tive um professor na faculdade, de que já escrevi aqui, carlos coelho, que uma manhã, chegando basto atrasado para a aula (ocorrência única durante o ano todo (às aulas que eu fui, certo, não tenho amostra abrangente)), entrou na sala, deu uma desculpa rápida, género "venho já, vou....", e voltou a sair. ao regressar, enquanto acabava de secar as mãos, disse com humor sereno "querem um conselho para a vida? não comprem um fiat uno", e depois começou a discutir os trabalhos que levávamos.
na altura achei piada, mas mais tarde percebi quanta razão ele tinha.
eu comecei a conduzir muito tarde, vinte e muitos (porque me conduziram até essa idade, e eu sou muito bem conduzido, por vezes). o primeiro carro que conduzi, tcham tcham tcham, um fiat uno cinzento. aconteceu-me quase tudo com ele (e com um suzuki samurai, uns anos depois. cheguei a conhecer quase todos os rebocadores da cidade de coimbra, em determinada altura).
a coisa mais engraçada contei hoje a uma amiga, coisa de rir por demais. como me lixaram a noite, outra vez (época aberta de barbaridades), e para cumprir o you see me laughing just to keep from crying, conto aqui a história do fiat inflamado. segue em baixo....
ia eu de viagem para a capital, que gostava de fazer de noite (ainda gosto), tinha acabado de pagar a portagem de alverca, engato a primeira, meto a segunda e já nem cheguei à terceira, porque o fiat perdeu força e começou a fumegar doido. encostei à berma, ainda no garrafão da portagem, noite escura e, burrice (as que faço calham bem, tantas vezes), abro o capot. era fogo por todos os lados!
eu sem extintor, decidi pegar em terra e atirar para cima do motor (genial), deito a mão ao chão e nem um torrãozito, terra rija como cimento. olho para as chamas, ainda na mesma, nem mais nem menos, e, bem, génio puro, decidi soprar (é verídico). soprei e o fogo apagou quase todo, coisa fascinante. soprei uma segunda vez, e tudo extinto. afinal, foi o motor que aqueceu, incendiou os resíduos de óleo e estava a alastrar, mas sem ter atingido o depósito (aqui, reconheço, foi sorte).
claro que o fiat não andou mais essa noite (de per si) e foi rebocado, a muita velocidade, cril abaixo. o rebocador cortava as faixas todas, na descida, ia da da esquerda para a da direita, e de volta, fez aquilo quase em recta (são só curvas). de certeza foi lição de medo, porque o uno nunca mais deu problemas a chegar a lisboa (para evitar repetir aquele rebocador, há carros com personalidade), e passou a dar apenas em coimbra e figueira (onde, uma noite, esteve cerca de meia hora a ser empurrado sem se mexer um milímetro, para, quando estávamos quase a desistir, se deixar mover docemente.....).
fiquei de contar isto, está contado. calhando, ainda inicio ciclo (longo) de histórias pessoais com automóveis, que fazem parte do meu património pessoal......
Não deu problemas em Lisboa contigo. Porque comigo.... eu até dormia mal a pensar se o raio o do carro ia funcionar ou não.
ResponderEliminarUma vez parou a maisoumenos 1 km do Moreira. Fui a pé até lá, voltei para chamar o reboque como ele me indicou, fiz 5 telefonemas até conseguir contactar a companhia de seguros, meia hora à espera do reboque, e quando chego à oficina do Moreira, pegou como se não fosse nada com ele...
há personalidades assim, desarranjadas
ResponderEliminarlol, lol, lol
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