venho escrever de gentileza. é característica que adoro, acho até que me faz tanta falta como o oxigénio.
já tinha mencionado o facto amiúde, noutras linhas de raciocínio, mas hoje escrevo focado nela.
não me perco com pormenores, segurar portas ou dizer obrigado (não estou a desvalorizar estes detalhes, mas quero focar-me noutros aspectos). gentileza está aqui como atitude de vida, forma abrangente de nos relacionarmos com os outros. por oposição, está rudeza, grosseria, e, de certa forma, má educação.
tenho para mim que para se ser gentil é necessário juntar duas coisas: querer e ser capaz. querer ser gentil é uma opção consciente de vida, uma escolha, que tenho como sublime (opinião pessoal); para se puder ser gentil, é necessário ser poderoso, tremendamente poderoso (não poderoso de dominador, poderoso de inabalável). já estão a ver a importância que a questão tem para mim.
há pouco fiquei a saber de onde vem a expressão ciao, que uso muito. é uma expressão que significa um cumprimento, mais frequentemente um olá, e que usamos como adeus. pois ciao é uma abreviação/corruptela de sono il suo schiavo, que em italiano quer dizer: sou um seu escravo, criado. é esta atitude de nos colocarmos ao dispor dos outros que chamo gentileza. e para colocarmos algo ao dispor de outros, convém que seja algo que valha a pena, e que o façamos de forma desinteressada, genuína.
já rudeza é o inverso, e advém de atitudes e capacidades inversas: pessoas escondem incapacidades com a sua rudeza, grosseria. incapacidade para ser doce torna as pessoas amargas, e invejosas de quem é doce. ameaçar alguém é uma incongruência, se há algo a fazer, faz-se, não se ameaça. insultar outra pessoa, mesmo que houvesse razão, é descer degraus. são coisas de pessoas fracas, mesquindads.
a imagem que ilustra o post é um fotograma de um filme de animação, le roi et l'oiseau, de paul grimault e jacques prévert, década de 1980. a personagem na imagem é um robô gigante, feito pelo rei para fazer maldades, mas que, no decurso de uma luta, tem os seus controles tomados pelo pássaro (que simboliza o ser humano, livre), elimina o mal e adquire consciência gentil. não costumo dar conselhos, mas neste caso, aconselho o filme.
para se ser gentil, é necessário este poder http://www.youtube.com/watch?v=zTjqgB0gNBU&feature=related
p.s.- escrevo isto em sequência de comentários ao post anterior, já devem ter lido. há duas atitudes, perante aquilo: desprezar ou rir a bandeiras despregadas. calhou estar bem disposto na altura, já me agradeceram por isso. mas por natureza, desprezo aquilo, pelo que, a partir deste post, inclusivé, não voltam a ler comentários indelicados neste blogue.
O mais fantástico nos filmes de animação é a forma como se prestam às metaforas dos sentimentos mais puros, e como tal os que mais definem a humanidade (ou o deveriam fazer).
ResponderEliminarNo excerto que colocas, é fantástico ver o todo poderoso robot a ter a gentileza (gesto sublime) de soltar o mais frágil dos passaros.
É uma pena que o cinema de animação não faça parte do curriculum das crianças.
Como (penso que) sabes, um grande amigo comum está a «batalhar» no sentido de introduzir a disciplina de cinema a nivel nacional. Ele tem feito um trabalho a todos os niveis notável com os miudos. Um dia destes tenho que te passar o link do blog dele.
manda o link do félix, posto aqui
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