quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

conselho para a vida



tive um professor na faculdade, de que já escrevi aqui, carlos coelho, que uma manhã, chegando basto atrasado para a aula (ocorrência única durante o ano todo (às aulas que eu fui, certo, não tenho amostra abrangente)), entrou na sala, deu uma desculpa rápida, género "venho já, vou....", e voltou a sair. ao regressar, enquanto acabava de secar as mãos, disse com humor sereno "querem um conselho para a vida? não comprem um fiat uno", e depois começou a discutir os trabalhos que levávamos.

na altura achei piada, mas mais tarde percebi quanta razão ele tinha.

eu comecei a conduzir muito tarde, vinte e muitos (porque me conduziram até essa idade, e eu sou muito bem conduzido, por vezes). o primeiro carro que conduzi, tcham tcham tcham, um fiat uno cinzento. aconteceu-me quase tudo com ele (e com um suzuki samurai, uns anos depois. cheguei a conhecer quase todos os rebocadores da cidade de coimbra, em determinada altura).

a coisa mais engraçada contei hoje a uma amiga, coisa de rir por demais. como me lixaram a noite, outra vez (época aberta de barbaridades), e para cumprir o you see me laughing just to keep from crying, conto aqui a história do fiat inflamado. segue em baixo....

ia eu de viagem para a capital, que gostava de fazer de noite (ainda gosto), tinha acabado de pagar a portagem de alverca, engato a primeira, meto a segunda e já nem cheguei à terceira, porque o fiat perdeu força e começou a fumegar doido. encostei à berma, ainda no garrafão da portagem, noite escura e, burrice (as que faço calham bem, tantas vezes), abro o capot. era fogo por todos os lados!

eu sem extintor, decidi pegar em terra e atirar para cima do motor (genial), deito a mão ao chão e nem um torrãozito, terra rija como cimento. olho para as chamas, ainda na mesma, nem mais nem menos, e, bem, génio puro, decidi soprar (é verídico). soprei e o fogo apagou quase todo, coisa fascinante. soprei uma segunda vez, e tudo extinto. afinal, foi o motor que aqueceu, incendiou os resíduos de óleo e estava a alastrar, mas sem ter atingido o depósito (aqui, reconheço, foi sorte).

claro que o fiat não andou mais essa noite (de per si) e foi rebocado, a muita velocidade, cril abaixo. o rebocador cortava as faixas todas, na descida, ia da da esquerda para a da direita, e de volta, fez aquilo quase em recta (são só curvas). de certeza foi lição de medo, porque o uno nunca mais deu problemas a chegar a lisboa (para evitar repetir aquele rebocador, há carros com personalidade), e passou a dar apenas em coimbra e figueira (onde, uma noite, esteve cerca de meia hora a ser empurrado sem se mexer um milímetro, para, quando estávamos quase a desistir, se deixar mover docemente.....).

fiquei de contar isto, está contado. calhando, ainda inicio ciclo (longo) de histórias pessoais com automóveis, que fazem parte do meu património pessoal......

3 comentários:

  1. Não deu problemas em Lisboa contigo. Porque comigo.... eu até dormia mal a pensar se o raio o do carro ia funcionar ou não.

    Uma vez parou a maisoumenos 1 km do Moreira. Fui a pé até lá, voltei para chamar o reboque como ele me indicou, fiz 5 telefonemas até conseguir contactar a companhia de seguros, meia hora à espera do reboque, e quando chego à oficina do Moreira, pegou como se não fosse nada com ele...

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  2. há personalidades assim, desarranjadas

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