quarta-feira, 13 de outubro de 2021

kintsugi people











pre-sciptum: i wrote i wouldn't be writing about you, and here i am...

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last night, or the night before, "kill bill 2" was on tv. sometime around the end of he movie, it goes: "the lioness got her cub back, and everything is right, in the jungle". tarantino leads you to think it's about the lioness, yet i knew it was about the cub.

so, exactly one year ago, you were not a cub no more, and everything started going right, in the jungle.

one year flew by, jungle is still crazy dangerous, but you're going. your way, your style, making me madder, but going.

you're still broke. hell, we all are. not all of us know, but i know you do.

some people hide, pretend they are amazing. some people fell ashamed (not you, no more). some people resign, accept.

some people rebel. they still error, but they error better. then much better. then, they error no more. then, they help other people error better, and so on.

this people are the kintsugi people, they know their mischiefs, but they don't just accept them, they embrace, love, need them, they know they define their souls. the way one embraces one's faults and defaults, leads to improvement, is what made each one unique, closer to the better one that each one can be, witch is to say, amazing.

i tell you "i love you" and ear it back almost every day, and it sounds common, granted, almost vulgar. and yes, it is. and that is why, sometimes, i need to elaborate, like this.

but it all goes down to, well, i love you, and i am fucking proud of you.


sexta-feira, 8 de outubro de 2021

a escora do Olívio










acerca do que a vida pesa, mas antes vou explicar o Olívio.

o Olívio, que não vejo há meses, é um carpinteiro, de estalo, e não é pior como humano: calado (não silencioso, trazia uma coluna que tocava funanás, e, menos, mornas), focado, iniciava o dia em velocidade de cruzeiro.

(eu não sou assim, mas tive um amor (daqueles para sempre) / amante / namorada que era, acordava-me cedíssimo, fazíamos amor, eu ficava a dormir, e ela, quando eu finalmente levantava, já tinha feito milhões de coisas).

voltando ao Olívio, certo dia, era dia de instalar armários altos, numa cozinha, uns especiais, feitos por medida, com frente redonda, dois deles faziam a parede toda, pesadões, com um design fabuloso.

Olívio, da minha altura, não se intimidou, e não ligou muito às minhas preocupações. tirou umas medidas, foi apanhar duas peças, cortou-as como lhe pareceu bem, e colocou uma delas na aresta das paredes.

depois foi apoiar o canto do primeiro armário, escorando-o, ali, colocar a segunda escora no outro extremo, marcar furos, furar e aparafusar. dois caga-tacos, eu e ele, fizemos aquilo sem grande esforço, só levantar e equilibrar.

voltando ao que a vida pesa, ela pesa de modo diferente a cada alma.

a mim, já pesou (de)mais, de simplesmente estar vivo implicar mero sofrimento. ainda pesa, ainda dói, mas já não só.

o que faz o "já não só", o que diminui / dilui o peso da vida, são escoras.

são pessoas, das que amamos para sempre às que passam num momento e escoram com um sorriso, ou um odor, ou uma gentileza.

são ideias de um mundo melhor, mais decente (que tanta vez parece fugir, mas nunca fora de alcance), que outras pessoas partilham.

é a arte, venha como vier.

hoje foi ler estórias de alguém, a quem a vida pesa talvez mais, talvez menos do que a mim.

e um cidadão sabe que não está sozinho, que há mais de nós. e, também por isso, continua.

a escora do olívio, prelúdio










estou a escrever isto no intervalo entre almoço e reunião com cliente, de queluz, significando: rápido, not adjusted, cru.

este blog teve várias fases, a primeira, inocente, de descoberta; depois, os pés no tecto, de tudo mal; depois, ele estava, de novo, esperança; a seguir, perdido sem escrever, sem ele; depois "ele lê esta merda|", vou escrever para ele; depois, ele aqui, não é preciso isto.

mas isto faz-me falta. ele está aqui, vida rica, mas isto faz-me falta, e vou voltar, não agora, que não tenho tempo, tenho reunião com a cliente já a seguir, mas já sei do que vou escrever, mais logo: do que a vida (ainda) me pesa, mas só mais logo.