"mais que obscenos, são estúpidos...", continuava o rapaz, no cume da indignação, "... se pensam que os porches e os ferraris e os maserattis lhes conferem estatuto, são completamente idiotas".
a rapariga ouvia enternecida, rendida, apaixonada, e ele continuava, "a única coisa que confere elevação humana são aspectos morais, intelectuais, valores que não se compram, imateriais, intangíveis."
a conversa prosseguiu nestes moldes minutos mais, até o rapaz serenar. de cansaço, talvez. para saborear o efeito das palavras, mais provável.
então, ela, profundamente enternecida, candidamente perguntou, em jeito de recompensa pela elevação dele: "que achas do meu piercing novo?", e mostrou o umbigo.
a resposta desiludiu profundamente o senhor da mesa ao lado, que ouvia a conversa quase tão enternecido pelo verbo dele como a menina do umbigo perfurado: "gosto, dá-te personalidade".
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p. s.- se a história anterior é baseada num facto verídico, ocorrido há anos, a que se segue (supostamente "traços humanos 3a") é a inventada continuação da conversa de esplanada (e é inventada porque o senhor desiludido na mesa do lado não acompanhou o jovem casal até casa dela, antes dos pais chegarem).....
deitados, ele observava e acariciava o piercing novo dela, no umbigo transpirado. ela observava-lhe o gesto terno e acariciava-lhe o cabelo. excepto pelas respirações ainda aceleradas, silêncio.
sexo poderoso, dramático, ele tinha gritado dois orgasmos e estava orgulhoso. ela, não tendo tido nenhum, tinha tido três.
estavam ambos muito felizes e satisfeitos, até ouvirem a chave entrar na fechadura.
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