quando comecei a trabalhar, depois de terminar o curso, tinha muitos fins de tarde como o da tarde de hoje: muita conversa com clientes, comezainas e álcool. eu vinha rapaz imberbe, aquilo batia-me fundo, muitas vezes mal jantava, não do álcool, mas da comezaina.
entretanto, tornou-se cíclico, de ciclos longos: grandes períodos sem, seguidos de grandes períodos com, ciclicamente. andava sem ao tempo, hoje foi com, mas não vai começar ciclo.
foi bom, porque foi com pessoas de que gosto, e acabei a rever um fulano que faz bacalhau como ninguém, que não via (a ele) e comia (ao bacalhau que ele cozinha) há muito. algumas pessoas gosto de rever, porque também gosto de estar longe delas tempos prolongados. bem.....
nestas circunstâncias, uma coisa que aprendi foi a falar basto, sem nunca dizer nada importante: é importante participar activamente (em tudo, risos), sem deslargar (é largar, mas cá por cima, aliás, ao centro, dizem deslargar no lugar de largar, o que é parvo, mas dizem, e eu repito porque disseram e me apetece) a contar o que não devo.
nestas circunstâncias, e porque tive mestres nelas que fui aluno de aproveitar, a coisa corre quase sempre bem. alguns dos melhores negócios em que entrei começaram em (ou passaram por) uma mesa. acho que é porque as pessoas se soltam, depois de alguns copos e confraternização, e fazem propostas ou comentários que desbloqueiam situações complexas.
isto está longe de ser regra, nem sequer será maioria, mas será seguro um facto digno de análise, até porque extravasa para outros âmbitos, e é dessa análise que o post escreve:
desagrada-me que as pessoas sejam elas próprias, livres de convenções sociais, bloqueios sentimentais ou calculismos negociais, apenas depois de uns copos de vinho ou outros desinibidores. por mais divertidos que sejam, e podem ser muito, não deveriam ser necessários para uma alma ser a alma que é.
porque não há modo melhor que alguém que vem a direito, nu(a).
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