sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

mudanças



já não faço há algum tempo, mas é coisa de que gosto basto. aquela cena de macho, pegar nas coisas pesadas, organizar, arrumar, disso não gosto nada. do que gosto é de ser eu a desenrascar sempre a carrinha para as coisas grandes (e de a conduzir...), e do prazer que costuma provocar a minha disponibilidade. mas desta vez não é preciso carrinha...

as últimas que fiz, foi para um terceiro andar, sem elevador. na altura o sário ajudou (foi a modos que iniciação ao estágio... um abraço, rapaz). na véspera das mudanças, fui busca-lo ao aeroporto (não sejam maldosos, já lhe tinha dito ao que vinha), e fomos comer uma francesinha a gaia. ele dizia que tinha comido uma e não gostou muito, mas aquela, jasus! tava de lamber o prato, ficou fetiche gastronómico. depois fomos ao cais, esvaziar uns copos (eu prefiro o lado do porto, mas a menina não quis), para ganhar ânimo. e no dia seguinte, trabalho de escravo...

mas vale sempre a pena. de cada vez que alguém se muda, ganha sonhos novos, deixa coisas para trás (boas e más), mas leva para o local novo só as coisas boas (se for esperto(a)).

um arquitecto, que não valorizo muito, dizia (e escrevia, acho), com pipas de razão, que as pessoas deviam ir mudando de casa, várias vezes. concordo.

porque isso lhes permite conhecer várias formas de viver, e para se fazer escolhas há que ter conhecimentos, para fundamentar as escolhas. suponho que a partir de certa altura, tendo essa informação, não é muito prático continuar a mudar muitas vezes, porque as pessoas são recolectoras, e vão acumulando tralha (tralha está aqui no sentido vasto da expressão), o que torna as mudanças mais demoradas (e sobretudo mais pesadas).

de certa forma, essas experiências habitacionais podem extrapolar-se para as relações pessoais. nada contra amores imberbes (mesmo nada, nadinha), até se pode acertar à primeira (há gajos com sorte, e aqui é mesmo sorte, se depois ficarem com a pessoa já é mérito). eu sou adepto de experimentar, conhecer, entender. e dar-me a isso, também, porque se na casa é uma experiência com um sentido, numa relação pessoal tem os dois.

tal como há uma altura em que escolhemos a casa e modo de vida (não tem de ser definitivo, escolher sem prazo, sem pensar que estamos de passagem, ali), também quando estou com alguém, e alguém comigo (não tem de ser para sempre, mas estamos para construir) sabemos que estamos por opção, porque queremos mesmo o
(a) outro(a), e não porque é o que há disponível, e logo se vê, e tal.

como cantava a dietrich... ah, a
dietrich... que bem se devia morar na dietrich... http://www.youtube.com/watch?v=FVlOBmipVvs

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