terça-feira, 9 de março de 2010

pme's



à escala de pormenor:

tenho uns clientes que, há anos, tiveram uma decisão grande em mãos: tinham de decidir se avançavam para uma obra importante (moradia grande em zona rica, com execução de estrada e outras infra-estruturas), à escala deles, com o que isso implicava de investimento, ou aguardavam por circunstâncias mais favoráveis (que passavam por adiar a obra e "obrigar" um loteamento confinante a, por necessidade, lhes fazer a estrada a custo zero, o que lhes pouparia entre 85 e 100 mil euros).

a escolha parece simples, mas havia um grão de areia: juros
associados ao negócio (pela aquisição do terreno).

juros são, a par de despesas com o estado (impostos e segurança social), a maior dor de cabeça (e de tesouraria) das pme's. ora, havendo juros, o verbo "esperar" adquire outros contornos, e, contra a minha opinião, decidiram avançar para a obra com o argumento de "não ser possível suportar estes juros dois anos".

resultado, três anos mais tarde, por burocracias e erros próprios, a casa continua por vender, a estrada quase feita mas por acabar, e o crédito sobre o qual vencem os juros aumentou em cerca de 250 mil euros (valor investido na execução das obras). resumo, se suportam os 250 mil euros extra por 3 anos e pagar a estrada, é evidente que suportariam pagar os juros associados à aquisição da parcela por 2 anos (e que ainda lhes limparia a despesa das infra-estruturas).

isto para escrever que ser arrojado perante dificuldades pode compensar, se associado a perspectiva e análise.

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à escala de país:

há ainda mais anos atrás, o país teve um primeiro ministro que se elegeu elevado num conceito de choque fiscal (perspectiva arrojada, apoiada em análise coerente). eleito, afirmou que o país estava de tanga e não havia choque que o salvasse, pelo que se seguiu uma directriz "tradicional".

muitos anos (e algumas legislaturas) depois, o país está pior, desemprego a crescer, empresas a falir, despesas do estado com compensações sociais a aumentar, gente a falar de bancarrota. a solução é um pec, que, basicamente, tenta reduzir as despesas de compensação social e aumentar as entradas na tesouraria pública.

eu sou meio leigo em economia (até na minha), mas parece-me que se se tem feito o tal choque fiscal (que não seria suportável, sendo que se comprova que uma situação ainda pior o é), haveria menos empresas a falir, menos desemprego e, consequência evidente e previsível, menos despesas do estado em subsídios sociais.

na realidade, olhando a balança, tínhamos num prato empresas que pagavam (muito) menos ao estado e contribuintes que pagavam (muito) menos ao estado, com uma produtividade normal (eventualmente até acrescida em função de algum desafogo financeiro), e no outro prato da balança empresas que faliram e não pagam nada, mais cidadãos que, não só não pagam, como ainda recebem do desemprego, tudo isto com produtividade zero.

isto para escrever que ser arrojado perante dificuldades pode compensar, se associado a perspectiva e análise.

1 comentário:

  1. Não é preciso ser economista para perceber de economia, basta ser inteligente , e isso tu és Amigo.
    Concordo plenamente com a tua analise, pena não haver ninguem intteligente que queira indireitar este País...

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