quinta-feira, 12 de novembro de 2009

graffitis



eu viajei muitos anos na linha de sintra, morava na amadora e estudava em lx. na estação da damaia (hoje desactivada) estava escrita, num muro velho, branco a letras negras, a frase "não haverá paz para os ricos enquanto não houver justiça para os pobres".
já calhou em conversa com outras pessoas falar da frase, e elas também a recordarem, de percursos repetidos.

desactivada a estação, os comboios continuam a lá passar, o muro ainda lá deve estar e a frase talvez também. não estando, podia, porque continua actual.

há coisas que a mente humana guarda, indelével. suponho que terei 80 anos e não me recorde de mil coisas marcantes na minha vida, mas desta frase duvido me esqueça.

guardei a frase porque adequada a uma necessidade que acho necessária ao meu mundo ou percebi a necessidade do mundo por causa da frase (entre outras coisas, claro)?

depois, tornou-se frequente ver desenhos coloridos de graffitis, tanto nos muros como nos quins, com o nome dos artistas. é uma expressão que não me cativa, porque raio há-de ser necessário a alguém afirmar onde esteve? eu percebo, mas desgosto, prefiro quem afirma existência com gestos, factos, acções. por exemplo, graffitis que provoquem desassossego. ou, mais difícil, sossego.

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