segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

primeira(s) vista(s)



as pessoas são engraçadas, no início de materializar um encanto: fazem por mostrar o seu melhor perfil, esconder ou neblinar o pior, puxam da auto-confiança, real ou auto-infligida, falam do que sabem e mostram o que têm, avançam sonhos que não são realmente capazes de sonhar mas acham belos de contar.

o objectivo é atrair e capturar (ups, cativar), semear desejo em quem se deseja já, de modo a colher em breve, criar fundamentos em cima dos quais construir, escadas que se possam subir, quartos com vistas.

e é mútuo, tantas vezes é mútuo, e sabe bem a mutualidade de ver o(a) outro(a) enaltecer-se de volta.

mas também é falso, por vezes fica o azedo de mentira, porque se há quem se enalteça de modo genuíno (sem se alterar, como os pavões, que não deixam de o ser só porque mostram o rabo colorido, mas o são por isso mesmo), há quem o faça por auto-desgosto (criando imagem adúltera).

ora, não existe amor à primeira vista, à primeira vista só existe encanto, atracção, paixão (ui, estas), porque amor implica conhecimento e conhecimento implica olhar e ver, muitas vezes e cada vez mais fundo.

eu acho tão mais saboroso e eficaz sermos nós logo de partida, e percebermos o outro logo de partida. penso que torna mais fácil que o encanto não desencante.

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