terça-feira, 23 de novembro de 2010

não à greve, de ideias



e como o governo é uma merda, faz-se greve. ao trabalho.

numa coisa já produz efeito (lá está a produtividade a funcionar), o governo vai finalmente dar atenção ao povo e ouvir-lhe os gritos de protesto. mas o governo, sendo desonesto e biltre, não é estúpido, vai afirmar que quem greva, tendo todo o direito (lá estão os direitos) a grevar, não está a ajudar o país, que está tão mal de finanças e mais os encargos de um dia sem produtividade e mais a intranquilidade e mais o resto que é mau, bem, as pessoas deviam ir trabalhar, o seu trabalho normal.

eu não sou contra greves (sou contra governos, em geral), nem escrevo do direito a grevar, é um direito adquirido, mas não me parece que produza efeitos, esta greve (não levem a peito o cartaz da cgtp, foi o que encontrei, mas o que escrevo vai geral, não só para os sindicatos ou esta central em particular).

porque o mundo mudou, e se os inimigos são os mesmos (são quem tem abusivamente), os modos de agressão são muito diversos. e parece-me ridículo que venham sindicatos reclamar aumentos salariais quando nem emprego há. e parece-me ridículo que venham pessoas bem intencionadas propor e participar numa greve que não tem a mínima possibilidade de resultar em nada, porque o orçamento não tem margem para isso e o fmi está aí. ah, é claro que o governo, que quando podia gastar, gastou com os seus, agora que nem para os seus tem, vai dar a todos.... ser ingénuo é aceitável, isto não é.

se não grevar, que fazer, então?

ficar de braços cruzados a falar não resulta nada, sabemos de experiência deles cruzados
há anos (talvez seja a novidade de uma greve geral que a torne atraente), porque somos povo de costumes brandos.

pilhagens e agressões não soam bem, porque este não deverá ser caso de "se não podes vence-los, junta-te a eles", e de agressões já temos calos que cheguem.

esgotadas as soluções de cartilha (si, de cartilha), vamos analisar outras ideias, de outras perspectivas. aliás, vamos analisar o problema apenas de uma perspectiva, mas diferente, vamos colocar as perguntas: "qual o problema, quem o provoca, que afecta as entidades que provocam o problema, de modo a deixarem de o provocar?".

o problema é o facto de o governo não governar para o povo, antes para os lobbies dos poderes económicos (banqueiros, especuladores, traficantes), que o elegem.

quem provoca o problema são os beneficiados pelos governos (nacionais e centrais), as entidades que lucram com a governação praticada (sem plural, é só uma).

como afectar essas entidades, de modo a que seja um mal menor para elas o facto de o governo governar também para o povo? um conceito que me parece promissor é: criar prejuízo a essas entidades, que almejam o lucro, relacionando ostensivamente esse prejuízo deles com o nosso.

nesta altura, é fácil pensar: "pois, nós, infelizes, sozinhos, como nos vamos opor a bancos, e pactos atlânticos, e empresas de ratings, balanças comerciais com países poderosos, multinacionais com produtos apetitosos, e a "quem paga, manda?". do mesmo modo que se faz uma greve: em geral, juntos, todos (pelo menos muitos).

um aspecto que salta à vista, é que as entidades que realmente governam são multi qualquer coisa, ou seja, tem milhares ou até milhões de clientes (ou utilizadores, ou utentes). nós. todos juntos.

uau, eles precisam de nós, se não de todos, pelo menos de muitos. vendo bem, até podemos ter impacto. do mesmo modo que os lobbies elegem governos (através do voto do povo) e, por força deste poder, se servem deles, nós podemos ter impacto, por força do facto de sermos a massa enorme que torna a actividade mesquinha brutalmente lucrativa (por massiva). se a massa utente for menor, o lucro massivo deixa de ser massivo.

por absurdo, pode deixar até de ser rentável ! que conceito do caneco, a exploração do povo deixar de ser rentável ! isso levaria a que o povo não fosse explorado. ah, doce utopia de um povo livre *suspiro profundo*.....

bem, isto já vai longo, e ainda não deixei ideia nenhuma: eric cantona foi jogador de futebol, doido varrido, e aparece num vídeo com uma ideia deliciosa; outra ideia que já li em variantes várias, seria atacar objectivos precisos (não comprar gasolina em determinada gasolineira, abandonar telemóveis (ou outras telecomunicações) de determinado operador, por exemplo) (solução já aplicada aquando dos produtos indonésios, por causa de timor, com resultados animadores, promissores se aplicados a escala mais abrangente) (aqui coloca-se a questão de quais as entidades a ser atacadas, questão relevante); haver uma votação em que nenhum voto fosse válido (nenhum, desde brancos, a nulos, a abstémios, nenhum), de preferência a nível europeu; entupir determinado site de empresa lucrativa com reclamações, abusar de uma qualquer das poucas clausulas contratuais em contratos com essas empresas (são poucas mas existem, porque as empresas contam que não sejam exploradas massivamente, apesar de nos explorarem massivamente); atacar sites, baralhar informação, eliminar contactos de email para publicidade massiva ou desviar-lhes fundos e distribuir por entidades não governamentais, limpas; estão a ver as ideias?

basicamente, a minha proposta é: vamos fazer algo que seja eficaz, que produza efeitos, que deixe marcas duráveis, que demonstre o poder que temos, enquanto povo inteligente, criativo, indomável *suspiro ainda mais profundo*, em lugar de fazermos o mesmo de sempre, com mais ou menos barulho e propaganda ou festa. vamos fazer algo produtivo em vez de pararmos a produtividade (é que não sei se se sente assim tanto, porque não produzimos muito).

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