quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

s. jorge



para os que não sabem, nos dois anos anteriores passei vários períodos nos açores, principalmente na ilha de s. jorge. razões profissionais, estive a dar formação e algumas coisas mais.

são ilhas fascinantes, belas de morrer, apesar de alguns estragos humanos. mas o verde, e as vacas, e o som dos cagarros...

pois eu, nas ilhas, vivi alguns encantos. uns são pessoais, íntimos, pessoas que adoro. de outros dois posso escrever a seguir.

como escrevi, dei formação. era um sonho por concretizar, dar aulas, ensinar, passar coisas a miúdos, e nunca se tinha proporcionado. mas a vida tem tendência a ser generosa para aqueles que se dão e correm riscos, acho...

alguns dos meus rapazes (não tenho certeza acerca de alguma rapariga, eram menos) vem visitar-me aqui. falo com eles ocasionalmente, por vezes metem conversa por nada, outras para tirar dúvidas técnicas. sim, cresceram (eram muito garotitos, quase todos) e estão a ganhar responsabilidades, e confiam na minha ajuda. tenho orgulho do que conseguiram, no conjunto, e de ter feito parte desse crescimento.

tive pouco tempo para me despedir da ilha.

por uma sequência de circunstâncias, que envolveram noitadas na escola a trabalhar com alunos, só comecei a despedir-me quando uma doce amiga me abraçou, final do último dia na escola, olhos a humedecer, vais e já não voltas. depois jantei com a turma toda (só faltou a sofia, apanhou o barco), fizemos uma borga tamanha, há quem diga que me viu chorar...

mas do que eu mais sinto falta é do mar.

sempre adorei mar, cresci perto dele, praias da aguda, magoito, azenhas do mar, zona de sintra. mais tarde, costa da caparica, praia da adolescência. mais recentemente, apaixonei-me pelo mar da costa vicentina (e pela comida, pela aventura, pela música, e
pelos amores que lá amei).

mas não há mar como o dos açores. as poças, no fim de um dia de trabalho, nadar com amigos, ou com encantos, ir comer um peixito depois, ver o sol deitar-se. as almoçaradas nas fajãs, companhia simples, gente boa (muita da gente não é assim tão boa, mas a vida tem tendência a ser generosa comigo).

não conseguia viver lá, mas aquele mar falta-me profundo.

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