há perto de dois meses atrás, uma senhora que mal me conhecia, confrontada com o facto de eu não lhe fazer determinada vontade, acusou a minha palavra de nada valer. isto foi por telefone, desliguei e não voltei a aturar a dita. nada de importante, porque, como escrevi, a senhora não me conhecia e que me rala o juízo que possa fazer de mim quem não me conhece?
isto é acerca de confiança, a qual implica conhecimento, compreensão, e pode ser visto de várias perspectivas:
a primeira, mais intrigante para mim pelas implicações que tem (que ficarão para post futuro, acho), é de que pode estar alguém a jurar a pés juntos determinada coisa e sabermos ser mentira (toda a gente conhece gente assim....). ora, num caso destes, é de confiar na mentira da pessoa, uma espécie de confiança negativa. como escrevi, tem implicações.
depois, a questão da mutualidade: é agradável quando se confia em alguém; é doce quando confiam em nós; é um conforto quando as confianças são simultâneas, logo, mútuas. mas não é necessário nem que haja reciprocidade, nem que haja coincidência no tempo dessa reciprocidade, existindo. não sendo necessária, é mais confortável quando acontece nos dois sentidos.
por fim, as fases da confiança:
a confiança é um meio de conhecimento em simultâneo com um efeito de conhecimento. quer isto escrever que, para confiar em alguém, é necessário saber o que esperar dessa pessoa, e ao mesmo tempo que, confiando no que esperar dessa pessoa estamos a demonstrar conhecimento dela (certo ou errado).
confiança (da positiva), então, vem com conhecimento. mas, como cantava ray charles (aqui em cover) acerca de dinheiro atrair dinheiro: how did you get the first is still a mystery to me?
para escrever uma coisa engraçada, a primeira manifestação de confiança será provavelmente resultado de auto-confiança (if you don't trust yourself, who can? and if nobody can, why even care reading? drop it), para dar é necessário, entre outras coisas, ter. e querer.
depois, com igual importância, é preciso a outra pessoa igualmente querer. e ser capaz, o que, parecendo fácil, é teso.
por fim, a perda de confiança, à qual se pode aplicar mais ou menos tudo o que escrevi sobre confiança, mas em sentido inverso.
eu tenho para mim que perder confiança em alguém é, por vezes, resultado de um acto estranho ao carácter dessa pessoa, que conhecemos. desse acto ser de tal modo desagradável à pessoa que ela prefira perder a confiança de outro, em lugar de dar a conhecer esse acto negativo. ou, não preferindo, ser incapaz de ultrapassar o desconforto de expor a realidade.
a parte agradável disto, é que há pessoas com quem nunca se perde nada, quanto menos confiança. a desagradável é que, perdendo a confiança de/em alguém, bem, perdemos(-nos d)essa pessoa, seguro.
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