segunda-feira, 3 de outubro de 2011

des-escrição de virgílio, táxista na terceira














(tenho escrito tão pouco que já nem sei onde é o botão de nova mensagem)

hoje vou iniciar uma série dedicada a pessoas com quem me cruzo, ocasionalmente, ciclicamente ou constantemente. o motivo pelo qual as escolho para as des-escrever terá a ver com alguma particularidade que os des-escritos tenham e que eu ache des-escritível.

e para começar poderoso, ladys and gentleman, without further ado, i present, virgílio, táxista na ilha terceira.

virgílio tem 67 anos e trabalha no táxi há coisa de 40 e tal, desde que deixou o serviço militar ("força aérea", diz de orgulho). tem 4 filhos (dois casais), todos orientados, menos a mais nova, que está a caminho de se orientar com um rapaz do continente, que vive e come lá na casa do virgílio, a quem ele quer deixar a carteira profissional (quando se reformar, mais dois anos, para se dedicar à pesca), mas a quem falta acabar o 9º ano (ao futuro genro).

o meu táxista tem 7 ou 8 anéis de ouro nos dedos das mãos e anda com a carteira cheia (no sentido absoluto, exagerado) de notas de 10 € e 20 €, coisa que reparei e comentei, "...se não seria perigoso?". virgílio riu bem, mostrou o ouro nas mãos e no peito (outro tanto) e disse que sempre era assim e nunca tinha sido assaltado, por fazer o horário diurno. eu inclino-me mais para o look de guerreiro cigano e desenvoltura no trato, mas o motivo é irrelevante.

gostei do homem ainda antes de ele me cobrar menos euro e meio que a tabela, e fiquei-lhe com um cartão. agora, virgílio, mais que táxista, passou a meu motorista particular (muito ocasional, mas ainda assim, particular).

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