uma coisa que me preocupa nos adolescentes de hoje é a disponibilidade para usarem símbolos e seguirem modas sem saberem o que significam. os adultos também seguem modas de modo imbecil, mas dão-se ao trabalho de não olhar para o que estão a fazer, são casos mais ou menos encerrados, enquanto os adolescentes, em idade de fazer opções, embarcam em muita coisa para fazer parte dos grupos que acham cool.
o exemplo disto que mais me danava (já pouco dana porque deve ter saído de moda) eram as t-shirts com el che. guevara lutou e matou e morreu pelo livre pensamento, por uma sociedade independente do capitalismo (e consequente consumismo), mas para os catraios, era só símbolo de rebeldia. contra quê, que importa?, era cool e basta.
apanhei hoje, de uma fonte no facebook, uma fotografia com texto que apresenta uma explicação para o início da moda actual de rapazes com boxers à mostra. não sei se é fidedigna, mas é credível.
claro que há coisas que nascem com um sentido, e depois o sentido muda, porque passou a ser usado com outro sentido, há casos até em que o novo sentido é tão ou mais rico que o original (originalidade é um capital, mas não o é em absoluto).
é um acto cultural de cada geração utilizar os símbolos que quiser, e com o significado que quiser, mesmo que seja vazio. claro que essa opção vincula a geração e os membros que nela se integram. do mesmo modo, e por opção, é um acto cultural de cada indivíduo integrar-se nos ícones da sua geração ou opor-se-lhes.
a mim não incomoda as calças descaídas, sejam em meninos ou meninas. já incomoda alguma terminologia (porque sei que o meu filha a usa ou vai usar), mas faz parte, come-se. acessórios à parte e bottom line, continua a ser uma luta diária pelo livre pensamento, pelo direito à individualidade, mesmo que ela seja maioritária. como em todas as lutas, escolhe-se o lado da barricada onde nos sentimos confortáveis. essa escolha, como todas as outras, vincula-nos.
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