o mundo é um processo evolutivo. há décadas atrás, e durante décadas, o processo do mundo equilibrou-se belicamente entre o capitalismo ocidental (maioritariamente americano) e o comunismo soviético. depois, houve mudança, um dos pilares ruiu com um muro e o capitalismo venceu.
recordo que na altura tive dificuldade em readaptar-me, reposicionar-me. a estrutura das pessoas está relacionada com o mundo em que acreditam, e quando ele abala, elas tremem (aconteceu-me várias vezes, ao longo, a mais recente com lhasa).
passado o impacto, o mundo continuou miserável: uma sociedade crente de ser um farol foi iluminando locais pontuais, enquanto todos os outros (e mesmo muitos dos iluminados) degradavam. e eu deixei de vez de acreditar em ideologias e blocos, para ficar encurralado com as pessoas, indivíduos.
mas não deixo de aceitar que a ordem do mundo afecta todos, em escalas e tempos diversos, mas afecta. e a ordem é uma sociedade aprisionada no capitalismo, e não no comunismo. o resultado é que o ideal de liberdade (pensamento, expressão, decisão) teria vencido o ideal socialista (igualdade, fraternidade, comunitarismo).
mas não, porque o processo é evolutivo. de repente (não tanto, porque é um processo, mas quando percebemos, ele já evoluiu basto, e parece-nos de repente por não termos percebido antes), o capitalismo (ocidental, no ocidente todo) faliu: por incrível que pareça, toda a gente está endividada, desde o mais infeliz dos indivíduos, que não consegue pagar a prestação da casa e do flatscreen, até aos bancos e multinacionais de todos os ramos.
e, surpresa, quem aparece com a solução? a china (e a índia, e o brasil, e outras potências económicas emergentes, mas acima de todas, a china). a china, qual banco dos endividados, tem a solução: se não pode pagar, vende, porque nós temos dinheiro para comprar.
não deixa de ter algo de consolador assistir a quem nos faliu falir, mas é inócuo. de que adianta se o mal atinge os outros, em simultâneo connosco?
é uma simplistificação, porque o mundo é evolutivo (china incluída, não só no emergir económico, mas também (muito mais lentamente e pelos errados motivos) nos direitos humanos) e há valores que sobrevivem independente de serem ou não utilizados (sendo que por sobreviver são garante de disponibilidade para ser utilizados no futuro), mas é caricato que seja a china com o seu socialismo capitalista a vencedora final.
bem, até ao próximo vencedor (há quem aposte em obama, eu inclino-me para que seja uma mulher, e mais que michelle, coloco esperança numa atitude à angela merkel (com todos as suas insuficiências)), bien entendu.
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