sábado, 21 de março de 2009

moinhos e gigantes



ontem vi um quixote diferente, uma espécie de quixote 2, em animação, donkey xote.

é divertido, não está mal feito, é uma leitura actual a que nem falta a noiva que casa por interesse, e a dulcineia, numa estética recente de heroínas apetitosas (exemplos não faltam, a rita do "por água abaixo" é a que recordo sempre, mas veja-se também a colette do "ratatouille", ideal feminino mais palpável, a substituir a barbie, gosto eu de pensar) justifica a loucura do cavaleiro da triste figura.

o quixote original, muito mais precioso, é uma torrente de loucuras, delírios e realidades dolorosas que nunca vencem. retrata duas épocas, aquela em que foi escrito, moderna à data, e a época retratada nos romances de cavalaria, que tenta ridicularizar.

curioso como grandes feitos, muitas vezes, resultam de tiros ao lado, assim de repente, lembro também a chegada do colombo à índia. estes espanhóis eram doidos...

o que mais gosto nele, no quixote original, é a capacidade para caracterizar personagens, capacidade de ir ao âmago delas, sem rodeios e sem máscaras.

depois, confesso, sinto uma empatia tremenda com o fidalgo da mancha. a fé num mundo regido por leis de cavalaria, onde os vilões (nem que sejam imaginários) pagam as favas, as donzelas são puras (esta parte, dispenso...) são salvas e retribuem com amores eternos, cada homem de honra se bate sempre que tem (julga ter) motivo, mesmo que seja em desvantagem, contra gigantes (ou moinhos), e os amigos são leais e dedicados. e principalmente, ainda que caia mil vezes na realidade, a expensas mesmo de ossos quebrados, se levanta de novo e continua a acreditar no sonho.

uso muitas vezes a expressão "já não há mulheres assim" (um dia ou noite faço post acerca do assunto), mas a verdade é que já quase não há quixotes, e fazem falta.

http://www.youtube.com/watch?v=UL-lKb6CtNg

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