver em mim e nas pessoas que amo(ei) frutos dessas sementes que deixei nelas e que deixaram em mim.

e gosto (de certo modo, preciso) de saber que estão felizes, mesmo longe. e quando posso levar um doce, fazer um cariño, provocar una sonrisa, levo e faço e provoco. amar alguém é levar-lhe bem, e deixar que ela nos traga bem, sabendo que, trazendo-me bem, isso a faz feliz, e a alegria é maior duas vezes.

e tenho dever de ficar e estar bem, porque elas não precisam viver a vida com a minha desgraça às costas. e dever de ficar bem é estar limpo, decente, capaz, leve, because tomorrow might be my good news day, e já devo isso à mulher que amar a seguir (para toda a vida).

alturas houve, antes de começar a amar, em que a vida me era pesada. o que acrescentei (e mudei) com esses amores (e não só, sendo franco) é o saber viver leve, e levar leveza a quem amo.

porque amanhã vai ser um dia bom para amores, e posso ver alguém  que me salva a vida. outra vez.

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