ontem aflorei os fluxos, são a minha perspectiva do mundo.
tudo flui, percursos que serpenteiam, se cruzam com outros, se misturam, e por vezes, depois, se separam.
por vezes estagnam, e quando estagnam por muito tempo, insectos e podridão. mas se apenas param para recuperar, ganhar alento sem estagnar, então, mesmo parados, também fluem.
e há as pontes, que geram fluxos sólidos, que se cruzam com os líquidos, sem lhes tocar, materialmente. pontes unem margens, e permitem novos fluxos. e novos fluxos é muito bom.
e os lagos e as praças, onde vários percursos se juntam, para conversar. e as barragens e as camas, onde se juntam e se potenciam, energeticamente.
a velocidade do fluxo é importante, e o controlo que temos dentro do fluxo que percorremos também (quem desceu um rio sabe-o). saber se estamos no fluxo certo, ainda mais.
a música e as histórias também fluem.
e também há as lágrimas, fluxos de dores que a alma tenta expulsar, docemente.
relações também são fluxos, com a particularidade de serem fluxos complexos, porque tem mais de um pulsar, mais de um percurso. uma relação existe quando dois ou mais percursos se compartilham. não se fundem, não se anulam, apenas seguem o seu natural percurso a par do(s) outro(s). se se anularem, pesarem, deixa de haver percursos, e estagnam. insectos e podridão, há que sair.
alguns fluxos são cruéis, mesmo que sejam válidos: o percurso de uma flecha, mesmo que justa; auto-flagelação, mesmo que vise salvação futura. noutros, é a velocidade que é cruel: um amor que vai sem o amarmos totalmente; uma viagem de comboio que não dura o suficiente; um amigo que morre novo; um sonho parvo que acaba em divórcio.
lisa ekdahl é uma menina romã, cuja voz flui de maneira única. ladies and gentleman, "cry me a river". i've cried a river over you...
http://www.youtube.com/watch?v=Qls7jLoS4nA&feature=related
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