uma vez, um padre (que aprecio, são muito poucos, porque conheço poucos e a maioria não aprecio) disse-me que a melhor proposta de mundo é(era) a da fé católica (a expressão não foi exacta, mas o sentido foi este). a conversa acabou ali, porque eu estava para tratar de outro assunto, mas hoje, ao ler umas coisas no facebook, lembrei-me do padre joão.
eu tive uma religião católica, fui à catequese (umas poucas de aulas, só recordo que a água é muito importante ao mundo e é deus que no-la dá), mas tudo aquilo me soava desajustado, cada vez mais, com a maior capacidade de percepção que vem com o crescimento. nunca tendo sido crente católico, ficaram-me princípios e a sensação de que aquilo a que o padre joão se referiria, muitos anos mais tarde, é apenas um tremendo desperdício.
em seguida, adolescente, houve alturas em que me considerei comunista, pelo conceito, mas a prática é insuportável (não se pode ignorar as consequências práticas dos conceitos, mesmo que mal aplicados, escrevo eu). outro desperdício, pelos mesmos motivos.
julgo que em consequência, dei por mim humanista (apesar das consequências, mais suportáveis) e descrevo a minha fé (simplisticamente) como agnóstica.
o problema do humanismo é o desperdício de a maior parte dos seres (humanos) não o praticarem. tal gera uma necessidade de complementar humanismo com "algo", não que se lhe sobreponha, mas que se lhe associe, como um porto sereno em tempos (frequentes) de tempestade.
ora, existem crenças cuja estrutura e objectivos e fundamentos (pelo pouco e ligeiro que lhes conheço) me são atraentes, que seria possível utilizar com "algo" de complemento, mas receio que uma aproximação por alguma ideologia teológica me diminua o humanismo. porque, sejamos francos, é difícil compatibilizar fé em deus e no homem (ainda para mais se houver também uma mulher, uma cobra, uma maçã, uma tarte de pêra e/ou umas sandálias, oh paraíso)
felizmente, e por mérito meu, tenho encontrado "algos" desses, em seres humanos particulares, para os quais olho não como parte da humanidade em geral, mas como representantes da humanidade no seu expoente (uma perspectiva elitista, envergonho-me, mas sou eu).
isto tudo para escrever que me considero teologicamente fora.
verdade verdadinha, suponho que escrevi isto tudo para escrever algo, por não escrever há uns dias, coisa de vício. felizmente, e por mérito meu, tenho estado envolto em seres humanos especiais.
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